24 | Paisagem

449 32 18
                                    

——————————————————

Hanna pov's:

Desci as escadas correndo, minha visão estava embaçada por causa da vontade de chorar. No último degrau, vejo meus amigos ali parados, com uma feição triste. Provavelmente eles tenham escutado tudo.

Eu via o olhar de desespero no meu irmão. Javon veio em minha direção, e me abraçou forte. Me permiti desabar em seus braços, na frente de todos, o que eu odeio, mas nessa hora nada mais importa.

Então, ainda abraçados, ficamos ajoelhados no chão e um abraço coletivo se fez em volta. Eles são as melhores companhias que eu poderia ter. Principalmente agora.

[...]

Eu fiz o almoço, mas não almocei. Fiquei a tarde toda passando pelo ao redor da casa, admirando cada detalhe.

Têm coisas tão pequenas que querem ser percebidas, mas o centro das atenções são as coisas maiores. Então eu acredito que, independente da importância ou tamanho, de qualquer coisinha, nem que seja uma pedrinha, devem ser admiradas e valorizadas.

Isso me fazia bem: Olhar para qualquer coisa, mesmo sendo uma folha entre as demais, e admirar cada linha contida nela. Eu não pensava em uma folha, e sim em uma pessoa qualquer deste mundo.

Por fim, já era tardezinha, passei a tarde sem falar com outra pessoa. Me sentei na minha rede favorita, que é de frente para a estrada coberta de arvorismo.

Então sinto a presença de alguém. Felipe estava ali, bem atrás de mim.

Felipe: Eai pequena. Não vi você indo para a cozinha, não vai comer nada?

- Não, obrigada, estou sem fome

Felipe: Sei bem essa sua "sem fome" - disse se sentando no batente de madeira em frente a minha rede

- Pois é...

Felipe: Eu queria muito, muito mesmo, falar com você, mas sei que não deve tá no clima agora.

- Pode falar. Eu só vou chorar, mas fale. Talvez eu precise - digo tentando brincar, mas logo me desanimo

Felipe: Sobre a verdade da parte dele, talvez o Miguel queria falar com você, mas eu não quero falar com você sobre isso. Eu quero falar sobre a vida. Hanna, você é uma menina tão preocupada, tão exausta, mas mesmo assim é sorridente, faz por onde para ver seus amigos felizes. Porém você acaba esquecendo de você mesma, da importância que sua vida tem. Você quer viver para os outros, não para você mesma. Eu até entendo, já passei por isso. E não se preocupe com sua vida amorosa. Não estou citando acontecimentos, estou generalizando. Hanna... Amor é só uma palavra até que alguém venha e lhe dê sentido. Não há amor sem luta, não há amizade sem desentendimentos. Você não tem só "o agora", você tem muitos dias pela frente... e haverá alguém que venha um dia e te ofereça uma galáxia inteira, quando você só esperava um único planta - o garoto falou rapidamente, mas dando algumas pausas. Certeza que aquilo saiu de última hora.

Ok, meu mundo desabou. Eu estava tão mal assim? Eu percebi que tudo o que ele falou era verdade. Eu dei um abraço bem apertado nele. Eu não conseguia falar, mas um abraço já falava falta coisa...

Sentei novamente na rede, meus pensamentos já estavam embaralhados, o garoto não estava mais na minha frente (ele já tinha entrado), eu estava tão fraca ao ponto de não ter mais força para chorar.

Ouço um barulho vindo da lateral da casa, e logo um vulto passa pelo meu lado.

Calça de moletom, blusa branca, casaco preto, boné, tênis e um skate... um skate?

Um Verão Diferente - Mason Thames Onde histórias criam vida. Descubra agora