Vitamina de Tutti-Frutti

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🌼

00:17.

00:17 foi o horário que Ramiro se pegou acordado pensando em seu loirinho... ou melhor, em seu Kevinho, ou melhor, no Kelvin. Ah, quem ele estava querendo enganar? O garoto é sim seu loirinho, seu Kevinho e seu Kelvin.

Porém, vale lembrar que os pensamentos dessa vez não lhe vieram de graça, já que o peão teria acabado de acordar de um "pesadelo", assim como costumava chamar. Mas algo pulsando em seu peito sabia que o tal "pesadelo" havia sido um dos melhores sonhos que já tivera.

Ramiro estava numa varanda, segurava um tereré e em seu horizonte, em um campo de girassóis, observava um certo rapaz loiro, baixinho, com vestes amarelinhas, brincando de pega-pega com uma garotinha que usava um vestidinho tão amarelinho quanto.

- Kevinho. Meu amor... - para ele, essas palavras haviam saído num sussurro, mas não foi bem isso, já que o garoto em sua frente o olha quase que de repente.

Seus cabelos se movimentam lentamente, seu sorriso estava tão radiante, que contagiam Ramiro, lhe fazendo abrir um sorriso tão bobo que quem visse de fora nem o reconheceria, já que sempre estampava brutalidade no olhar.

- Hm? - Kelvin que agora segurava a garotinha em seu colo, vai de encontro ao barbudo sentado na varanda.

- Papai! - diz a pequena loirinha, ela era uma cópia exata de Kelvin, mas seu cabelinho era mais encaracolado e sua pele era mais bronzeada.

- Flora sentiu sua falta, meu amor. - diz o mais novo em frente de Ramiro.

- A-Amo'? - gagueja, engolindo em seco.

Flora se joga no colo do peão e lhe conta sobre seu dia, enquanto o chamava de papai em cada início de frase. Kelvin observava carinhosamente, fazendo um delicioso cafuné em seu esposo.

Porém, as vozes foram ficando distantes e seu olhar mais embaçado. E quando menos esperava, Ramiro acordou e naquela noite não pode dormir mais, seus pensamentos vagaram para longe.

🌻

Logo cedo, não foi ao trabalho, seus instintos foram fortes ao ponto de o levarem direto ao dono de suas noites mal dormidas e já conseguia prever os xingos que levaria de seu patrão.

Parou a carroceria em seu cantinho de sempre e de repente o mais novo aparece, Kelvin parece farejar o cheirinho de seu amado de longe. Seus passos são suaves, com aquele charme e jeitinho atrapalhado que faziam Ramiro sorrir sem ao menos notar.

- Ontem saiu daqui tarde e hoje já chegou cedinho... Não consegue mais viver sem seu Kevinho, né? - passou a língua em seus lábios. Havia um leve tom de provocação em sua voz, mas Ramiro estava muito hipnotizado no baixinho para perceber.

O peão mal conseguia argumentar, o aroma que vinha de Kelvin lhe inebriava completamente ao ponto dele se perder nas palavras e deixar que o menor ganhasse com qualquer suposição. Era doce, mas um doce refrescante. É como se pegasse um balde de tangerinas e misturasse com pêssegos, morangos e amoras.

Encarava descaradamente o pescoço do garçom, imaginando como seria dar um cheirinho naquele lugarzinho que lhe parecia tão atrativo.

- Rams Rams, ei. Acorda. - Kelvin dá um peteleco na testa do mais velho, o acordando de seus devaneios.

- Êee... - rosna, ajeitando o cinto da calça. Mas provavelmente foi mais para si mesmo e seus pensamentos do que para seu Kevinho.

- Êee... - o loiro retribui o rosnado, que faz seus lábios formarem um biquinho extremamente fofo aos olhos de Ramiro, fazendo assim os dois caírem numa risadinha boba. - que foi, hein? 'Que ocê ta todo pensativo, sorrindo que nem besta apaixonado pra mim? Assim 'cê não facilita as coisas pra mim, Ramirinho. Hun, Hun, não facilita. - se encosta na caminhonete com os cotovelos apoiados no capô. Olhava manhoso para o homem, fazendo um sinalzinho de não com os dedos. O biquinho em seus lábios se faz presente de novo. Sinceramente, os dois passavam por uma luta diária entre si.

Flora | KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora