Realmente, em pleno século XXI, como essas virgens ousavam entrar na faculdade?! Hey, todos nós sabemos que universitárias são descabaçadas.
É, Marina! Como você ousa estar a dois anos cursando faculdade com um hímen?!
Perdedora.
Nah, ser virgem tem lá seu lado bom. Por exemplo, todos sabemos que virgens são melhores em MOBAs.
Mentira, não são.
Bem, o fato de eu ser uma pessoa sem iniciação sexual não é um segredo mas ninguém precisa ficar sabendo. É algo que eu guardava a sete chaves, 3 comigo, 3 com minha melhor amiga - Maria Eduarda - e a outra com sei-lá-quem seja a divindade desse mundinho mais ou menos.
Isso foi até a festa de ontem.
Ok, desculpa, maaaas eu precisava fugir daquele "coiso" estuprador de algum jeito e eu não estava disposta a perder minha virgindade com um calouro bêbado, obrigado. Eu sei que não deveria ter gritado "Porque sou virgem" quando ele perguntou o porque de eu não querer transar com ele. Aparentemente ele era rico e bonito, não estava acostumado a receber muitos "nãos".
Desculpa de novo, eu deveria ter inventado alguma desculpa, porém não funciono em pressão.
A razão agora é que...
As pessoas podem ser realmente incômodas quando querem.
Eu caminhava em passos longos, abaixando a cabeça para não ter que encarar todos os olhares direcionados a mim, enquanto caminhava até a minha sala.
Ah, qual é! Ser virgem não é algo tão polêmico assim! Eu tinha muitas amigas assim! Bem, quando eu tinha 14 anos. Mas ainda assim, virgens!
Joguei minhas coisas na cadeira e comecei a mexer no meu celular, não estava afim de ficar concentrada nas fofoquinhas sendo formadas na sala.
Vi alguns dedos surgirem na minha tela e mexerem apressadamente e aleatoriamente
- É touch? - a voz doce de Duda soou como um sussurro um pouco fora do tom.
- Infelizmente - fiz uma careta vendo a bagunça que ela fizera, dando um like na foto de alguma vadia que tinha me adicionado e a mesma disparou a rir
- Você supera - ela sentou na minha frente e virou seu corpo para trás, com intenção de me encarar, os olhinhos dela brilhavam e eu já soube
"Lá vem bomba", pensei.
- Diga - suspirei
- Arthur quer ficar com você, Trougan.
Arthur... Quem será esse cara na fila do pão? Franzi a testa e tentei lembrar de algum ser com esse nome.
- Ah! - Estalei os dedos - O moreno!
- Esse mesmo - a loira afirmou com a cabeça
- Qual o motivo do interesse repentino dele? - dedilhei a mesa, produzindo um barulho relativamente irritante com a ponta das unhas
- Seu cabaço?
- Já disse alguma vez que amo sua sinceridade?
- Já sim, mas não faz mal escutar de novo - ela piscou o olho direito, me fazendo rir.
- Fala para ele que eu não interessada - peguei um lápis e coloquei sobre a boca, o equilibrando - É um tipo de fetiche comer uma virgem? - falei, deixando o lápis cair assim
- Sei lá, não sou um garoto - ela deus ombros - E ter uma virgem deve ser um nojo, imagina todo aquele sangue escorrendo nos seus dedos? - Duda fez uma careta
- E a sua namorada não reclamou disso quando tirou sua virgindade, que eu saiba - olhei feio para ela
- Eu perdi minha virgindade com um cara. - ela deu ombros - AÍ descobri que essa não era minha praia.
- E o que te fez descobrir isso? - dei uma gargalhada
- Pelos, Mari. Pelos pelo corpo inteiro. Eles não depilam. É nojento. -ela contorceu o rosto em uma careta de nojo. Obviamente esse não fora o motivo, mas ela tem esse maldito dom de fazer todo mundo rir. O que me inclui. Gargalhei, fazendo algumas pessoas virarem o rosto para ver o que aconteceu.
Me encolhi, como se pedisse desculpa silenciosamente.
Todos voltaram a fazer o que tinham que fazer, mas um olhar continuava cravados em minhas costas. E dei graças a Deus por Maria Eduarda ter percebido.
Ela ajeitou sua coluna, de forma que parecesse uma delinquente, abriu as pernas e começou a encarar o garoto e levantar o queixo como quem diz "Tá olhando o que, babaca?"
Já falei que ter uma amiga tatuada era a melhor coisa do mundo? Haha!
Duda voltou a sua postura ereta normal, fazendo-me concluir que o cara se sentira intimidado e voltara a cuidar da sua vida.
Poucos minutos, sra. Lobos entrou na sala. Ela tinha aproximadamente 50 anos e carregava uma coluna torta devida aos seios fartos apesar do pouco peso na juventude. Os cabelos negros, recém-pintados, estavam presos em um rabo de cavalo baixo. Uma mexa lisa se soltava do arranjo de cabelos e apesar de todas as rugas realçadas pela pele pálida ela parecia ser muito bonita. Não suficiente para receber cantadas frequentes dos alunos como a srta. Roriz, professora de Direito Civil, que poderia ser considerada uma perfeita versão da Elizabeth Halsey* com menos cocaína.
A aula foi bastante produtiva, um casal se abraçando estava desenhado no meu caderno agora. Humidilmente admitindo, eu tinha um certo dom para a coisa. Quando olhei em volta, não tinha mais ninguém na sala. Um papel rosa enfeitado com a Jolie repousava na mesa a minha frente com um grande "Mari" escrito.
Abri o pequeno bilhete e li as palavras escritas na caligrafia quase indecifrável da Duda."A Gabi estava dando mole para mim e como eu tenho carne fraca, você sabe! E como você estava perdida no seu mundo, resolvi não te acordar!
Com amor, sua amiga mais gostosa.
E a mais lésbica também ;D
Xoxo, Duda"Essa idiota. Revirei os olhos ao ler e deixei um riso bobo escapar.
Senti uma respiração quente no meu pescoço, meus pelos se eriçaram e uma risada masculina leve foi soou atrás de mim.
A mão percorreu meu ombro, me fazendo ficar estática.
- Então quer dizer que você ainda é virgem - o nariz dele roçou de leve no meu pescoço.Puta que me pariu de quatro em uma banheira de motel.
Primeiro conselho: Todos os homens são lobos malvados. E você é só uma ovelhinha que se perdeu do rebanho. Não se engane, mesmo se ele usar uma pele de cordeiro.
*Professora sem classe