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Entretanto já era o dia do jogo. Os rapazes estavam no balneário a prepararem-se enquanto eu estava no corredor a tratar de papéis que o meu pai pediu-me para fazer, como sempre.

Eu estava entusiasmada para finalmente mostrar o meu trabalho, acho que ainda não tinha mencionado, não estou alí só para ajudar o meu pai. Tirei curso de medicina para vir trabalhar como...sei lá, há tantos nomes. Fisioterapeuta, médica, suporte privado, ect.

Por outras palavras, eu estava alí para ajudar os lesionados. QUE FIXE, NÃO É? Não... nem por isso, não gosto de ver os rapazes magoados, mas eu sei que eu os vou ajudar.

Eu sabia que quando os rapazes estivessem prontos eu e o resto dos treinadores adjuntos poderíamos entrar e ouvir o capitão a falar com a equipa, e depois de alguns minutos foi mesmo isso que aconteceu. Fui chamada para o balneário e fiquei encostada perto da porta, bem do lado do Otávio, que por acaso, não parava de olhar para mim. O pior é que não era um olhar provocador, ele estava meio triste.

-Bem pessoal...- Começou o Cris, o capitão a fazer o seu trabalho. Quando ele acabou de apoiar e dar força e garra aos jogadores, todos começaram a bater palmas e a sair do balneário. Eu reparei que o Gonçalo meio que ficou para trás então fui ter com ele.

-Nervoso?- Perguntei com um sorriso, eu estava tão feliz por ele.

-Nem um pouco. Saber que vais estar comigo ali dá me forças.- Ele disse enquanto puxou-me pela cintura e deu-me um abraço forte.

Eu fiquei toda vermelha com a ação repentina do rapaz. Sem reparar eu e o Gonçalo ficamos ali uns bons 20 segundos abraçados, quando ouvimos a porta do balneário a encostar é que lembrámo-nos que tinhamos de ir.

Saímos a correr e a sorrir que nem umas criancinhas de 5 anos.

-Gonçalo, vai para a fila. S/n, enquanto os jogadores não entram podes ir sentar no banco que daqui a pouco os não titulares já lá vão ter.- Disse o meu pai, eu acenei e fui me sentar no banco com a bandeira de Portugal.

Segurei no meu saco com pensos, spray frio e outras coisas.

Quando vi os titulares a entrar fiquei feliz por ver o Tavinho jogar, mas infelizmente o Gonçalo ficou no banco.
Coitado...

-S/n, bom vê-la denovo.- Veio o rapaz se sentar ao meu lado, eu estava bem na ponta então estavamos meio longe do resto do grupo.

-Gonçalo...pensava mesmo que ias jogar a titular hoje...- Falei meio triste, eu queria mesmo que ele jogasse.

-Haha, não faz mal nenhum! Aliás, acho que vou entrar em algum momento da segunda parte, então está tudo bem.- Ele sorriu e envolveu o braço à volta do meu ombro, puxando-me mais uma vez para perto dele.

–E esse saco, S/n? Espera...eu não sabia!

–Haha, é isso mesmo que estás a pensar. Se algum dia te lesionares eu estarei aqui.- Provoquei-o com um sorriso e a cara dele ficou toda vermelha. Não consegui conter o riso.

Já se tinha passado 20 minutos, e ver os rapazes estarem sempre a cair fez me lembrar o fato que realmente nunca contei para ninguém que eu só estava alí porque tirei curso de medicina. Eu estava ali para ajudar os lesionados mas acho que quase ninguém sabia disso.

-Foda-se, William vais entrar!- Eu olhei para o campo e vi o Otávio a coxear para os bancos. Eu meio que entrei em pânico e levantei-me, meio a assustar o Gonçalo no processo.

-S/n, leva o Otávio para os balneários e vê se está tudo bem.- Disse o meu pai, eu vi o Gonçalo com uma cara meio confusa mas neste momento só conseguia pensar no lesionado.

-Tav- Uh, Otávio. Não sei se é uma boa altura para dizer isto mas eu é que te tenho de ajudar a recuperar.- Ele olhou para mim meio confuso e suspirou.

-Não preciso...Ai, não preciso de sua ajuda!

Ele estava muito magoado, eu senti-me culpada por algo mas não sabia o quê.

-Otávio, tu não tens de querer nada neste momento.- Agarrei nas minhas coisas e tentei ver se ele rompeu algum músculo ou se só está magoado, mas pela maneira que se mexia ele só esticou mal o músculo a meio do jogo. Coloquei um pouco de spray frio para aliviar a dor.

-Olha, tu vais recuperar rápido. Só precisas de meter um pouco de gelo todos os dias para melhorar a dor e sarar rápido. Coloca uns 10 minutos gelo, 3 vezes ao dia.

-Tá.- Ele estava frio comigo, eu sabia que ele era arrogante mas eu nunca tinha sentido isso vindo dele.

-Tavinho... porque é que estás chateado comigo?

-Não estou. Pelo menos não com você.- Ele olhou para o chão enquanto sentou-se no banco.

-Então...com quem?- Sentei-me ao lado dele e esperei a sua resposta. Ficámos assim por alguns segundos antes de ele olhar para mim.

-O seu namorado...- Meus olhos ficaram maiores ao ouvir aquilo, até porque eu nunca tinha pensado nisso.

–Ele não...ele não é meu namorado...

–Para mim parece muito bem o que ele é. Não precisa mentir para mim, S/nzinha.– A voz dele estava baixa e suave, o que alguns momentos atrás estava alta e fria. Senti a mão dele cair na minha enquanto ele usava um sorriso provocador no rosto.

–Que bom jogo!

–Foi ótimo! Mas há que melhorar.

Ao ouvir os rapazes a voltarem separamo-nos em menos de um segundo.

O primeiro a entrar foi o Pepe, quando reparou que estavamos sozinhos nos balneários e todos vermelhos ele sorriu de orelha a orelha. Quando o resto entrou eu rapidamente saí dos balneários, até porque eles iam se vestir e não me apetecia estar a ver aqueles rapazes todos.

Ainda não consigo acreditar... Dois rapazes que conheci anteontem já estão a dar em cima de mim. Eu vou me fuder à grande se não conseguir resolver isto.

Eu ou Ele |Gonçalo Ramos x Leitora|Onde histórias criam vida. Descubra agora