Ver a briga dos meus pais já estava sendo frequente a dias. Alguns anos atrás eles até conseguiam esconder elas de mim, mas agora é quase impossível. Hoje é meu aniversário de 15 anos e como sempre vai haver briga dos dois, mas isso não me afeta mais, não como antes.- Eu vou sumir, vou levar Lyra comigo. Eu não aguento mais esse tipo de coisa Balder, você me prometeu que não iria mais me magoar - minha mãe gritava na cozinha, marejando em lágrimas, enquanto eu olhava para eles disfarçadamente no sofá da sala.
- Você não vai conseguir, Marie. - Não temos dinheiro para nada, imagina você sozinha com Lyra - meu pai dizia com a voz um pouco mais baixo que minha mãe e usava as mãos para tentar acalmar a mesma.
- Eu consigo sozinha, há coisas que devemos se sacrificar, Balder. - Ela é só uma menina e justo no aniversário de 15 anos dela, eu descubro que você me traiu mais uma vez - às lagrimas de minha mãe não paravam de descer e junto dela sua raiva também.
- Não vai acontecer mais, não mais. - foi a última vez.
- Foi minha última vez aqui também, Balder. Amanhã mesmo eu deixo nossa casa para você e vou levar Lyra comigo, ela é a única coisa feliz desse nosso casamento - jamais vou aceitar isso novamente.
Dito isso, mamãe me puxou para o canto e me contou tudo que havia acontecido, mesmo que eu já soubesse. Não era tão difícil saber que meu pai a traia, quase todo tempo a discussão era disso. Mas nesse dia eu sabia que ela não iria mais perdoa-lo.
- Suba, Lyra. - Arrume suas coisas, não são muitas, mas leve seus livros são as melhores coisas que você tem - mamãe me levou até a escada e me olhou de lá de baixo eu subir.
Ela tinha razão, os meus livros eram as melhores coisas que eu tinha. Para evitar ver as coisas que eu ouvia, brigas e discussões, eu entrava no mundo dos meus livros e voltava a realidade quando acabava a leitura.
Algum tempo depois, eu já tinha a minha mochila pronta, com muitas poucas roupas que eu tinha e meus livros dentro.
Sentei na minha cama, e peguei meu ursinho, Bilo. Ganhei o mesmo quando tinha meus 5 anos, de aniversário. Derramei as lágrimas que queriam sair sempre, mas nunca me permitia. Abracei o fortemente e junto dele, deixei com que minha dor fosse apertada também.
Poucos minutos depois, olhei para a porta e lá estava meu pai. Seus olhos marejavam de lágrimas, e ele veio até a mim, sentando ao meu lado na cama.
- Lyra, minha querida. Feliz aniversário - ele tirou um fio de cabelo que excitava cair novamente da orelha.
- Esse com certeza não é o melhor aniversário que uma garota de 15 anos poderia ter, não é papai? - enxugo as lágrimas rapidamente
- Me perdoe, Lyra - magoei você e sua mãe novamente. - Eu amo você filha.
- Também amo você papai, mas traição não tem perdão, deixe a gente ir pai. - A mamãe quer recomeçar.
- Quando precisar de mim vou estar aqui, pra todo o sempre - ele vem em minha direção e me abraçou fortemente.
- Pra sempre, papai. - retribuo o abraço.
A despida da minha mãe com o meu pai, foi de fora a mais dolorida. Marie o amava, mas sabia que tinha que partir.
- Pra onde vamos mamãe - entro no primeiro táxi junto a mesma.
- Vamos morar em um lugar aonde passei minha infância, aonde me criei. - ela olhou para mim com os olhos brilhantes.
- Você me contou um pouco sobre isso. - É em um lugar em Los Angeles, não é?.
- É sim querida. - Em lousiana.
- Como vamos chegar lá, mamãe - saio do táxi e sigo em direção à rodoviária.
- Moramos em Moroe. - Lousiana é cidade vizinha. - alguns minutos e estaremos lá.
Retomei aos meus livros sobre "Cidades para morar perto de Moroe". E Lousiana estava nessa lista.
A tristeza em meu olhar era visível, mas mamãe sempre fazia de tudo para que eu curtisse a viagem, e me fazia sorrir sempre que conseguia.
Entramos no ônibus que nos levaria até nossa futura cidade. Sem meu pai, o que me doía tanto, mas ao ver minha mãe com o olhar mais brilhante me permitia a sorrir também.
- Te desejei feliz aniversário a poucas horas da manhã, Lyra - mas, quero lhe presentear.
Mamãe puxou do seu casaco um tipo de broxe. Brilhava como nunca, apesar de parecer super antigo.
- Seu, avô me deu quando completei meus 15 anos. - É a coisa mais importante pra mim pois eu ganhei alguns dias depois que ele sumiu de casa, é a minha última lembrança dele comigo.
- Vovô era especial, você mesmo diz mamãe, mas nunca me contou que ele sumiu e que você tinha esse broxe guardado - olho para a mesma com um olhar curioso.
- Ele saiu dizendo que voltaria, e que sempre estaria aqui do meu lado. - E terminou dizendo que Blor era o seu lugar.
- Blor? O que é Blor? - E ele nunca voltou?.
- Não faço ideia o que seja isso. O nome é feio e parece de outro mundo. - E sobre ele voltar, não ele nunca retornou, mas parece que ele sempre esteve aqui comigo.
- Blor, realmente, parece nome de cachorro né? - eu rio e também vejo a mesma rir.
- Ah coisas que nunca vamos compreender, Lyra. - mas isto é teu. - ela me entrega o broxe reluzente e me ajuda a por no meu casaco.
Depois de mais alguns minutos dentro do ônibus, finalmente havíamos chegado em Lousiana. A cidade estava fria e congelante.
- Como vamos nos virar mãe? - não temos muito dinheiro.
- Seu avô, antes de ir embora me deixou uma pequena herança, na qual seu pai sempre pegou para sair por ai. - vejo seu semblante triste, mas logo o se desfazendo.
- Ah, que bom. - podemos morar sozinhas por muito tempo.
- Mas, é claro. - a pior coisa é o lugar aonde vamos morar. - tá meio abandonado sabe?.
- Podemos arruma-lo tranquilamente. - somos as melhores nisso.
- Com certeza. - sem sombras de dúvidas.
Seguimos para andando até encontrar um táxi, para nos levar até a nossa nova casa. As aventuras, estariam apenas a começar.
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Lyra - Em busca de Blor
FantasiaLyra, uma menina dócil que no dia do seu aniversário de 15 anos, após uma discussão dos seus pais. Se muda com a sua mãe, Marie. Para Lousiana. Antiga casa de seu avô. Determinada a descobrir sobre o seu passado na casa nova. Lyra vai em busca de Bl...