Tinha sido mais um dia na faculdade de administração, e novamente minha amiga insistiu na ideia de me levar para a festa dos calouros. Eu neguei. Papai não gostaria que eu fosse e eu também não queria ir. Nunca gostei de festas, nem de nada desse tipo. Além do mais. Teria apenas bebidas e sexo lá, não é? Não quero me envolver com esse tipo de coisa e trazer desgosto para meu pai, o qual se sacrificou muito para me criar sozinha, logo quando minha mãe nos abandonou para ficar com um cara mais rico.Na época, pelo o que eu entendi, papai ainda estava começando sua empresa, não era tão rico, então, mamãe engravidou. E quando eu nasci, ela abandonou eu e meu pai, porque ela havia encontrado um homem mais rico e bem de vida. Papai ficou sozinho com um recém nascido no braço, o qual ainda precisava de leite paterno. Depois disso, papai contratou uma mulher para ficar comigo diariamente, mas apesar de sempre estar ocupado com a empresa, papai sempre via me ver e me dar atenção.
Quando cresci, seu carinho apenas aumentou ainda mais. Ele sempre me mimou com tudo, brinquedos, roupas, acessórios, atenção extrema. Apesar disso tudo, quando acabei o ensino médio, disse a ele que gostaria de fazer faculdade de administração de empresas, e bem... Ele aceitou, mesmo querendo continuar me mimando, mas eu não podia viver para sempre debaixo das asas dele. Além do mais. Papai não seria jovem para sempre, um dia ele vai envelhecer, e quando esse dia chegar, quero que ele esteja morando em uma casa beira a mar, tomando um suco de laranja enquanto lê um bom livro, sem se preocupar com nada, porque eu estarei resolvendo tudo para ele. Lógico que pretendo assumir a empresa dele, no futuro, mesmo não tendo contado isso para ele ainda. Esse mundo machista, jamais permetira que uma mulher assumisse o cargo de maior peso dentro da empresa. Mas não tem outro jeito, papai não quer se casar de novo, ou seja, sem herdeiros, e os homens nunca se interessam por mim, ou seja, sem herdeiros também Sendo assim, eu sou a sua única esperança para manter a empresa intacta
Voltando ao assunto da festa.
Para completar, minha amiga insistiu que eu devia arrumar um namorado, porque eu cai na besteira de contar para ela que eu nunca namorei em toda a minha curta vida, porque bem... Por vários motivos. Entre eles, porque os homens nunca se interessam por mim, como eu já disse. E também, porque eu estou muito focada em não decepcionar o meu pai, então procuro ficar longe de homens, vulgo problemas. E para completar, porque tenho que focar na minha faculdade. Mas... Confesso que já senti falta disso. Até mesmo já senti inveja da minha amiga, a qual sempre está contanto sobre um caso diferente que ela teve com algum homem. As vezes desejo ter algo assim também, mas então... Penso no sorriso radiante do meu pai, tão orgulhoso de mim, e acabo desistindo da ideia.
Apesar de tudo, não acho que tenho uma vida triste. Apenas é um pouco diferente de uma garota de vinte e dois anos comum.
Quando saio da faculdade, me despeço dos meus amigos e vou direto para casa, minha costumeira rotina de três meses, desde que comecei a cursar administração. Pego o trem para voltar para casa. No começo, papai fazia questão que eu fosse e voltasse de limousine, mas isso era desnecessário, então, após muita discussão, consegui fazê-lo desistir da ideia. Agora finalmente posso ir e voltar da faculdade como uma pessoa comum.
Dei boa noite para o nosso porteiro quando cheguei em casa, então, noto mais um carro ali. Grande e escuro. Papai tem visitas? Franzi o cenho, entrando na nossa grande casa. Quando passei pela porta de entrada, ouvi vozes vindas da sala de visitas. Curiosa, esentindo-me curiosamente atraída por aquela voz estranha, mas grave e gostosa de se ouvir, vou até a sala, abrindo lentamente a porta. Consigo ver papai sentado em um sofá, concordando com o que o outro falava.
- Pai? Cheguei - Anúncio, entrando na sala. Não olho na direção do outro homem, porque papai nem me deu tempo de nada, logo levantou, com um grande sorriso no rosto, caminhou até mim e me deu um abraço apertado, tirando-me um pouco de ar