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Abro os olhos, minha cabeça ainda está dolorida, minha visão meio turva, o que aconteceu? onde estou?

- Aiden! Meu deus você finalmente acordou. - escuto uma voz e a reconheço no mesmo instante. Assim que abro completamente os olhos, sinto seus braços à minha volta, me apertando tão forte quase me sufocando.

Ezra.

- Ezra!, o que aconteceu? - O pergunto atordoando tentando me lembrar - Onde nós estamos?

- Estamos no palácio. Você desmaiou depois que... aquele homem o atingiu com uma faca. - diz ele, tremendo ao se lembrar - Eu fiquei tão assustado, merda, eu achei que tivesse perdido você. - seus olhos se enchem de gotas da água.

- Os guardas do palácio nos acharam, aconteceu tudo muito rápido, eu tentei te chamar de todas as formas mas você não me respondia. você estava inconsciente, de qualquer forma aqueles caras não tiveram chance alguma! A maioria fugiu quando notaram que eram os guardas da realeza.

de repente, enquanto ele falava, ondas de flashbacks me atingem, eu e Ezra fugindo do palácio, Ezra caindo sobre uma mercadoria e se machucando, as pessoas à nossa volta nos encarando como se fossemos anormais 

merda,como deixei aquilo acontecer?, Pensei comigo mesmo. Ezra podia ter morrido e seria tudo culpa minha . Sinto vergonha e culpa me atingirem como se fossem um soco no estômago.

- Mamãe e Papai sabem - continua ele, interrompendo meus pensamentos - e eles estão furiosos.

de repente uma porta se abre, nos assustando, é Martha, nossa governanta.

- Senhor Aiden! O senhor acordou - diz ela soltando um ar de alívio e sorrindo - fico tão feliz e aliviada em finalmente vê-lo acordado e bem, em ver vocês dois bem.

Martha era como uma mãe para nós, ela praticamente nos criou, e mesmo insistindo em nos chamar de senhor desde quando nós entendemos por gente, ela era da família.

- os pais de vocês os aguardam no salão principal.

É isso. Estamos fudidos.

Respiro fundo e solto tentando não imaginar o pior, mas sei o que está por vir 

- Já estamos indo, obrigada Martha.

Ela faz um sinal de concordância com a cabeça e se retirou, fechando a porta novamente.

- e agora que vamos fazer ??? Eu não quero descer lá, Aiden. Eu estou com medo - diz Ezra me encarando como se eu fosse simplesmente arrumar uma solução do nada.

- Não temos para onde fugir, acho que dessa vez teremos que encarar as consequências. - digo a ele, Ele sabe que estou certo.

Ezra fica com uma expressão de pensativo.

- Nós podemos pular a janela novamente, não é uma má ideia. É melhor que encarar nossos pais. 

Por um segundo eu realmente penso na ideia. Mas desisto ao lembrar que foi exatamente assim que acabamos entrando nessa.

- Sinto muito irmãozinho, mas desta vez vamos ter que lidar com a responsabilidade. E vamos descer logo antes que eles fiquem mais bravos ainda por os deixar esperando. - digo me forçando a sair da cama em que estava, meu corpo ainda dói, notando só agora que levei alguns pontos na barriga.

Eu realmente espero que isso não fique marcado.

Olho para Ezra e percebo que ele também ainda sente dores pelo corpo ao se movimentar. Bom, ao menos ele não parece ter tido que levar pontos também, suas feridas já estavam cicatrizando.

- vamos. - digo o puxando e ao mesmo tempo o usando como apoio.

Assim que descemos para o salão principal, dou de cara com nossos pais nos encarando, papai nos olha fúria nos olhos, mamãe parece está entre decepcionada e brava. Engulo seco, nervoso, olho para Ezra, ele tem a mesma reação que eu.

- Eu não acredito nisso! Como você pode ser tão irresponsável!? - dispara papai furioso olhando em minha direção - Você só tinha um papel! Um! que que era cuidar de seu irmão e mesmo assim falhou. - ele cuspia demonstrando toda sua raiva no seu tom de voz rígido.

- Meu bem, se acalma! Ele é só uma criança. Não sabia o que estava fazendo - tentou intervir mamãe, mas foi inútil.

- Uma criança? Uma criança Amélia!?, ele é um irresponsável isso sim. Um imaturo. Você não ver? 

- Não foi culpa do Aiden! - interrompe Ezra, sua voz falhando, ele quer chorar. - ele só estava tentando me proteger.

- Chama isso de proteger? - debocha papai - Parabéns Aiden! que belo trabalho o seu então. - diz em um tom de sarcasmo.

Sinto-me incapaz de reagir, diga alguma coisa, penso comigo mesmo, mas não ouso dizer uma palavra sequer, não consigo dizer uma palavra sequer.

- Você não tem nada a dizer? Vai ficar aí parado apenas nos encarando, nos fazendo de bobos? - ele parece ficar irritado cada vez mais - Vamos Aiden cadê sua coragem agora ? Você não teve coragem suficiente quando decidiu fugir? Estou esperando sua resposta.

Olho para o chão sem saber o que dizer, sinto um nó em minha garganta, um bolo se formando. eu não posso chorar, não agora.

Então papai, furioso, vem em minha direção, sinto meu corpo gelar.

- Vamos lá! Diga alguma coisa ! - ele agarra meu braço agarrando me sacudindo e depois aperta meu meu rosto com tanta força, que sinto-o doer. Ele faz com que eu o encare.

Mamãe corre em nossa direção e o separa de mim no mesmo instante, ela o empurra para longe, se colocando entre mim e ele.

- Já chega disto! Eu não tolero violência. Principalmente contra os meus filhos. Estamos aqui para conversar com eles, os aconselhar e os ensinar o caminho certo. E você não está ajudando em nada agindo como um tirano.

- São meus filhos também, caramba! Faço com eles o que eu bem entender! Eles precisam aprender que existem consequências. - rebate papai - você não pode protegê-los para sempre,Amélia. 

- Eu sei muito bem disso, Edgar. Mas enquanto eu estiver viva não irei deixar ninguém fazer mal algum a eles. Nem mesmo você se for preciso. 

Papai se enche de fúria pronto para começar uma nova discussão mas Ezra o interrompe.

- Já chega!, parem de brigar por favor, eu não aguento mais isso. - grita Ezra, tremendo, deixando lágrimas escaparem.

- Olha quem sabe falar... - diz papai virando-se para o encará-lo - tá chorando por que ? Em seu imprestável!? se recomponha agora, está me envergonhando, Como espera se tornar alguém igual a mim, um rei, se chora igual a uma menininha assustada e se esconde nos braços da mamãe.

- Eu prefiro morrer ao me tornar alguém como você. - cuspiu Ezra.

Em seguida, o som de um estalo ecoa por toda sala 

Papai acabou de dar um tapa no rosto de Ezra, o deixando com uma cicatriz em sua bochecha, próximo a sua boca.

Ezra sai correndo e eu o sigo 

Antes de sair completamente da sala, escuto mamãe dizer

- Escuta aqui Edgar. Eu cansei de você. Eu mereço respeito e seus filhos também. Você não vai mais encostar um dedo neles está me ouvindo!? 

Nunca a vi tão furiosa.

Papai não responde, apenas olha para mim relance, e seu olhar contém a mais pura raiva.

Saio da sala ignorando seu olhar e indo atrás de Ezra.

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