Depois que EU morri

Capítulo Dois - Quem é você?

Ela me olhou com uma cara de dúvida. Precisava voltar ao meu personagem.

— Claro que eu sou o Larry, quem mais eu poderia ser?

— Eu sei, mas isso soou muito estranho... Você falou em terceira pessoa... — Eu a interrompi.

— Desculpa, me expressei mal, apenas esqueça isso.

— Você é muito estranho... — ela me encarou com uma expressão neutra. — Vamos esquecer isso e terminar nossa refeição.

Continuamos comendo, tentei pensar em algo para quebrar o silêncio, mas falhei. Acabou que terminamos de comer, ela se ofereceu a pagar a conta e eu concordei. Não sabia o que fazer naquela situação.

No caminho para o carro, ela parou e dirigiu todo o seu corpo a mim, e falou enquanto me encarava:

— Você sabe o propósito dessa refeição, não é?

— É sobre casamento?

— Sim, mas não vou me casar com você.

Fiquei surpreso com a resposta dela, o Larry era bonito e rico, o que mais ela poderia querer?

— Por que não? — perguntei confuso.

— Você não faz o meu tipo.

Eu sei que não sou o Larry, mas não pude deixar de me senti ofendido.

— Não? Nem um pouco?

— Não. — ela repetiu. Fiz uma expressão triste, estava decepcionado. — O que foi? Queria se casar comigo?

— N-Não, quero dizer, está tudo bem! Vamos apenas seguir nossas vidas.

Leah tinha uma personalidade muito peculiar, ela falava sobre isso com uma facilidade, de uma maneira tão direta, eu não estava acostumado, nem sabia como agir.

— Hmm... — ela hesitou.

— Pode falar!

— Gostaria de te pedir um favor... — assenti e ela prosseguiu — Gostaria que pudéssemos fingir, por um tempo apenas, que decidimos nos casar. Assim minha mãe poderia parar de me arranjar encontros por um tempo... o que você acha?

— Ok, deixar eu ver se eu entendi. Você não quer casar comigo, mas quer fingir que vamos nos casar? É isso?

— Sim — ela fez uma expressão fofa e sorridente. — Você vai aceitar? Você também vai se beneficiar.

— É, eu acho que sim.

— Ótimo! Vou considerar isso um sim.

Depois de falar, ela se dirigiu ao carro e entrou. Eu não poderia fazer muita coisa sobre tudo isso, e realmente, o fato de não ter que sair por aí em encontro me economizaria muito tempo. Levei Leah para sua casa e depois voltei para a casa do Larry.

Quando cheguei, notei que recebi uma mensagem:

"Oi! Obrigada pela noite. Hoje foi meu aniversário e graças a você não foi um dia tão ruim. Sobre o que concordamos, por favor, não mude de ideia. Muito obrigada, e até mais! — Leah".

Eu nem poderia imaginar que era aniversário dela, me senti mal sobre isso e resolvi pedi que a Srta. Franciny comprasse uma torta e um buquê e mandasse para Leah por mim. Também respondi às mensagens da mãe do Larry sobre o encontro, ela ficou extremamente feliz em saber que o Larry iria se casar.

Comecei a pensar sobre o suicídio do Larry, mas não importava o quanto eu pensasse, nada fazia sentido. O Larry realmente cometeu suicídio? Se sim, por quê? Ele foi parar no meu corpo? Quem me matou, e por qual motivo? Não tinha respostas para nenhuma das minhas perguntas.