Quando as carroças e cavalos surgiram das planícies em direção aos muros de pedra de Yrsa, Eldrid pulou de sua cadeira de madeira que usava para descansar observando através da janela, uma espectativa correndo por seu corpo ao ver as gaiolas como carga.
Eles voltaram!
Abrindo a porta de madeira, a jovem com cabelos de fogo correu pelos corredores do pequeno castelo de rochas, desviando vez ou outra das empregadas que gritavam seu nome.
Mas não era como se já não esperassem.
Era a filha do chefe afinal.
Sorrindo, a menina abriu uma das portas que levava para as escadarias, descendo cada uma com rapidez, pulando de dois em dois degraus.
Quando menos esperou, lá estava ela, o sol estava prestes a nascer e o crepúsculo brilhava em sua majestosa luz arroxeada, faltava pouco para o amanhecer, o que era perfeito, já que assim, os caçadores de dragões que viajaram com seu pai não a veriam.
Ela queria saber quais dragões eles finalmente capturaram.
Semanas atrás, Ragnar Lindberg, O Cruel, tinha deixado sua esposa e filha para trás, buscando caçar a maior praga daquela região.
O Fúria da Noite.
O pesadelo das noites, o matador da madrugada, o ceifadas fantasma, não portava o nome.
Todos sabiam qual era o dragão.
E enquanto se esgueirava pelas sombras ao redor da arena onde Ragnar e seu bando estavam, Eldrid tremeu de ansiedade.
Ele tinha conseguido?
Como será aquela besta sanguinária?
Quantos membros eles perderam?
Eles estavam tendo problemas em lutar contra o dragão?
Eram todas as perguntas que sua mente pensava quando finalmente se esgueirou atrás de uma das paredes, olhando além.
Não tinha ninguém, apenas uma grande gaiola esquecida no centro do lugar.
Olhando ao redor, Eldrid se perguntou onde estavam todos, mas essa pergunta desapareceu ao ouvir um bufar vindo da grande caixa de metal, que possuía apena um lado com grades e uma pesada barra de ferro como fechadura.
Curiosa, Eldrid olhou ao redor antes de se dirigir lentamente até a grande gaiola, tentando ser o mais silenciosa possível.
Ao chegar a uma distância que considerou segura o suficiente, Eldrid procurou algum dragão no interior.
Mas tudo o que ela viu foi um mar violeta brilhante.
Perdendo o ar, Eldrid paralisou diante daquela imensidão.
O que... era isso?
Piscando encantada, seu corpo tenso foi se aliviando lentamente.
Sua mente vazia ligou rapidamente as duas esferas brilhantes a olhos.
Olhos brilhantes e fixos, onde as bordas eram em um escuro tom de roxo e um claro tom violeta, mas com sutis tons amarelo-alaranjados rodeando a pupila fina.
Era como olhar o próprio crepúsculo de Yrsa.
Quando menos percebeu, aqueles olhos também a olharam.
E ela se viu ali.
Naqueles olhos grandes que refletiam...
Ela.
- Oi... - ela sussurrou, se abaixando no chão enquanto seus olhos mal piscavam, tentando enxergar mais alguma coisa daquela criatura quase invisível na escuridão da jaula.
Um rosnado soou dali, as pupilas tremendo.
Ele parecia...
Amedrontado.
Ela estava quase se aproximando perigosamente da jaula quando um martelo surgiu do nada batendo contra a jaula, tirando um grito da menina e um grito do próprio dragão, tão alto que fizeram os tímpanos da menina ruiva doer.
- ELDRID!
Olhando rapidamente para a nova companhia do lugar, Eldrid arregalou os olhos quando a imagem de seu pai apareceu imponente a sua frente, sua grande barba ruiva, seu elmo de ferro, couro e chifre de dragão brilhando e olhos azuis furiosos.
Ela estava enrascada.
- Pai!
- Está louca?! - ele gritou com ela, o dragão berrando dentro da jaula, tão agitado quanto um touro enfurecido. - Essa é uma besta que arrancaria sua cabeça com um sopro, Eldrid!
- Desculpe.
- O que está fazendo aqui afinal?! Não é um lugar para você. - ele a agarrou pelo braço e em instantes o resto dos homens apareceram, gritando ordens enquanto se preparavam.
Arrastada pelo pai, Eldrid se contorceu para tentar olhar por cima do ombro, tropeçando nos próprios pés quando a jaula foi aberta e cordas que ela não viu lá antes foram puxadas.
E lá estava ele.
O Fúria da Noite.
Ele era enorme e tão negro quanto a noite de lua nova, suas escamas tão brilhantes quanto obsidianas e majestoso em todo o resto.
Mas apesar de toda sua grande presença, ele mal podia se mover.
Preso àquela mordaça de ferro, amarrado a uma plataforma erguida por rodas de ferro puro.
Ele mal podia se mover.
Ele parecia...
Apavorado.
E naquele momento, o grande demônio da noite não pareceu tão demoníaco para Eldrid que foi levada para longe, absorta demais em sua própria mente para ouvir seu pai e seu enorme discurso.
Diziam que ele era um monstro.
Mas para ela, era era uma vítima.
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𝐓𝐇𝐄 𝐓𝐇𝐑𝐎𝐔𝐆𝐇 𝐂𝐋𝐎𝐔𝐃𝐒
Fanfiction𝕬𝖙𝖗𝖆𝖛𝖊𝖘 𝖉𝖆𝖘 𝕹𝖚𝖛𝖊𝖓𝖘 | ᶜᵒᵐᵒ ᵗʳᵉⁱⁿᵃʳ ᵒ ˢᵉᵘ ᵈʳᵃᵍᵃᵒ QUANDO SEU PAI captura o tão temível Fúria da Noite, Eldrid nunca imaginou que sua vida mudaria tanto. MAS QUANDO OS OLHOS se encontraram, e sua alma se refletiu naquela criatura, Eldri...