2 - Vivências

787 56 137
                                    

𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐎𝐒 𝐎𝐋𝐇𝐎𝐒 ardendo, praticamente sendo empurrado pela Baiana que tinha agora uma sacola de mercado em mãos com as comidas que compramos na cidade, me encarando como se eu estivesse prestes a morrer assustada.

Eu sei lá quanto tempo eu dormi, mas sei que não foi muito, provavelmente depois que eu empurrei o carro eu cai morto dentro do carro e lá puxei um sono sinistro.

— Dormir demais é sinal que vai morrer cedo. - escorado fora do carro, diz com dificuldade o gostoso que acha que vai viver até os mil anos fumando sei la quanto por dia.

— Não fode agora não, caralho. - custava o que ter me beijado aquele dia? porra que ódio.

— Oxe, tu comeu o que? - pergunta a outra terminando de fechar o carro, enquanto seguia com algumas sacolas em mãos.

— A questão é o que eu não comi, né? - finalmente botando minha cabeça pra fora daquele forno. Me deparando com um vampiro tomando sol do meu lado foi de fuder. Acho que fomos os primeiros à chegar na casa já que não tinha outros carros ali, e ó, não querendo falar nada não, mas as que eu alugo são melhores.

A casa era cercada por um gramado baixo, de dois andares generosamente grandes com um terraço à cercando por inteiro, tinha uma muretinha também e armador de rede por todo canto. Uma piscina larga à esquerda, um pouco suja porque provavelmente ninguém usava essa casa pra férias à um pouco tempo. Ah e tinha também um grande pé de manga praticamente do lado do nosso carro que dava uma ótima sombra.

— A casa é essa mesmo? - me viro para trás encarando o engomadinho com aquele bicho que ele leva pra todo canto, o acariciando como se fosse uma madame de novela.

— Pois é né. - disse o outro fumante, olhando a casa de cima à baixo tragando enquanto ia cumprimentar o outro.

O branquelo e a madame tinham uma grande amizade até, chegavam à serem parecidos se você colocasse uma peruca preta no paranaense e um cigarro na boca não ia ter nenhuma diferença!

— Cade o 'teu namorado? - pergunto cobrindo os olhos com a mão, vendo o mesmo apontar com a mão para a churrasqueira lá do outro lado da casa. Daí eu tirei, o outro faltava pular de alegria depois de ver a churrasqueira toda lascada lá no fundo enquanto olhava atentamente para todos os detalhes e conferia as grelhas.

— Meu mano, nunca vi uma árvore mais bonita. - puta que pariu que susto da porra, eu nem vi o amaconhado do meu lado enquanto sorria que nem idiota pro pé de manga.

Tem doido pra tudo.

Me virando para trás com a música alta que tocava, eu so consegui ver Ceará com o braço apoiado na janela com Pará no volante junto à galera do norte. Tocantins botando o celular para fora junto à Rondônia, enquanto Amazonas retirava a touca de cetim azul clara encarando a casa dando um sorriso para capixaba logo atrás de mim meio atordoada por ter dormido a viagem inteira. Logo atrás da amazonense estava Amapá com a cara de cu típica, do seu lado Roraima de fone com o rosto virado pro outro lado, e por fim Acre que dormia agarrado à um travesseiro.

— 'Ihul, cadê a diversão meu povo? - diz o doido, dando o típico grito acompanhando Pernambuco e Sergipe que eu nem vi que tava do meu lado até gritar alto pra cacete, assustando uns segundos depois Maranhão que comecou a rir que nem idiota e gritou também. — 'Valheime, e essas cara de cu ai? - já fora do carro parou de braços cruzados perto do grande portão de madeira junto as paredes brancas que cercavam toda a casa.

— Com esse sol ninguém fica feliz né, daí? - disse o paranaense arrumando ridiculamente os óculos escuros que usava, fazendo o paulista logo concordar também, principalmente por estar sem camisa naquele calor, e estar suando e com aquela cintura no sol parecia que 'tava brilhando e-

𝐃𝐄𝐋𝐈𝐑𝐈𝐎𝐒 - pauneiroOnde histórias criam vida. Descubra agora