TOUCHÉ - ♡ 003

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Naquela mesma noite, Jimin retornou ao Olímpo, trazendo consigo uma sacola repleta de cartas e súplicas de amor. No entanto, a única carta que interessava a Ludus era a que Jeon Jungkook havia escrito.

— Cartas para o cupido! — anunciou o anjo em um tom brincalhão, enquanto adentrava a "pequena" mansão de Ludus. Os portões de madeira com detalhes dourados pareciam quatro vezes maiores do que ele, fazendo-o parecer minúsculo quando em frente a eles. O homem de cabelos loiros dourados encontrava-se relaxado no enorme sofá vermelho de sua sala de estar e como se seus olhos tivessem descoberto um tesouro, um sorriso de orelha a orelha se abriu nos lábios do mesmo, que imediatamente se acomodou no sofá, animado.

As paredes de sua mansão eram tingidas de branco e adornadas com enormes quadros que preenchiam o ar com o aroma de tinta fresca. As pinturas que enfeitavam suas paredes eram capazes de deixar qualquer humano babando de tanta inveja, afinal, elas haviam sido feitas especialmente para si por grandes nomes, como Michelangelo, Picasso e seu favorito, Van Gogh. Ludus era inegavelmente um amante da arte, apreciando-a em pinturas, poemas, livros ou música, chegando até mesmo a se aventurar criando alguns retratos, mesmo que não fosse tão habilidoso nisso.

Jimin caminhou em direção a Ludus, arrastando o enorme saco que transbordava de cartas, parecendo prestes a explodir! Os cabelos acobreados do pequeno anjo ganhando um tom mais vívido assim que se assentou no chão, banhado pelos feixes de luz que escapavam da lareira.

— São muitas cartas. — Comentou, franzindo a testa com uma expressão de descontentamento. Só de olhar para todas aquelas cartas, sentia-se entediado. — Como você vai encontrar a carta certa em meio a todas essas?

Ludus sorriu confiante, como se não tivesse dúvidas de que encontraria a carta de Jeon, mesmo entre tantas outras.

— Você esqueceu com quem está falando, não é?

— Com um estúpido? — Retrucou, em tom brincalhão. O dourado revirou os olhos, empurrando suavemente o ombro de seu amigo sardento, que caiu na gargalhada. O espaço era amplo, de modo que suas vozes ecoavam e em meio a imensidão do olimpo, pareciam os únicos seres existentes ali.

Ansioso por finalmente ter aquela carta em mãos, Ludus se juntou a Jimin, sentando-se no chão. A dupla estava imersa em uma escuridão não tão densa, sendo iluminada pela luz do fogo, que deixava suas peles bronzeadas em um tom quase alaranjado. Olhando para Jimin assim, fazia parecer com que seus cabelos se assemelhassem a cortinas de fogo, deslizando por seu rosto tênue, adicionando um quê de mistério ao seu semblante gracioso.

Com cuidado, Jimin começou a retirar as cartas de dentro da bolsa, acumulando-as em um pequeno montinho entre eles. A fragrância floral parecia dançar no ar toda vez que Jimin mergulhava a mão naquela sacola de cetim, fazendo com que o coração do Cupido palpitasse de ansiedade. Seus olhos azuis celestes permaneciam atentos, observando com expectativa cada pedaço de papel que emergia da sacola, ansiando o momento em que encontraria a carta do homem tatuado. Almejava desenterrar pelo menos um pouquinho do que era Jungkook, conhecê-lo pelo menos um pouco mais.

A mente dos deuses funcionava de forma curiosa, no entanto, bastante interessante. Ao mesmo tempo em que sabiam muito, também sabiam que, em última análise, sabiam pouco. Talvez tenha sido daí que tenha surgido a tão famigerada frase de Sócrates: 'Só sei que nada sei'.

A situação em que Ludus se encontrava agora era um belo reflexo disso. No momento em que a prece do jovem humano chegou aos seus ouvidos, ele sabia de quem se tratava, mas não o conhecia, se é que isso faz algum sentido. Foi como um clarão; ele sabia o nome e a essência, mas, apesar de conseguir enxergar a alma e o coração do rapaz, não sabia quem ele era. Não conhecia sua história, seus gostos ou desgostos. Nesses momentos, Ludus desejava ter a onisciência, apesar de pensar que deve ser extremamente irritante ouvir bilhões de vozes em sua mente o dia inteiro e ter ciência de tudo que irá acontecer até o fim dos tempos. Apesar de ser um grande apreciador da fofoca, Ludus mal conseguia dar conta de sua própria vida, imagine ter que cuidar de todas as outras vidas existentes. Zeus nos livre!

𝐂𝐀𝐑𝐓𝐀𝐒 𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐂𝐔𝐏𝐈𝐃𝐎 [kth + jjk]Onde histórias criam vida. Descubra agora