WILL
Existe algo na profundidade do olhar do Damon que, me deixa intrigado...é como uma grande sala escura, em que você não consegue ver nada além do grande breu, principalmente sobre os perigos que podem se esconder ali.
Observava a distância Victória e Kai beberem vinho enquanto flertavam. Kai é completamente louco por ela; ela definitivamente é uma bela garota, com seus longos cabelos cacheados negros, e os hipnotizantes olhos verdes, além de saber se divertir como ninguém.
Admito que sinto um pouco de inveja do que eles têm, toda aquela tensão e luxúria, uma relação.
Dei um gole na minha vodka, desviando o olhar do casal e pedindo ao bartender que me desse outra garrafa.
Pude sentir o perfume forte e extravagante dele antes mesmo que chegasse perto de mim, ele estava sério e com a mandíbula cerrada, apenas dando um aceno de cabeça para os Mori, vindo em minha direção.
— Aqui.
— Obrigado.
Enchi o copo novamente, tomando outro shot, quando senti sua mão pesar em meu ombro momentaneamente e ele se sentar ao meu lado, sinalizando para o bartender.
— Um whisky, por favor.
Apenas continuei com o olhar focado na garrafa, ouvindo Heartbeat tocar ao fundo, com as luzes coloridas piscando na pista.
— Vodka?
— Whisky, hm?
Finalmente o encarei, seus olhos tempestuosos iluminados pelas luzes do bar, seu cabelo levemente desgrenhado adicionava um charme a mais no que já era belo. Ele me analisava, a testa levemente franzida, enquanto bebericava o whisky antes de simplesmente virar o shot e encher o copo novamente.
Bebíamos em silêncio, Damon parecia preso em seus pensamentos possivelmente mórbidos.
— Por que vocês dois parecem um casal brigado bebendo sem saber como fazer as pazes?
— Por que não vão tomar conta da filha de vocês, hein? Ela deve estar com saudades.
— Para de ser sem graça, Grayson.
— Anuk, está bem. E aliás, viemos aqui justamente pata avisar que vamos para casa. Mas, você está acompanhado, então me sinto mais aliviado em lhe deixar aqui.
— Não vai sentir minha falta, Kai.
— Como se eu fosse.
— Bom, até mais, Grayson. Tchau, Torrance.
— Até mais, coelhos.
Observei Victória andar ao lado de Kai, em direção ao carro deles. Anuk tinha pouco mais de 1 ano, já andava e falava algumas palavras, mas ainda era uma bebê, apenas um pouco maior. Ela tem cabelos castanho-escuros como os de Kai, mas os olhos da mãe.
Tomei o último shot da noite, e me levantei, deixando algumas notas encima do balcão, sinalizando para o barman.
— Já vai, Grayson?
— Até mais, Torrance.
Me virei para sair da boate, mas ele segurou meu pulso, me impedindo de sair.
Damon virou a bebida na boca e então se pôs de pé, ficando de frente para mim, se aproximando mais.
— Vem comigo?
— Eu deveria?
— Vamos lá, Will, você sempre parece gostar quando fazemos isso.
— Está me estranhando? É diferente agora, não estou bêbado e muito menos a fim de fazer qualquer coisa com você. Agora, se me der licença...
Me soltei do aperto dele, vendo ele tencionar sua mandíbula mais uma vez, e me virando, indo em direção a saída da boate. Ainda conseguia sentir seu olhar pesando sobre mim, até enfim entrar em meu carro.
Apoiei minha cabeça no volante por um minuto e suspirei; apesar de não ser gay, odeio admitir que Damon estava certo, eu realmente havia gostado do que fazíamos.
Liguei o carro, erguendo a cabeça do volunte e fui embora. Dirigia pelas ruas de Thunder Bay enquanto tentava colocar os pensamentos em ordem.
Tentei me ludibriar pensando que era apenas pelas coisas que ele me falava, pela menção da Emory constante e a imagem sexy que ele criava em minha mente. O que eu estava pensando? É claro que era por isso.
Emory é a mulher de quem gosto, por mais que ela pareça não gostar tanto assim de mim, na verdade, parece mais é que ela me odeia. Estou tentando esquecê-la, mas, acho que no fundo eu jamais conseguirei, não importa o quanto eu tente.
E nem posso conversar sobre com o Torrance, afinal, só de estar perto dele já sinto meu sangue borbulhar e uma dor de cabeça começar. Só que, apesar de saber que ele também é bem culpado por me sentir assim, sei que a culpa também é minha: eu que permiti que toda essa bagunça acontecesse, bagunçando a minha cabeça e meus sentimentos.
A forma como ele me olhou no bar voltou a minha mente como um soco. A tensão bizarra que estava entre nós, sua mandíbula e olhos cerrados, o poço negro sem fim que são seus olhos...
Que droga, Damon.