Nos confins da noite escura, uma jovem chamada Falconeri lutava contra seus demônios internos. Ela sofria de uma insônia que parecia sufocá-la a cada respiração. Todas as noites, à mesma hora sombria, os pesadelos a acordavam, deixando-a presa em sua própria mente torturada. Às 3 da manhã, Falconeri se sentou na cama, tremendo após mais um pesadelo angustiante. Ela ligou o celular e entrou no Discord, onde costumava se refugiar na solidão. Naquela noite, como sempre, ela colocou a música de Rachmaninoff para tocar, uma melodia triste que parecia ecoar seus sentimentos. Na call vazia em que ela costumava se perder, o som de mais alguém se conectando, interrompeu o silêncio. Era Hipólito, o dono do servidor que a garota frequentava, que já estava há alguns dias lhe fazendo companhia. Um sorriso logo ocupou o rosto entristecido de Falconeri. E de forma petulante, iniciou uma conversa com o rapaz.
"- Acordado até tarde vagabundo? Achei que pelo menos uma vez levaria seu trabalho à sério." Sempre ousada e ácida como de costume, essa era a sua mais óbvia intenção de flertar, mas como em todas as vezes ela sentia uma pontada no coração por ser sempre tão rude. Apesar disso, rapidamente ela quase sempre era respondida amigavelmente e em tom brincalhão. Uma voz grave se pronunciou na call e como um estrondo rosnou "- Eu ia dormir, mas como eu vi você aqui tive que mudar os planos." E ele prosseguiu por texto "- E você não vai pra escola?"