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6 de Dezembro

Depois daquele dia, nada de interessante aconteceu. Umas dicas aqui e ali vindo dos rapazes. Eles picam-se muito, o que faz-me estar sempre a ralhar.

Continuando, é hoje, o jogo de eliminatória para seguir para os quartos. Hoje o jogo é contra a Suiça, que na minha opinião, vai ser difícil.

Vocês não sabem o quão alegre fiquei quando soube que, tanto o Otávio como o Gonçalo, foram anunciados como titulares no jogo. O Cris ficou um pouco em baixo por ficar no banco, mas ele sabe que tem que apoiar a seleção sendo capitão ou não.

-Oh S/n, se marcarmos também podes vir celebrar connosco para o campo, sabes? Das últimas vezes tu só ficaste no banco.- Falou o Cris com um sorriso na cara. Estavamos os dois sentados no banco, não muito atentos aos rapazes a entrarem em campo, prontos para cantar o hino.

-Haha, sim eu sei! Especialmente se o Gonçalo, o Otávio ou o João marcassem! Eu passava-me!- Eu sorri que nem uma doida, o Cris riu-se um pouco.

-Gostas muito deles os dois, não é?- Ele pergunta com um sorriso.

-Os dois..?

Antes que ele possa esclarecer, o hino começou a tocar. Quando me apercebi que os dois estavam ao lado um do outro fiquei um pouco preocupada, mas por acaso eles estavam bem na deles.

Depois do hino os rapazes posicionaram-se e o jogo começou num piscar de olhos.

-Tenho confiança no Gonçalo. Estou mesmo a ver que vai marcar.- Disse o João Mário que estava sentado ao lado do Cris.

-Claro que vai! Eu estou a pressentir.

Depois de 17 minutos o João Félix faz um passe incrível para o Gonçalo, e sem mais nem menos, a bola entra na baliza.

-GOLOOOOO!

O estádio entra em erupção com gritos e assobios. Eu e os rapazes entrámos em campo e abraçámos o Gonçalo.

-CARALHO GONÇALO! QUE GOLOOOO.- Eu gritei enquanto o abraçava sem parar.

-Foi para ti, S/n.- Ele piscou-me o olho e voltou para a sua posição. Eu, o resto dos jogadores do banco e a equipa técnica também voltámos para trás.

-Eu não disse que ele marcava?!- Gritou o João Mário com alegria.

Sorri para ele e continuei a festejar até ao final do jogo.

TRÊS GOLOS DO GONÇALO! O PRIMEIRO HATRICK DO MUNDIAL, NÃO ACREDITO.

Depois do jogo fomos todos celebrar, até decidimos jantar juntos. O plano era ir a uma festa depois do jogo.

Foi um dia incrível, após chegarmos ao restaurante puxei uma cadeira que estava arrumada na mesa enorme, que se situava no local privado do restaurante. Do meu lado estava o João Félix e no outro o Rafael Leão. Em frente tinha o Gonçalo e o João Mário. Por acaso, eles estavam muito faladores, e eu fiquei um pouco de parte. Eu queria entrar na conversa, e o João estava a tentar puxar-me, mas ninguém ligou...

Olhei para o lugar onde o António estava, que por acaso estava bem rodeado de jogadores do clube oposto. Notei o Otávio do seu lado a olhar discretamente para mim, e logo em seguida, a falar com o Vitinha para disfarçar. O jogador estava sentado do lado esquerdo do Tavinho.

Eu tentei chamar a atenção dele devolta a mim para falarmos, mas nada. Nada mesmo.

Agarrei no meu telemóvel e pedi licença enquanto saía da mesa. De repente fiquei sem fome, e com uma vontade enorme de me ir embora e ir chorar pra cama.

Já andei a ter crises parecidas durante algumas semanas, mas elas nunca vêem assim tão repentinamente.

Tranquei-me na casa de banho do restaurante e fiquei lá uns minutos a tentar acalmar-me.

Mas porque raios é que estou assim?

*truz truz*

-...

-S/n..por favor, deixa-me falar contigo.- Era o João, a voz dele não engana ninguém. Eu suspirei e saí da casa de banho.

-Diz lá.- Eu tentei secar as lágrimas o mais rápido possível, antes que elas escorrecem para a pele das minhas bochechas e me denunciassem.

-O que é que eles te fizeram?- Ele perguntou enquanto me abraçou. O João sempre se preocupou comigo, eu entendo, mas eu não queria falar. Até porque nem eu sei o que é que se passou.

-Nada...

-S/n, estou a falar a sério.- Ele largou-me e olhou fixamente para mim, como se estivesse a tentar ler a minha expressão facial.

-Eu sei...eu acho que só estou paranóica. Não aconteceu nada, aliás, eles não fizeram nada.

-Oh, S/n. Tenta acalmar-te e vamos voltar para a mesa. Pode ser ?- Ele segurou a minha mão e puxou-me gentilmente.

-Espera...-Eu suspirei um pouco e abracei-o com toda a força.

-S/n...?

-Eu adoro-te tanto, João. Obrigada...

Ele sorriu e abraçou-me devolta durante alguns segundos.

‐Não tens que agradecer.- Lentamente parámos-nos de abraçar e voltámos para os rapazes.

-S/n! Está tudo bem?- Veio o António e saltou para cima de mim. Estava quase a cair no chão, o rapaz faz quase dois de mim. Eu sorri e abracei-o devolta.

-Está tudo, António. Vai lá acabar de comer.- Nós ficámos agarrados um ao outro durante, o que parecia, uma eternidade.

-Pois, ao contrário de ti, eu já comi algo. O teu prato está cheio.- Ele olho para o local onde, à alguns minutos, eu estava sentada.

-Não tenho fome...

-S/n.

-O quê?! Se eu não tenho fome não vou comer...

-Nós não comemos desde o almoço, S/n. Isso já foi à horas!

-Ok ok..eu como algo mas..agora não.- Eu desisti de tentar argumentar e fui ter com o Pepe que estava sentado ao lado do Rúben e do Cris.

-Ei, Pepe. Podes trocar de lugar comigo, por favor?- Eu abracei ele um pouco e ele sorriu.

-Ah, claro. Onde você estava sentada mesmo?-

-Na ponta.- Ele olhou e suspirou.

-Algo se passou contigo e com eles?

-Não...está tudo bem! Só tive um... pequeno ataque de ansiedade, nada demais. Queria ficar aqui mais na ponta para não incomodar ninguém...

-Nada demais?! Porra, estás bem?- Ele levantou-se da cadeira e abraçou-me.

-Sim, Pepe. Está tudo, não te preocupes, por favor!

-Escuta. Já trago seu prato, tá?- Ele quebrou o abraço e levou o prato dele para o final da mesa.

Eu agradeci-lhe e sentei-me.

-S/n, Estás bem? Precisas de algo?- Perguntou o Cris com o seu sorriso branco e brilhante. Eu não sei se me estou a repetir, mas o Cristiano e o Rui Patrício são tipo pais para mim, são mesmo muito importantes.

-Haha, sim...agora estou. Estava só um pouco ansiosa...

-Ahhh, eu entendo.- A cara dele caiu um pouco mas tentou alegrar-me na mesma.

Passado alguns minutos voltou o Pepe com o meu prato.

-Toma, S/n. Come um pouco, por favor.- Ele baixou-se e beijou a minha cabeça.

-Claro. Obrigada, Pepe.- Senti-me um pouco melhor com o carinho de todos...Não sei o que seria sem eles.

Comi aos poucos até acabar.

Passado alguns minutos alguém falou,
-Já estão todos prontos?- Anunciou o Cris, curioso para saber se já podemos ir para a festa.

-Sim!- Dissemos em sintonia.

Depois de pagarmos, cada um com o seu respetivo dinheiro, dirigimo-nos ao local.

Eu ou Ele |Gonçalo Ramos x Leitora|Onde histórias criam vida. Descubra agora