Prologo

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Enzo

1⁰ de janeiro - 6 meses atrás

Despacho Ana pra ir conversar e se resolver que nem gente grande com o Luan, fica só eu e Mari na sala com um filme de comédia romântica na TV. 

— E aí?  - ela olha pra mim.
— E aí, o que? - a olho. 
— Cê vai ficar ou vai sair? 
— Lógico que vou ficar, começa logo isso aí.
  — Tá bom então.
Ela aperta o play e começamos a assistir o filme, meia hora depois ela tá chorando, nera pra ela rir? 
— Ei, calma. - passo as mãos nas costas dela.
  — Eu. - ela fala e volta a chorar. - Tô calma.
  Vou mais pra perto dela para acalmá-la, ela coloca a perna no meu colo e fico a observando enquanto ela volta a assistir o filme.  Ela está linda com o coque bagunçado e o moletom azul. As bochechas vermelhas pelo choro contracenavam com os olhos azuis. Ela nota que estou a observando e bate no meu ombro. 
— Foca no filme, coisa.
  — Claro. Volto a focar no filme e o casal tá se beijando. 
— Eu quero um amor assim. - ela comenta. 
— Assim como? - a olho novamente -  Brigando demais e depois voltando a se falar como se nada tivesse acontecido?
  — Não, as brigas são inevitáveis, ia ter uma conversa no meio, claro. Mas, tipo, sei lá como explicar, um amor tranquilo, que seja cadelinho por mim, sabe? 
— Cachorro eu já sou. - rio.
  — Ah, cala a boca. - revira os olhos. – Não, que seja pau mandado, que faça do jeito que eu gosto e me surpreenda cada dia mais. Que demonstre que gosta de mim, não só diga o famoso “eu te amo.” Que demonstre nas atitudes, que seja meu e de mais ninguém. - ela sorrir e pega uma latinha de refrigerante que estava na mesa e bebe. 
— Acontece que eu sou desse jeitinho aí que você falou. 
— Você é, só que com todas. - ri. 
— Sou é? - a puxo mais pra perto. 
— É.
  Olho pra ela e depois pra boca dela, coloco a mão em sua cintura e assisto ela morder o canto dos lábios, e é aí que eu a beijo.  Beijo com vontade, como se minha vida dependesse disso, porra, que boca gostosa, um gosto de menta com hortelã.  A puxo pro meu colo e continuamos a nos beijar.
   Nos afastamos brevemente, ela tira minha camisa, sorrio, quando faço menção de tirar sua blusa, o telefone dela toca... TAQUIPARIU.
   Ela sai do meu colo se ajeitando, pega o celular e vai pra cozinha, olho para minha calça.  “Hoje não amigão.” ajeito de um modo que eu fique confortável, porém impossível, né? Só com uma sentada de roupa e com um beijo, ela já me deixou desse jeito. Pego minha blusa que estava no chão e a visto frustrado.
Quando ela volta da cozinha age como se nada tivesse acontecido, senta mais afastada de mim e eu vou ficar no 5 contra 1 mesmo. 
  Volto a focar na TV, ela volta a chorar novamente, levanto, coloco o meu travesseiro perto dela e deito. Coloco a mão na coxa dela e fico fazendo carinho, uma hora depois o filme acaba.
  — Os dois estão muito quietos. - Mari suspeita. - Vamos lá?
— Vamos.
Levantamos do sofá e fomos pro quarto dela. 
— Não estão pelados, né? - bato na porta e grito. 
— Lógico que não - Ana responde e entro no quarto me aproximando da cama da Mari. 
— Olha a garrafa aí, cuidado pra não chutar. - Ana avisa e pergunta - Como foi o filme?
— Foi uma bosta. - sou sincero e deito na cama da Mari.
  — Tira esses pés imundos da minha cama, Enzo. - Mari entra no quarto e olha pra Ana.
—  Tudo certo? — pergunta.
— Na mais perfeita ordem. - Ana responde.
— Ótimo, têm uns pratinhos pra lavar lá. - ela avisa.
—  Eu já tô dormindo. - Ana vai pra cima do Luan. - Manda o Enzo.
— Sacanagem, hein. Não foi só eu que comi. - contesto.
—  Quem come quieto, come sempre. - Ana fala. 
— Hum... — Luan a olha.  — Tô errada?
— Esse é o lema da vida que muitos deveriam aprender! — Mari fala.
  Isso é uma indireta pra mim? Eu nunca falo sobre transa nenhuma, mas Ana concorda. 
— Tchau Enzo, bons pratos. - ela me despacha do quarto. 
Bufo e Mari puxa meu braço. 
— Levanta, anda! Deixa os dois pombinhos a sós.
   Levanto a contragosto e Mari fala que vai fazer brigadeiro. 
— Aí sim, hein. - abro um sorrisão. 
— Só come se lavar os pratos. — Mari declara e estende a mão para mim.
— Fechado. — aperto a mão dela. Mari pega a garrafa do chão e saímos do quarto. Fomos pra cozinha, ela arregaça as mangas e pega os ingredientes, eu encosto-me na pia e começo a lavar os pratos, fico balançando a bunda mesmo sem música, ela do nada encosta do meu lado e parece levemente tensa.
— Queria falar contigo uma coisa. - ela corta a caixa de leite condensado.
  — Diga aí.
— Foi um erro, tá?
— Oi? — Eu e você ali, não deveria ter acontecido. Eu só espero que não fique nada estranho entre a gente. - ela dá um sorriso forçado, mas não olha pra mim.
— Mesmo eu não achando que foi um erro e que já somos grandes o suficiente, você acha que foi, então não vou tocar mais nesse assunto.
  — Obrigada.
  Respiro fundo e lavo os pratos na força do ódio, como um erro? Eu gostei do beijo, tá legal? Eu amei o beijo pra falar a verdade, eu a amo porra e ela vem falar que foi um erro??
  Aaaaaa, tá de sacanagem com minha cara.

Erro gostoso ( Degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora