2: reemplazo

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Ele suspirou lentamente, tomando cuidado para não causar movimentos bruscos com seu próprio corpo; E observou atentamente o castelo de cartas que levou horas para terminar.

Restavam apenas duas das cartas que formariam a ponta e o final da pirâmide para serem colocadas.

Com as duas mãos, ele pegou aqueles cartões de papelão. Ele respirou pela última vez antes de se esticar sobre a mesa, prendendo a respiração enquanto mordia o lábio inferior.

Ele soltou as cartas quando elas estavam na posição indicada. Com os dois pés, ele se empurrou para trás, girando as rodas da cadeira.

5, 4, 3, 2, 1...

— Nem fodendo! O pai amassa pra caralho! — Comemorou extasiado com a final conquista, erguendo os dois braços em sinal de vitória.

A porta de seu escritório se abriu, fazendo com que todas as cartas da pirâmide caíssem em um instante. Ele abriu os olhos horrorizado, segurando a cabeça enquanto observava como todo o seu esforço tinha ido para o inferno.

— Não! — Quando ele olhou para o batente da porta, encontrou a pessoa que havia invadido repentinamente.

—Forever! —O moreno caminhou em sua direção, e talvez ele tivesse notado como o loiro se apressou em guardar as cartas em seu armário se não estivesse tão bravo. — Que porra é essa, caralho?

— Ah, bom dia Cellbit. Sente-se — Ele colocou um sorriso no rosto, fechando lentamente a gaveta onde escondia o jogo de cartas. Por um momento ele pensou que Cellbit o havia flagrado se distraindo com aquela torre ridícula. Então ele achou melhor sonsar, por enquanto. — Aquilo lá? Do que você está falando? Que coisa?

— Todo mundo deveria parar com essa coisa de bom dia. — Ele bateu as mãos na mesa, fazendo com que Forever se assustasse um pouco, que rapidamente percebeu que o outro estava de mau humor.

— O que está acontecendo? — Ele questiona um pouco mais seriamente ao perceber que a questão do Cellbit era diferente da sua.

Cellbit parecia explodir de fúria, seu peito subia e descia rapidamente, ele queria respostas, queria que lhe dissessem que tudo isso era uma piada de mau gosto.

—Por que aquele pedaço de metal ali está dizendo que é meu novo parceiro? Que merda é essa?

Diferente da reação que esperava, Forever sorriu, aparentemente aliviado. Ele relaxou a postura e até apoiou o cotovelo na mesa à sua frente, colocando a palma da mão na bochecha.

— Ah, vejo que você conheceu o Roier.

— O que? O que quer dizer com isso? Forever eu juro que se você não me explicar...

Um gemido do loiro fez Cellbit parar de falar, ouvindo com atenção, observando com certo receio Forever que esfregava os olhos com certo cansaço. Isso só poderia significar uma coisa: havia más notícias.

—Cellbit, ouça.

— É isso que tenho feito.

Forever lambeu os lábios e continuou falando.

—Nós nos conhecemos há muito tempo e considero você um dos meus amigos mais próximos. — Cellbit revirou os olhos e cruzou os braços, essa foi a introdução de algo que ele não gostaria de ouvir, e Forever estava tentando amenizar a situação com um discurso de amizade que ele já havia usado antes. — Fomos para a academia juntos. E você é o melhor detetive da delegacia...

Foi feita uma pausa, uma pausa que durou mais tempo do que Cellbit gostaria, um estranho desconforto instalou-se na atmosfera da qual ele não gostava de fazer parte.

— ...Mas? — Ele tentou adivinhar a palavra que Forever foi forçado a dizer em seguida.

O loiro fechou os olhos por alguns segundos, suspirando enquanto parecia pensar nas palavras certas para dizer.

—Mas,— ele abriu os olhos, sorrindo tristemente. — as ordens vêm de cima.

A expressão de Cellbit mudou completamente, transformando-se em alguém aterrorizado. Isso só poderia significar uma coisa. Ele virou a cabeça até ter visão através do vidro que os cercava; Ele notou como aquele andróide falava calmamente com Foolish e Jaiden, que pareciam impressionados com ele.

— Oh não, não, não, não, não, Forever, não. — Ele se virou para o citado, balançando a cabeça. — Não vem com essa pra cima de mim.

— Sinto muito Cellbo, mas os superiores não gostaram do seu desempenho na última missão.

— Eu odeio essas... coisas! Você sabe disso muito bem. — Ele caiu exausto em uma das cadeiras em frente ao Forever. Cellbit penteou o cabelo frustrado, bem onde tinha uma mecha tingida de branco.

— Depois disso... — O outro continuou falando, ignorando um tanto tristemente as reclamações adjacentes. — Ninguém mais queria ser seu parceiro. Cellbit, o que aconteceu foi algo sério. Eles não querem que outra pessoa se machuque.

— Porra, não foi minha culpa! Você sabe que não foi. Além disso, posso trabalhar sozinho, estou prestes a resolver o caso dos divergentes. Me dê uma chance, por favor, Forever, você tem que convencê-los.

O de cabelos trançados levantou-se e caminhou com as mãos atrás das costas. Ele balançou a cabeça. Cellbit levantou-se atrás dele. Mas isso foi decidido e não havia nada que Cellbit pudesse fazer.

— Cellbit, eles substituíram você do caso divergente.

Isso caiu como um balde de água fria na cabeça de Cellbit. Todas as suas pesquisas, todo o seu trabalho, os sacrifícios que ele fez para resolver isso. Tudo foi desperdiçado.

— Quackity ficará encarregado da investigação a partir de agora. Você volta aos homicídios.

Ele não estava mais chateado com o dito andróide que substituiria seu antigo parceiro, mas agora percebeu as consequências de suas ações. E eles iriam até entregar seu trabalho e esforços anteriores para um de seus colegas de trabalho que eles mais odiavam. Eles o substituíram naquilo que ele mais amava.

—Quackity? — Ele murmurou, quase incapaz de acreditar que isso fosse verdade. —Não, eles não podem deixar todo o meu trabalho para o Quackity, eu sou o melhor em fazer o meu trabalho. — Forever não estava olhando para ele, e em vez disso seu corpo estava voltado para a janela, bem onde o andróide estava parado.

—Acredite, estou ciente disso, Cellbit. Mas não tenho poder nisso. Não posso te ajudar. — Cellbit suspirou, fechando os olhos enquanto cerrava os punhos com força. — E como você não tem um companheiro, eles permitiram que a CyberLife testasse seu protótipo que fazia parte da força policial.

— Ah, agora até uma máquina pode ser policial. Você sabe o quão ridículo isso parece? — Forever virou a cabeça para o lado. Onde agora estava Cellbit, que se virou para a frente, quase imediatamente conectando seu olhar com o andróide do lado de fora, que agora estava visivelmente olhando para eles.

"Roier", se pudesse mesmo chamá-lo assim, agora estava sorrindo para ele por trás do vidro.

— E eu tenho que ser a cobaia com a qual eles testam seu novo brinquedo. Não é? — Sua voz estava cheia de aborrecimento a cada palavra que saía de sua garganta. Ele não queria fazer parte disso, especialmente se tivesse sido afastado da investigação.

— Receio que você não tenha escolha.

Forever percebeu como o homem ao lado dele explodiu de raiva. Saindo do escritório.

— Arrombados. —Ele podia ouvi-lo dizer antes de sair.

Do seu escritório, ele observou Cellbit retornar ao seu local de trabalho, onde Roier já o esperava.

Ele só esperava que o andróide permanecesse inteiro sob os cuidados do Cellbit, ou a CyberLife os culparia pelos danos à sua propriedade.

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2023 ⏰

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