13. Um Mundo Mais Feliz

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LETTICIA


Eu poderia fazer aquilo pelo resto da vida, pensei naquela manhã. Estava tudo tão bonito e tão arrumado.

Depois fui para a frente receber os convidados, eu e João ficamos na entrada, e aquele era o momento em que ele brilhava. Sempre tinha uma piada ou um elogio para fazer com os convidados. Todos se divertiam ao entrar na festa, eu apenas dava sorrisos discretos e apertos de mão.

— Ah — ele disse repente quando não entrava ninguém. Pegou algo pendurado do meu vestido e me mostrou. Era umas das minhas presilhas de cabelo. — Acho que caiu aqui.

— Ai, meu Deus! — exclamei. — Eu tenho que ir colocar isso agora.

— Tudo bem.

— Não, não posso sair daqui. Tenho que receber os convidados.

— Tudo bem, então.

— Meu cabelo está bagunçado?

— Princesa, eu só percebi que faltava uma presilha aí porque ela estava pendurada no seu vestido. — Ele se voltou para um príncipe que chegava. — E aí, cara? Quero saber quais vão ser suas desculpas hoje quando perder de mim.

— Ah, cale a boca, João. Bom dia, princesa Letticia — ele me cumprimentou.

— Bom dia — falei ainda tensa.

João virou para mim e me observou por dois segundos.

— Certo, me dá isso. — ele tirou a presilha da minha mão. — Eu coloco.

— O quê? Você não vai saber.

— É só colocar como está a do outro lado, não é? Eu consigo, tenho 4 irmãs. Bem mais se contar as agregadas do palácio.

— Tudo bem. Vai, rápido, antes que mais alguém venha.

Ele prendeu e depois virou a câmera do celular para mim.

— Veja só, está igual a outra.

— Parece que sim. Eu... obrigada.

— Por nada, princesa.

Continuamos a fazer a recepção. Tentei ficar o tempo todo de costas para a festa. De um ângulo geral, estava tudo bem. O café estava sendo servido, as pessoas se divertiam no jogos e alguns casais aproveitavam as músicas calmas daquela manhã na pista de dança que João insistiu em ter, ele dizia que uma manhã como aquela iria inspirar o romance. No entanto para mim era tortura ver as pessoas bagunçando tudo que eu havia organizado com perfeição, ao ponto de eu perceber que não poderia ficar naquela festa.

Assim que a recepção se encerrou, pedi que João iniciasse a festa e saí dali sem olhar para trás. Fiquei parada em uma das varandas que davam para o outro lado do jardim, que estava vazio. Fiquei ali segurando as lágrimas, por estar quebrando tantas regras da escola.

João apareceu um tempo depois com um dos arranjos de lírios que ficava nas mesas.

— O que está fazendo aqui? — perguntei.

— Perguntei aos guardas onde você tinha ido.

— Ninguém consegue se esconder nessa escola, não é?

— Eu vim ver se você está bem.

— Eu estou bem.

— E por que saiu da festa?

— Você não entenderia.

— Tem a ver com os convidados bagunçando o que você arrumou?

— Você percebeu?

 A Santa Herança: Sacrifício Onde histórias criam vida. Descubra agora