Capítulo 1

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Maio, 2012. 
hotel Park Burak, Mendoza. – Argentina.

Fernando entrou no enorme quarto com a esposa nos braços e sorriu. Hoje era sem duvidas o dia mais feliz da sua vida. A decoração estava do jeito que ele tinha pedido, o quarto cheio de flores favoritas dela – copo de leite. O empresário colocou a mulher no chão. A empresaria levou a mão para a boca em total surpresa. Ela ria enquanto olhava ao redor. Voltou o olhar para o dele.

- isso é lindo, obrigado.

- apenas o melhor, sempre. – ele respondeu enquanto se aproximava.

O casamento tinha sido simples, apenas para famílias e amigos. Havia sido no Brasil por exigência do pai dela, já que não aceitava muito o fato da filha estar largando tudo no Brasil para viver em outro pais. E herdeira da empresa de tecnologia tinha recebido a melhor educação de seu pai para um dia assumir tudo que o magnata tinha construído, tudo isso para ver ela abrindo mão por amor. Mas a morena já tinha 28 anos e podia muito bem tomar as próprias decisões, por isso, Marcos Cesar não interferiu, só pediu para o casamento ser em casa.

Maldita hora que ele chamou o dono da vinícola para fechar negócios no Brasil. A chama entre eles tinham sido instantânea e o amor cresceu em poucos dias, como se eles já se conhecessem.

A morena passou as mãos no peito largo do marido, balançou a cabeça sair do coque frouxe que tinha feito.

- e quando podemos estrear esse quarto? – ela perguntou sorrindo esperta.

Julho, 2022
San Juan – Argentina.

Maraisa segurava firmemente a mão de Luísa . já era fim de tarde, e nas ultimas horas tudo que ela havia escutado era como sua filha estava feliz em ter a mãe viajando com ela. Ainda que a morena explicasse varias vezes que só estava ali para deixa- la, a menina ainda falava de tudo que elas poderiam fazer.

A euforia não a surpreendia. Luísa nunca tinha visto os pais em um mesmo ambiente antes, e ainda que Maraisa fosse fazer o possível para isso não acontecer, a apreensão ainda tomava conta dela. Mendoza não era tão grande assim e Maraisa não confiava em Fernando. Tinha pedido para Maiara avisar que estava vindo e só. Não precisava dar mais detalhes de quanto tempo ficaria ou onde ficaria.
Chegando na área de aluguel de carros, Maraisa se aproximou do atendente e usou do espanhol que sabia para informar que seu carro já estava separado.

- quero o carro que a aerolineas reservou para mim. – a morena falou um pouco cansada.

O senhor simpático se afastou para pegar o carro, a morena se virou para a sua mini versão e sorriu.

- está feliz em estar na casa do seu pai?

- ficaria mais feliz se a senhora ficasse lá com a gente. – Luísa respondeu a contragosto.

Antes que Maraisa pudesse responder, o moço chegou com o carro. O tempo na cidade estava fechado, o frio era intenso, típico do inverno nas montanhas. Memorias corriam na sua mente como se um filme passasse na sua frente. No fundo de sua mente era capaz de ouvir boas risadas em família, o gosto do vinho direto do produtor, o sabor dos queijos da vizinha. Porem nenhuma das boas memorias parecia superar as péssimas lembranças dos últimos anos em que esteve aqui. O inverno rigoroso parecia o mesmo de quando ela decidiu pegar a sua filha com três anos de idade e se enfiar em um avião de volta para a casa de seu pai. Sua ultima grande briga com Fernando em meio a uma tempestade de neve.

Depois de colocar as coisas no porta mala e verificar o cinto de sua filha, Maraisa se voltou para o homem, lhe dando um gorjeta.

- obrigada, senhora!  Coloquei pneus de neve para a sua ida até Mendoza.

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