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Todas essas pessoas solitáriasDe onde elas todas são?Eleanor Rigby|Cody Fry

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Todas essas pessoas solitárias
De onde elas todas são?
Eleanor Rigby|Cody Fry

Desde que consegui a carta de transferência para minha nova faculdade que minha mãe não falava comigo,simplesmente tinha desaparecido do mapa e não respondia minhas mensagens.

Eu tentava me convencer que tinha acontecido alguma coisa para ter um motivo para não responder,ela poderia ter mudado o número do celular ou talvez não estivesse com tempo para me ligar. Mas eu sabia,lá no fundo,que ela estava me ignorando de propósito depois que eu deixei de dar dinheiro para ela financiar as merdas que ela fumava.

Eu não ligava tanto para ela,porém o motivo da minha insistência e preocupação era Benjamin,meu irmãozinho de dois anos.

Benjamin era fruto de uma de suas saídas noturnas. Não se sabe muito bem quem é o pai dele,minha mãe nunca teve o trabalho de descobrir ou se preocupar com isso,mas o que importava é que,apesar dele ser meu meio-irmão,eu o amava demais e movia montanhas para fazê-lo feliz.

Miriam era uma má influência para uma criança doce e gentil como ele,não tinha responsabilidade como mãe,sempre saía de casa para curtir com qualquer um que aparecia e deixava Benjamin às vezes sozinho em casa ou comigo. Lembro-me muito bem das incontáveis vezes que eu cuidava dele mesmo estando cansada do trabalho,não que eu estivesse reclamando,Benjamin me fazia esquecer o cansaço com um simples sorriso.

O problema disso tudo é que Miriam é uma terrível manipuladora e Benjamin era sua melhor arma,ela sabia que eu o amava e usava isso contra mim para me manipular a fazer o que ela mais queria:dinheiro. Ela usava seu próprio filho para me fazer financiar suas drogas.

Quando soube da transferência ela surtou,fez de tudo para me fazer ficar na minha cidade natal,mas,apesar de eu não querer ficar longe de Benjamin,eu precisava construir minha vida longe de suas armadilhas.

Eu esperava que,depois disso,ela tivesse ganhado um pouco mais de consciência com a sua realidade e procurasse ajuda,mas a falta de mensagens no meu celular já dizia tudo.

Miriam ainda estava com raiva,não tinha procurado um emprego e nem entrado na reabilitação,e por isso ela não me respondia,ela queria que eu voltasse a dar-lhe dinheiro em troca de informações sobre Benjamin.

Deslizei o dedo na tela do meu celular diversas vezes vendo minhas incontáveis mensagens que a tinha enviado sem resposta,e parei quando vi uma foto do Benjamin enviada para mim a muitos meses atrás. Ele brincava alegremente com uma girafa de pelúcia,o Sr.Manteiga,que ele tanto amava,seus cabelos loiros claros estavam uma bagunça só e ele sorria de orelha em orelha,seus olhinhos castanhos brilhavam para a câmera.

Morria de saudade daquela barriguinha gordinha que ele tinha.

Vejo pelo canto do olho o reflexo de uma silhueta na porta do banheiro compartilhado,não precisei olhar para saber quem era por que o cheiro de perfume de grife já dizia tudo. Desligo meu celular no mesmo instante e apoio meu quadril no mármore frio da pia.

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