Capítulo 1

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Natasha nunca teve muita certeza de quando sua vida começou a mudar.

Seus pais sempre fizeram muitos comentários sobre Natasha ser muito independente e desapegada da família desde muito novinha. Mas não era como se ela tivesse muita escolha.

Com três irmãos mais velhos que eram os bens mais preciosos da vida de sua mãe e com um pai que trabalhava todos os dias, ela teve que aprender a se virar sozinha desde cedo.

A questão não era ela não ser querida pela família, era mais porque ela foi um bebê indesejado que veio em um momento ruim. Sua mãe já tinha muito na cabeça com três crianças para criar, uma casa para administrar e ainda dar conta do trabalho de fora. Seus irmãos já eram meninos crescidos na época, os três com idades entre oito e quinze anos. Seu pai sempre trabalhou todos os dias, o dia todo. Afinal, ele tinha uma casa e uma família grande para prover.

Não era como se Natasha fosse uma criança que incomodava ou que não merecia atenção e amor da família, eles só tinham muito mais o que fazer e não tinham muito tempo para ela. Ela entendia.

No entanto, apesar de às vezes se sentir só, Natasha sabia que funcionava muito bem sozinha. Ela não precisava lidar com ninguém além dela, e isso era bom.

Natasha conseguia se virar bem na escola mesmo sem ter muita ajuda em casa. Ela sabia que enquanto estivesse indo bem na escola e suas notas fossem boas, seus pais iriam deixá-la em paz e, em algum momento, recompensá-la por isso com algum presente.

Às vezes, seus irmãos a ajudavam em algum dever e ela amava os momentos que tinha com eles. Outras vezes, sua mãe conseguia algum tempo para passar com Natasha e a chamava para cozinhar, para que Natasha pudesse aprender algo.

Incrivelmente, foi passando algum tempo na cozinha com a mãe que Natasha acabou gostando de passar mais tempo cozinhando do que socializando com pessoas. Mas foi só quando ela aprendeu a fazer bolos e doces que realmente se apaixonou pelo que fazia.

Em uma das raras conversas que tinham, seu pai mencionou que talvez ela devesse começar a fazer para vender e, assim, fazer algum dinheiro. Ele mesmo se ofereceu para financiar o começo e esse foi o empurrão que Natasha precisava.

Então, com treze anos, Natasha começou a fazer seus bolos, cupcakes e docinhos para vender. E para surpresa de todos, ela já começou se saindo bem. Em uma semana, Natasha conseguiu pagar o investimento inicial que seu pai fez, apesar de ele insistir que não precisava, mas ela insistiu que precisava sim.

Aos quinze anos, Natasha traçou um plano detalhado de como e onde gostaria de estar dali dez anos.

Com vinte e cinco anos, Natasha queria estar morando na Europa, onde deveria começar uma nova vida, uma na qual ela fosse viver apenas em função dela mesma. Queria também ter sua confeitaria, onde iria vender variedades infinitas de bolos e doces. Queria conseguir se sustentar apenas com o dinheiro da sua confeitaria.

A última parte não era muito essencial, mas ela gostaria que se realizasse: Natasha gostaria de ter uma pessoa ao seu lado. Uma pessoa que estivesse com ela porque queria estar com ela, que iria amá-la, respeitá-la e estar disposta a viver tudo ao seu lado. Ela queria filhos para apenas depois que fizesse trinta anos, seu limite mínimo era vinte e oito anos. Ela tinha objetivos pessoais e profissionais para alcançar antes de ter filhos.

Para dar início à sua "jornada até os vinte e cinco" como ela mesma havia nomeado, Natasha terminou o ensino médio aos dezesseis anos e no ano seguinte já conseguiu uma bolsa universitária para cursar Administração. Claro que ela preferiria algo na sua área de culinária e confeitaria, mas saber administrar um negócio era igualmente importante.

Durante o seu tempo de graduação, Natasha seguiu com seus bolos e montou um mini ateliê para conseguir atender à pedidos que sempre recebia. Ainda não era sua confeitaria dos sonhos em Londres, mas já era um começo e assim ela conseguia se dividir melhor entre o trabalho e a universidade. Também tinha o fator de que pegar apegas encomendas de bolos e doces para festa resultava em um lucro maior, e Natasha que queria mudar de país em pouco tempo e não era idiota, sabia bem disso.

Para sua sorte, os amigos que fez na faculdade passaram a ser seus maiores apoiadores. Eles faziam encomendas para si próprios, recomendavam os doces de Natasha para todos que conheciam e, em um ponto, até conseguiram com que a lanchonete do campus encomendasse os doces dela para vender lá.

Sua graduação durou quatro anos, então quando Natasha finalmente terminou o curso, já tinha seus vinte anos e pouco tempo para cumprir sua "jornada até os vinte e cinco".

Logo após ter feito seus planos para seus próximos dez anos, Natasha conversou com os pais e explicou para eles suas vontades. Conhecendo bem a filha que tinham, os dois sabiam que não poderiam contradizê-la ou desencorajá-la, então só os restava apoiá-la. E foi assim que surgiu um acordo entre os três: até sua mudança para a Europa, Natasha estaria guardando dinheiro para que conseguisse fazer isso, e seus pais fizeram a proposta de, no final do último ano da sua graduação, ver quanto Natasha tinha arrecadado e dobrar todo o valor.

Então no mês seguinte à sua formatura, Natasha já tinha tudo pronto para sua mudança para Londres. Seus pais cumpriram a promessa de dobrar seu valor arrecadado e assim ficou mais fácil fazer a mudança e também conseguir um local para que Natasha conseguisse morar e montar sua confeitaria.

Seis meses após ter se mudado para Londres, parte da sua "jornada até os vinte e cinco" já estava completa. Natasha conseguiu se mudar para a Europa e começar sua própria vida ali. Ela tinha sua cafeteria que havia se tornado sua maior paixão e dedicação. Ela também conseguia se manter apenas com os lucros do seu trabalho.

Aos vinte e um, Natasha pensou ter completado toda sua "jornada até os vinte e cinco". Ela conheceu um cara legal e eles engataram em um relacionamento que durou algumas semanas. Mas Natasha deveria saber que na sua vida as coisas nunca vinham tão fácil assim.

Enquanto ela procurava um relacionamento estável, para o "cara legal" não passava de uma curtida. Na hora de terminar, ele apenas disse que tiveram um bom tempo, mas ele precisava seguir a vida.

Espanto não é definição o suficiente para quando, após dois meses do seu "término", descobriu que estava grávida. Natasha agradeceu infinitamente aos céus quando tentou ligar para seu ex para dar a notícia e descobriu que ele não tinha mudado de número. Ele ouviu tudo atentamente e só disse que a escolha estava nas mãos de Natasha, mas fez questão de deixar bem claro que ele não estaria ali por ela quando precisasse.

Natasha era uma pessoa organizada, ela tinha seus planos para concretizar e de forma alguma ser mãe naquele momento estava nos seus planos. Pior ainda se fosse para ser mãe solteira.

No entanto, Natasha não entendia muito bem como aquelas coisas funcionavam e como ela conseguia amar tanto, ter tanto carinho por uma pessoinha que ela ainda nem conhecia, que sequer tinha consciência de que estaria naquele mundo em uma questão de meses.

Natasha pensou em todas as possibilidades para resolver aquele "problema". Ela realmente pensou, repensou e reavaliou suas escolhas por dias, até o dia em que decidiu calar suas inseguranças e concluir que sim, ela teria aquele bebê.

Natasha nunca precisou muito de ninguém para nada. Sempre foi só ela contra o mundo, ela nunca teve ninguém ali para fazer as decisões por ela. Ela era uma mulher independente e decidida, ela sabia o que queria da vida e, quando as coisas não iam conforme ela queria, ela as moldava para que ficassem da sua vontade.

Assim, não foi difícil reformular todos os seus planos para que neles pudesse caber mais uma pessoa.


Oi bbs! Então, como dito na introdução, a fic foi criada e escrita por uma amiga minha, que me mandou tudo e também deu autorização para postar. Ela é escritora há algum tempo, mas desistiu de publicar as fics depois de alguns acontecimentos. O importante é que eu tenho todo o catálogo de criações dela e autorização para postar também. Então agora é só ver como as coisas vão indo.

No mais, é isso. Boa leitura e lembrando que é sempre bom comentar! Volto logo menos, prometo!

Bjs, Lala!

Untamed ~ Lewis HamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora