2. Casa

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Eu desperto com mamãe afagando meu braço.

– Lizi, chegamos. – Ela diz carinhosa e dá espaço para que eu veja.

Eu tinha de admitir, a casa é linda. De madeira, toda branca, exceto pelas janelas, que eram cinza. Tinha um jardim na frente, uma garagem grande e dois andares. Era estupidamente maior do que nossa casa em Delville. Mesmo com essa sensação de que era errado – dado meu estado emocional – ficar minimamente empolgada com a casa, saí do carro rapidamente e fui conhecer meu novo lar.

Dentro parecia ainda maior do que do lado de fora. Dean, papai e 2 dos carregadores do caminhão, descarregavam as caixas no que logo seria nossa sala. À minha frente havia uma porta aberta, perto da escada que parecia um escritório e nossa casa em Delville tinha um cômodo igual. Charlie fez dele um quarto quando foi para a faculdade, era abarrotado de livros até por cima da cama. Eu devaneava sobre isso até que Dean apareceu com uma caixa nos ombros.

– Foi complicado, mas eu consegui um quarto que você vai gostar – ele diz e sinaliza para que eu o siga.

– Complicado?

– Sim, o pirralho jogou sujo, disse que queria ficar no quarto ao lado do meu, e o papai quase caiu nessa. – Eu sorri imaginando a cena, – mas o quarto tem uma varanda, e o papai não deixou, vou te mostrar.

Sinto alguma excitação pela ideia de um novo quarto em uma nova casa, e é por isso que saio correndo escada acima. Quando chego no segundo andar, Dean ainda não chegou, então o espero, porque sei que ele faz questão de abrir a porta para mim – faz parte do show. Ele chega, coloca a caixa no chão e abre a primeira porta logo em frente à escada.

– Esse é o seu – ele diz, e quando abre, fico alguns segundos encarando o lugar, – o meu fica aqui ao lado e o de Sam é o seguinte. Dos nossos pais fica lá embaixo.

Eu não digo nada por um tempo e Dean parece não se incomodar. Entro desviando da caixa recém colocada no chão e percorro o espaço. Não é grande, para dizer a verdade. Meu quarto na nossa casa em Delville era um pouco maior. As paredes são brancas como o restante da casa, há um closet com portas de correr, abro uma por uma. Qual não é a minha surpresa quando vejo que uma delas dá para uma suíte.

– Ei! – Dean exclama e vem em direção ao banheiro.

– Sabia disso? – pergunto sorrindo.

– Se eu soubesse, você acha que te daria o quarto?

Dou risada e continuo a exploração, ele fica parado com a boca aberta ainda encarando o banheiro, que é bem grandinho, na verdade. Um box de vidro, bem espaçoso, vaso e uma pia grande com espelho na parede.

– Isso aqui é muito chique – ele comenta e vai em direção à porta que dá para a varanda. Nesse momento eu estou entretida com um curioso (e brega) pôster que vejo pregado em uma das portas do closet. É uma pintura de Mozart tocando piano. Vou até a varanda com ele na mão.

– Aparentemente o último morador gostava de música clássica – comento debochando.

– Que horror, quem usa pôster hoje em dia? – Debocha Dean. O amasso e jogo no chão mesmo.

– Minha alma gêmea, se não fosse o mal gosto. – Brinco.

Passando pela porta branca com grade e vidros transparentes, a varanda não tem mais que 2 metros de cumprimento, e há uma escada de emergência que dá para o jardim na parte de trás da casa. Papai está parado olhando para a grama alta enquanto Sam brinca não muito distante dele. Da varanda é possível ver praticamente todo o bairro. Uma infinidade de casas, todas dispostas uma ao lado da outra. Falta pouco para escurecer, então há pessoas na rua. Vejo um casal duas ruas abaixo da nossa, com metade do corpo dentro do carro na parte de trás, não muito tempo depois tiram de lá dois bebês. Dean também os observava pois se vira para me olhar e dá um sorriso.

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⏰ Última atualização: Oct 03, 2023 ⏰

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