Taylor:
Algumas horas depois de toda aquela loucura com o Ethan, eu decidi voltar para casa. Ainda estava cedo, eram 14:12, eu andava sozinho, as ruas estavam vazias. Feriados parecem dias tão tristes, ou será que eu não vejo felicidade nas pequenas coisas? Acho que eu penso demais...
Perdidos nesses pensamentos bobos, percebo que cheguei em casa. Vou até a porta, escuto algumas risadas do lado de dentro, isso é raro. Entro em silêncio, minha mãe está na sala junto com meu irmão, os dois estão assistindo algo.
-Oi, mãe.- Falo enquanto encosto a porta e passo pela sala.
-Oi, Taylor. Está com fome? Eu guardei um pouco do almoço para você.- Ela sorriu, apenas aceno com a cabeça e subo as escadas. Quando chego no último degrau, meu pai me chama.
-Taylor, posso saber onde você estava?- Ele se aproximou irritado.
-Eu estava resolvendo uns problemas, pai.- Falo e vou para o meu quarto, ele vem atrás de mim furioso.
-Taylor Oliver Martinez, onde você estava?- Ele bateu na porta fortemente, escutei minha mãe subir as escadas rapidamente.
-Com o Ethan.- Falo e encaro ele.
-Ethan? Aquele seu amigo viado?- Ele riu e eu continuei sério.
-O Ethan não é gay, ele só é meio frágil.- Falo enquanto me sento na cama tirando os sapatos. Meu pai me encara em silêncio e suspira.
-E a sua namorada? Não vai ver ela hoje?- Até parece que ele se importa, só está falando isso porque não quer acreditar que tenha um filho homossexual.
-A gente terminou. Mas eu vou sair daqui a pouco, quem sabe não conheço alguém.- Falo e ele acena com a cabeça e sai do quarto. Respiro fundo e vou até a cozinha pois estou morrendode fome. Depois de comer eu subo para o meu quarto, a chuva havia parado e estava sol. Não quero ter que ficar em casa ouvindo meu pai falar merda então vou dar uma volta na cidade. Coloco um calção cargo, uma camisa branca, meião branco com o final colorido, All Star preto e uma toca cinza com orelhinhas. Desci as escadas e fui até a garagem pegar minha bicicleta. Depois sai de lá e fui dar uma volta por ai. Eu estava passando por vários lugares diferentes e decidi passar na frente da casa do Ethan. Quando cheguei na rua, percebi que Félix estava na calçada com mais 2 garotos. Me aproximei e parei em frente a casa do Ethan.
-Oi, Taylor. Bom te ver de novo.- Félix disse e os outros garotos riram.
-Oi, Félix.- Falo e desvio o olhar. Saio da bicicleta e a deixo no chão, corro até a porta da casa do Ethan e toco a campainha. A porta se abre, uma dócil senhora com um sorriso fofo me encara.
-Taylor!- Senhora Ruth grita e me dá um forte abraço. Ela é minha vizinha e também a avó do Ethan.
-Oi, Tay! Vamos?- Ethan desceu as escadas correndo. O garoto usava uma camisa de anime, tênis preto da Vans e um macacão shorts.
-Bora! Tchau senhora Ruth.- Aceno enquanto caminho até minha bicicleta novamente.
-Tchau, vó!- Ethan gritou e correu atrás de mim. Ele estava com sua bicicleta também.- Tay, você viu aquele anime que te falei? É sério, você vai adorar! É exatamente o tipo de coisa que você gosta.- Ethan disse subindo em sua bicicleta com um enorme sorriso em seu rosto. Félix encarou a gente e os outros garotos riram novamente. Eles estavam julgando a gente pelo olhar...
-Vamos logo, Ethan..- Falei e abaixei a cabeça enquanto subia em minha bicicleta novamente. Ethan me encarou e depois olhou para Félix.
-Taylor, você quer me contar alguma coisa?- Ethan soltou sua bicicleta e se aproximou de mim. Ele colocou a mão em meu ombro e por algum motivo, eu senti vontade de chorar. Nada saia da minha boca, nem se quer um suspiro. Eu encarava Ethan em silêncio enquanto tentava evitar as lágrimas.
-Eu só quero sair daqui...- Sussurrei e ele acenou com a cabeça. Ethan subiu em sua bicicleta e saímos de lá.
Paramos em frente a um parque da cidade, não havia ninguém lá. Deixamos nossas bicicletas na grama e sentamos na calçada.
-Tá tudo bem, pode chorar.- Ethan me abraçou e eu não consegui evitar, coloquei a mão no rosto, só queria que aquilo acabasse logo.
-Eu sinto que todos estão me julgando o tempo todo, isso é tão ruim, Ethan...- Falo e ele me puxa para mais perto.
-Eu sei, mas calma. Você é incrível,Tay, ninguém pode dizer o contrário. Você é especial.- Ethan diz, aquilo só me deixou pior.
-Eu não sou especial, Ethan! Eu só sou mais um garoto idiota que tem medo que as pessoas descubram quem ele é, tenho medo que me julguem... Eu sou só um menino medroso.- Me levanto secando as lágrimas e encaro ele. Ethan estava parado, sem saber como reagir. Ele respira fundo, se levanta e vem em minha direção. O garoto segura minhas duas mãos, seus olhos fixos aos meus.
-Talvez você não se ache especial, mas você é muito mais que isso para mim, Taylor.- Ele diz com a voz suave, quase em um sussurro. Ethan sorriu e soltou minha mão, pegou sua bicicleta e foi embora. Eu não sabia o que fazer, então só continuei ali, parado. Eu sou tão importante assim para ele?
Ethan:
Eu sai de lá pois não queria chorar na frente do Taylor, não de novo. Parei em frente a minha casa e me sentei na calçada ainda chorando. É tão complicado não conseguir entender meus próprios sentimentos.
Ainda estou sentado na calçada, escuto alguma pessoa se aproximando.
-Ei! Você é amigo do Tay, não é?- Aquele menino que estava com o Taylor hoje mais cedo perguntou.
-Sou sim.- Respondi secando as lágrimas e olhei para ele.
-Avise-o que o Félix está procurando por ele.- O garoto diz e sai de lá. Esse metidinho realmente acha que vou fazer isso sem saber o que ele quer com o Tay? É claro que não.
Me levantei e entrei em casa. Liguei meu computador, vou assistir alguma coisa para esfriar a cabeça. Havia uma mensagem da Emily, mas eu ignorei, não sei se ainda gosto dela. Mas outra mensagem chamou minha atenção.
|Desconhecido| Não esquece de avisar o Taylor, é importante! Ah, eu peguei seu número com sua avó. Aproposito, sou o Félix.|18:04|
Que cara idiota, não vou fazer nada disso. Espero que o Tay esteja bem, não quero esse otário deixando ele mal.
Taylor:
Eu já estava em casa, trancado no meu quarto afogando as mágoas em um papel e um lápis. Desenhar é minha única terapia. Escuto alguém subir as escadas, a porta está trancada então tanto faz.
-Taylor?- Minha mãe bateu na porta, não respondi nada. Pego meu celular e fones de ouvidos, entro em uma playlist e deixo o volume no máximo. Senti as lágrimas em meu rosto e aquele aperto no coração, eu nunca me senti tão mal quanto hoje. Sinto que tenho que falar a verdade para minha mãe, mas e se ela me odiar? E se ela nunca mais querer me ver? Só uma pessoa pode me ajudar.
|Você| Ethan, quero me assumir para minha mãe, o que você acha?|18:25|
|Ethan| Vai com tudo! Se precisar estarei aqui.|18:27|
É isso, vou contar para minha mãe.
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PECADOR
Roman d'amourUma história sobre dois garotos, Taylor, um menino de 16 anos, se descobriu homossexual a pouco tempo e não sabe como lidar com seus problemas e as mudanças em sua vida. Ethan, um garoto de 15 anos, está confuso com seus sentimentos e tem medo do qu...