Preludio: O Som do trovão

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Vocês já olharam para o céu no seu crepúsculo?! É quase como se, tudo fosse pintado de uma forma diferente a cada dia, uma nova paisagem a cada pôr do sol. Ou já se perguntaram, se é possível tocar as nuvens, eu sonhava em tocá-las, mesmo que, só por uma vez. Eu não culparia nenhum de vocês, se me dissessem que nunca notaram ou indagaram algo assim. Afinal de contas, vivemos com nossas mentes vagueando pelo futuro, quando não, presas em nosso passado, como se a vida fossem pequenos intervalos entre a depressão pelo que não temos, a ansiedade do que ainda vamos conseguir, e o vazio de quando conquistamos...

Parece solitário vendo desse modo, não? Na verdade, é sim. Bem, eu já ia me esquecendo, eu não me apresentei. Eu sou Leonardo, mas podem me chamar só de Léo. Minha mente sempre ficou presa, dentro dela mesma. Não é algo que eu possa controlar. Sim! Acredite quando eu digo que eu já tentei parar as "tempestades", todas as tentativas sem efeito. Minha infância foi um aglomerado de frases como: "Mãe, o corpo do seu filho está na cadeira, mas sua mente parece ter saído..." Acontecia também, de estarem falando comigo, um determinado assunto, e eu me atentar aos movimentos das mãos, cores da roupa, a forma que a pessoa pisca, vocês já notaram que todo mundo pisca de uma forma diferente?! É quase como se todo mundo tivesse seu próprio "tique" ... Nossa, me desculpem... acho que eu "fiz de novo", como eu disse, não consigo controlar.

De certo modo, pode parecer "fofinho" ou "interessante", esta condição, entretanto, por ter um mundo tão meu, eu não consegui criar laços... Não fui capaz de ser focado o suficiente, ou talvez... Bom? O suficiente... Lembra dos intervalos sobre o que é viver? Acho que estou preso no primeiro deles. O meu maior sonho era ser amado... Antes que digam algo a respeito, eu já escutei que esse não deve ser meu sonho, não podemos nos apegar a algo tão mínimo para viver... Corta essa! É fácil dizer que algo não é tudo quando já se tem esse "algo". Eu fiz de novo... Olha, por mais que eu tenha me apresentado de forma mais profunda do que o necessário, essa não é uma história sobre as partes rasas da vida, mas sim sobre, como eu encontrei o amor em meus sonhos.

Eu sou professor, meu trabalho é ensinar as pessoas a serem bons no que eu sou bom. Seria pretensão da minha parte, colocar assim? Agora já foi! Ah! Claro. Vocês devem estar querendo saber a matéria que ensino né?! Ou talvez não, mas essa curiosidade né, eu consigo imaginar os olhos de vocês correndo por essas palavras ansiosos pelo que esta por vir... tá! tá! Eu fiz de novo... Eu dou aula de música. Toco oito instrumentos, e canto bem também! Minha infância foi atormentada pela "Tempestade", mas por algum motivo, quando estou na música, o tempo abre...

Já estou nessa a quatro anos, eu toco a mais tempo, más só decidir ganhar dinheiro com isso a quatro anos. É interessante como os meus alunos acabam por aprender algo que levei dias para entender, em apenas uma ou duas aulas. E ainda mais intrigante, como, muitas das vezes sou eu que aprendo com eles. Eu dou aula particular e presto serviço para algumas escolas, funciona bem. Até que, parou de funcionar. Sempre procurei manter minha "Tempestade" ativa, a desordem dos meus pensamentos me ajuda a não pensar em coisas ruins, e o trabalho me dava esses pequenos momentos de felicidade, porem, naquele mês, perdi muitos alunos. Minha renda foi do total para metade da metade, eu estava desesperado, como eu ia pagar minhas contas?! Como eu iria comprar minhas coisas?! Como eu... iria comprar comida apenas para enganar minha tristeza?

Quando a "Tempestade" parou, não consegui focar no cheiro da terra molhada, ou do arco-íris, se é que havia um ali, eu só pude notar as árvores sobre os carros, a falta de energia e toda a destruição. Eu me prendi no primeiro intervalo da vida. Minha mente não estava desorganizada, eu conseguia ter clareza sobre meus sentimentos negativos e suas causas, como o som de um trovão que antecede o raio, criando um medo antes mesmo do disparo de energia, eu estava, possivelmente embaixo de uma árvore, à espera do pior. Esse sentimento é tão volátil, que me causou dor ao ver coisas normais. Eu estava tão preso em emoções que a felicidade dos outros me causava dor. E foi aí que me veio a tona o meu maior desejo: ser amado.

Sempre que presenciava qualquer demonstração de afeto entre casais ou pessoas apaixonadas, eu sentia uma dor, como uma flecha que perfurava meu coração, e se alojava no meu peito. Uma dor espiritual, ela não sangrava, mas me fazia me sentir como se estivesse prestes a morrer, não de uma vez, de pouco a pouco. E foi nesse caos, que ela apareceu...

Como eu encontrei o amor em meus sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora