último dia da week </3
e também a one mais longa dela!
acredito que vocês já entenderam o tema que escolhi pra finalizar essa sequência de histórias. uma espécie de "songfic" baseada na música de mesmo nome.
boa leitura!· palavras: 2.959.
· morte; (descrição de) assassinato.[···]
"Eu quero confessar um crime."
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Tirou a pele dos lábios com os dentes. As mãos tremiam intensamente de ansiedade, raiva, frio, o que fosse mais justificável. Contorcia o pescoço tentando ignorar os conselhos que Anthony dizia sem fundo algum de sensibilidade, as mesmas coisas clichês que já escutou milhares de vezes antes, do terapeuta ou dos amigos. Já era madrugada, os postes piscavam suas luzes fracas sobre a ruela vazia, um deles sendo o apoio de Anthony, esse já no sétimo copo de bebida e ainda tentando fazer algum sentido nas palavras. Gal podia jurar sentir sua paciência esgotar-se fisicamente, como uma bomba-relógio programada para explodir ao ouvir um sinal: o nome "Dante".
Já estava sentado naquela calçada há ao menos 20 minutos, talvez meia hora. Ele não tinha pedido companhia, palavras de conforto, muito menos o cigarro que Rana ofereceu antes. Estava tentando parar de fumar desde que tinha começado o relacionamento com Gaspar, que não era fã do cheiro das cinzas e nem da ideia de ter que carregar um maço ou um isqueiro toda vez que fossem sair juntos. Contudo, lá estava, apagando a ponta do cigarro no asfalto.
Notando o desconforto de Gal, Anthony decidiu tentar cessar de vez os conselhos alterados da bebida.
- Só estou dizendo, cara. Tem outras pessoas. - Se aproximou um pouco mais, colocando a mão em um dos ombros dele. Agora que estava bem mais perto, podia ver o quão assustador aquele semblante na verdade era.
A postura desfeita, com os cabelos compridos jogados para frente, escondendo bem o rosto inexpressivo, que se voltava inteiramente ao chão escuro. Tinha as mangas puxadas até o cotovelo, apoiado nos joelhos, mostrando incontáveis tatuagens que pareciam ir desde as pontas de seus dedos até por baixo do tecido da jaqueta. Desenhos, frases, simbologias e a imagem da deusa do submundo no esquerdo se exibiam imponentes na pele clara sob aquela luz enfraquecida. Seus olhos mal eram visíveis na sombra.
- Eu não quero outra pessoa, Anthony. - A voz quase não saiu de tanta má vontade, soando ameaçadora e melancólica.
Não queria mesmo outra pessoa. Conhecia Gaspar desde pequeno, ambos sempre tentando chamar a atenção um do outro sem nem entender o que isso significaria no futuro. Gal adorava atrapalhá-lo nas suas leituras noturnas, fazendo questão de aumentar o volume ao máximo quando tocava Dragões Metálicos na guitarra. Já Gaspar preferia se mostrar mais inteligente nos aspectos acadêmicos, e sentia o gostinho da vitória quando Gal precisava se desculpar por alguma besteira que tivesse feito antes de pedir sua ajuda para revisar Literatura.
Mal conseguia se imaginar com qualquer outro que não fosse Dante. Das vezes que se metia em alguma briga de bar - o que era raro, mas não deixava de acontecer - era sempre Dante que enfaixava seus machucados. Em uma noite que já não estava no seu humor mais agradável, decidiram tirar sarro do cabelo longo. Dessa ele saiu com um dos olhos quase cego, mas não sem antes quebrar um nariz.
- Já te disse. - Dante passava as mãos carinhosamente pelo rosto de Gal, com o olho esquerdo enfaixado por tecido e um corte raso na bochecha. - Não tem motivo pra ficar se metendo nessas coisas. Sei que você não é fraco, mas precisa mesmo disso tudo?
- Eu já 'tava estressado antes. - Respondeu seco, quase envergonhado por estar levando uma lição do namorado.
- Não importa. Olha isso! - Exclamou apontando para a faixa que cobria seu olho. - Você também precisa de limites.
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"kill bill" | #DanGalWeek2023 dia 7 - tema livre.
Fanfictionem que Gal tem problemas tentando superar o término com Dante.