-Peguem a coroa

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O casal nem sequer percebeu quando adormeceu, mas acordaram agarrados enquanto ouviam batidas na porta e ficavam desesperados procurando suas roupas espalhadas pelo quarto.

  — Vossa majestade, poderia me conceder a permissão  para adentrar? — Callum e Rayla estavam frenéticos tentando se arrumar.

 — Só mais um segundo — tentava se acalmar para atender a porta. — Pode entrar Mahina.

 A empregada então adentrou no quarto com um carrinho de serviço repleto de comidas perfeitamente organizadas. Enquanto as colocava na mesa, disse:

 — Senhorita Rayla, corrija-me quando quiser ser  chamada de "vossa majestade", mas havia optado apenas por "Ray". Posso manter isso entre nós, porém, caso queria que lhe chame desta forma na frente de toda a corte, terá que lidar com a "aquisição responsabilizada". — Terminou a ação e pontou com as mãos para ambos se sentarem. — Porque estão com as mesmas roupas de ontem? Não encontraram os pijamas? Perdoem-me, não queria sufocá-los explicando sobre todos os  cantos, até vim entregar o jantar e conferir tudo, entretanto, encontrei Ezran, que me falou que não precisavam de mais comida para garantir o "coma alimentar". Não entendi completamente, mas ele também queria ajuda para conhecer a corte e tomar medidas corretas como hóspede de Katolis. — Reverenciou e se distanciou até uma porta que abriu e entrou, deixando o casal a sós no cômodo principal. Ambos atordoados, nem tanto pela euforia do susto, mas sim pela "discurso" logo de manhã da dama de companhia. Tentavam digerir o que tinham acabado de escutar, juntamente da deliciosa comida. Se entreolhavam as vezes, como se estivessem falando, até que Rayla realmente fez isso:

 — Mahina, havia falado sobre "aquisição responsabilizada", o que é exatamente? — A moça logo saiu do outro cômodo com dois manequins retrôs vestidos de forma elaborada.

 — Como o próprio nome já diz, deverá se responsabilizar por alguma ação. Neste caso em específico, o rei ou rainha se responsabiliza pela permissão dada a algum criado por um comportamento que na verdade não é tolerado pela corte.

 — Tudo isso só para você chamar a Ray de "Ray"? — Tinha até parado de comer de tão abismado.

 — Sim. — Mahira respondeu com um sorriso radiante no rosto, enquanto os dois pareciam ficaram sem reação.

 — Lembra que eu disse que queria ser rei? — Callum nem se deu ao trabalho de olhar para sua amada — tem como voltar atrás?

 — Eu até iria te bater com essa pergunta, mas também estou começando a desistir.

 — Acalmem-se, não quis assustá-los. No  geral, não creio ser fácil, mas terá muito poio — continuava com aquele sorriso reluzente demais para uma elfa da lua. — Bom... enquanto vocês desfrutavam do café da manhã, preparei suas vestimentas para a coroação. Acho melhor ambos tomarem um banho para se refrescarem, talvez possa ser um dia meio tenso. — Mahina saiu do quarto.

 — "Talvez" —  Rayla revirou os olhos, levando-os para sua vestimenta. Uma tradicional roupa élfica, já que era repleta de fechos, camadas e ornamentos bordados com fios de prata. A verdade é que, se olhar para qualquer vestuário, vai perceber como são complexos, mais que as próprias armas. "Isso se prende aqui, que vai ali, dá uma volta, tá na camada de baixo preza na de cima com um cinto segurando e um bolero", deu para entender? Se não, a intenção é essa.

 — Acalma-se elfinha, o dia mal começou — se levantou e ajoelhou diante dela, olhando-a.

 — E já está sendo cansativo. Olhe aquelas roupas! Acha mesmo que vou ficar horas e horas usando isso e ficar sentada em um trono? Isso não é para mim, Callum. Agora entendo perfeitamente o porquê Ez sempre quer sair em missão quando pode.

Princesa de Xadia (TDP)Onde histórias criam vida. Descubra agora