HEAVEN N' HELL | rafael lange

LEVEL 2

mariana

A vida a dois é complicada.

Eu já tinha experienciado isso anteriormente, mas não da mesma forma que é com o Rafa. Ele me despertou coisas incríveis que eu nem sabia que era capaz de sentir, me fez parecer uma nova pessoa e me mostrou o que é amar. Mas temo que não tenha o correspondido de forma justa nos últimos tempos.

Já tem alguns meses que comecei a trabalhar num escritório de advocacia e isso tem sugado boa parte da minha energia. Às vezes, nem fora do escritório o trabalho deixa de me perseguir. Já perdi a conta das minhas horas extras e fins de semana perdidos.

Mas, quando arrumo um tempinho, gosto de me distrair e entrar ao vivo. Falar com estranhos, que eu nem faço ideia de quem são, rir, jogar, conversar, me faz bem. Eu me sinto leve e livre de responsabilidades por algumas horas, que seja.

Todos esses fatores me fizeram me afastar do Rafa. E me sinto muito mal com isso. Tento com meu máximo reverter essa situação, mas pareço sempre voltar na estaca zero.

Bom, a vida não é perfeita, tal qual também não sou. Faço o melhor que consigo mas por vezes não é suficiente. Isso me frustra, e me faz duvidar que ser parte de um relacionamento, é pra mim.

— Ei, levanta dorminhoco! — sorrio, enquanto ele se remexe na cama. — É sexta mas eu tô de folga hoje.

Quase como uma palavra mágica, ele levanta subitamente.

— FOLGA?! Não acredito! O que pretende fazer hoje? — Rafa me abraça, empolgado, e eu quase me derreto toda em seus braços.

— A única coisa que sei é que quero ficar com vocês, e aproveitar um dia raro como esse. — me solto do abraço, chamando Eredin e Marley ao pé da cama.

[...]

— Fazia tempo que não cozinhávamos juntos. — sorrio, saudosa.

— É verdade. Já tava com saudade de comer comida queimada por sua casa. — ele ri, e eu acompanho.

— Olha, amor, me desculpa por todos esses dias, de verdade... — paro de mexer nas panelas por um momento, fixando o olhar nele. — Sei que não tenho sido a melhor companheira do mundo e...

Sou interrompida na mesma hora pelo meu celular, tocando na mesa à nossa frente. Vejo a expressão de Rafa trocar de água pro vinho.

Era a p*ta da minha chefe.

— Oi, doutora — atendo, altamente irritada. — O que houve?

Uns minutos depois de ela descarregar tudo em mim, encerro a ligação num suspiro.

— Rafa, eu...

— Já sei, vai precisar ir acudir essa advogada meia-tigela que você chama de chefe.

Sinto a raiva em sua voz e toda sua mágoa guardada no olhar.

Sequer me dou o trabalho de dizer algo, apenas saio pra me arrumar e ir o mais rápido possível pro escritório.

Eu queria fazer diferente. Mas tem sido difícil.