¡Hala Madrid!

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Se o futebol é algo importante na minha vida?



Bem, o que eu posso dizer é que desde a primeira vez que eu pus meus olhos numa bola, eu ansiava por entender como conquistá-la, como fazê-la me amar, me amar tanto a ponto de saber que, enquanto ela estivesse nos meus pés, ela se sentisse protegida.

Não é bobo afirmar aqui que os beijos que eu distribuí às bolas ao longo da minha carreira com certeza foram mais afetuosos do que aqueles que eu já dei em muitas garotas. Isso não significa que eu não saiba como fazer as garotas se sentirem seguras. Eu faço. Eu as amo e elas me amam.

"VOCÊ PODE ENFIAR ESSA BOLA DE MERDA LÁ ONDE O SOL NÃO BRILHARÁ NUNCA EM SUA VIDA, YELENA. ESSA E TODAS AS OUTRAS DE OURO QUE TE COROARAM A MELHOR JOGADORA DO MUNDO, A RAINHA DESSA MERDA DE CIDADE, MAS TE FIZERAM DORMENTE EM TER UM RELACIONAMENTO, CEGA A TUDO QUE NÃO SEJA FUTEBOL..."

Adrian, agora minha ex-namorada, muito zangada, — furiosa é um termo aceito também—, estava nesse momento arrumando as malas dela e me deixando pelo que eu espero que seja definitivamente.

Eu não sou uma pessoa ruim, nunca fui, e eu não pretendo ser, mas acontece que na minha profissão as coisas acontecem de uma maneira muito peculiar. Você precisa estar focada, você precisa fazer escolhas difíceis e sobretudo, você precisa ser honesta com suas capacidades, se você não está pronto para entrar em campo, você não está e você deve avisar à sua equipe que o jogo será melhor sem você ali.

Assim como no futebol, quando você diz que não vai entrar em campo porque você não está psicologicamente bem para assumir essa responsabilidade e eles te multam com valores e punições, na vida real, fora do campo, quando você diz para a sua namorada que você não vai casar com ela apesar de o sexo ser ótimo porque você não está pronta para abrir mão de todas as outras garotas lá fora e não está tão apaixonada assim, isso também tem consequências, por exemplo...

Ela estava olhando muito duramente para minhas Ballon d'Ors nesse exato momento.

Tudo na vida de um atleta acontece muito rápido... num minuto você está se desculpando por não poder aceitar um pedido de casamento e no outro você está voando num salto perfeitamente mal calculado para saltar entre sua agora ex namorada muito zangada e todo o produto do trabalho da sua vida inteira.

Eu cheguei bem a tempo de ela alcançar minha prateleira de prêmios. Ela se desorganizou inteira nos meus braços e eu a segurei um segundo antes de ela acertar a testa na quina da mesma estante.

"Baby, por favor, não precisamos fazer disso algo maior... eu sinto muito... por favor não tente me atingir através dos meus bebês... eles não fizeram nada contra você... eu fiz... desculpe..." Eu disse dividida entre estar aliviada e meio desesperada por não saber o que seria da minha integridade física. O olhar no rosto de Adrian não era feliz. 

Ela ainda estava olhando com atenção demais para todas as conquistas da minha vida.

"Seus bebês? Seus... bebês... essas porras de metal barato e inanimado... seus bebês... como você ousa, Yelena?" Ela rosnou bem diante do meu rosto e eu a afastei gentilmente de mim e sim, dos meus bebês, muito embora eu entendi que não devo repetir isso agora. Meu contrato é longo e estou em início de temporada, convém me proteger aqui.

Eu a levei e a sentei na cama me ajoelhando diante dela. Eu preciso fazer isso direito. Com certeza dizer não a um pedido de casamento após uma boa foda não é uma maneira agradável de começar o dia e eu preciso resolver isso melhor. Não se ganha um campeonato com um só gol.

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