Capítulo 03| Norah

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O barulho alto do despertador me fez acordar em um pulo. Levei a mão até o celular e desliguei o alarme, decidindo dormir por mais cinco minutinhos depois de me aconchegar de novo no corpo quente de Tony, deitado do meu lado. Meu corpo estava destruído do dia anterior e eu precisava de uma boa dose de sono para me recuperar.

Tinha voltado a sonhar com sereias e Donuts quando fui acordada com um solavanco.

- Você não tinha aula às oito? - perguntou a voz que eu conhecia bem.

Abri os olhos, frustrada por ter perdido meus minutinhos do cochilo e encarei o meu amigo com benefícios.

- Tinha, não. Eu tenho - murmurei, sorrindo e me espreguiçando. - Eu ainda vou, só preciso tomar um banho antes.

Tony franziu os lábios antes de dar um sorriso besta e suspirar, mexendo nos meus cabelos e, por fim, fazendo algo que eu detestava: apertando meu nariz.

- Sinto informar que passa de meio-dia, gatinha.

O quê? Mas que merda!

Sentei-me na cama, chocada, debruçando-me sobre o corpo magro do meu amigo para pegar meu celular na mesinha, visto que parecia termos trocado de lados na cama em algum momento.

O relógio do aparelho marcava 12:15 e eu me senti muito derrotada por estar há dois dias seguidos fracassando com minhas aulas. O pior era que a de hoje tratava-se realmente de uma disciplina importante que eu não podia ter faltado, o que me deixava com mais peso na consciência.

- Você podia ter me acordado antes. - Dei um soco no braço de Tony antes de me levantar. - Merda! Ok, não vamos mais nos encontrar durante a semana!

- Eu teria acordado se não estivesse dormindo, Norah. - Ele sorriu, revirando os olhos e alisando o peito. - Não tenho culpa se você tem apego ao meu corpo e não quis me soltar.

- Vai cagar, Tony!

Catei as roupas dele do chão do meu quarto e as joguei em seus braços antes de me dirigir para a porta do quarto, mas quando fui abri-la, percebi que estava pelada e não pretendia desfilar daquele jeito pela irmandade, pois nunca sabia quem encontraria pelo caminho.

- Vai logo embora, anda! - pedi, estalando meus dedos e pegando um blusão para vestir, além da minha toalha de banho. - Ainda preciso almoçar, passar na biblioteca e depois me encontrar com um colega pra fazer um trabalho.

Senti braços de polvo enroscarem em minha cintura e me impedirem de sair do quarto. Precisei respirar fundo e contar até dez, porque se tinha uma coisa que eu detestava, era homem grudento.

- Como nós dois já perdemos nossas aulas, o que acha de continuarmos aqui no quarto e aproveitarmos um pouco mais? - sugeriu Tony.

Dei uma cotovelada em suas costelas, ignorando seu lamento, e me virei de frente para ele.

- Tenho um compromisso real - respondi, com pressa. - Vai logo embora ou precisarei te expulsar a pontapés?

- Ah, Norah, qual é! Basta remarcar.

Deixei-o falando sozinho e fui para o banheiro, tomando um tempinho para fazer minha higiene pessoal e gastando alguns minutos debaixo da ducha quente. Quinze minutos depois, ao abrir a porta do meu quarto, dei de cara com Tony deitado na cama e mexendo no celular.

- Sério? - Cruzei meus braços. - Virou carrapato?

Ele apenas riu e continuou mexendo em seu aparelho. Como eu não tinha mesmo tempo para gastar com bobeiras, apressei-me em me arrumar. Escolhi um jeans escuro de cintura alta e um cropped com estampa de girassóis, calcei meus tênis, passei rímel e gloss e prendi meus cabelos num rabo de cavalo alto.

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