Bad Blood pjm x jjk

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Olhando para as diversas caixas espalhadas pelo chão da casa, o garoto de lábios gordinhos acabou suspirando alto, fazendo  o som ecoar por toda a casa. Era um fato inegável que a preguiça que sentia só de imaginar o trabalho pela frente o impedia de arrumar a bagunça. A mudança repentina e mal planejada refletia em si a vontade avassaladora de fugir dos seus próprios medos. Acabou por se  jogar de costas no chão gelado da sala, permitindo-se  fechar os olhos por alguns minutos. Ainda se sentia um covarde, mas tinha esperanças que assim que o amigo passasse pela porta da sala, todo o martírio iria sumir como a poeira acumulada nos cantos das paredes.

Decidido a  pôr fim à preguiça, se levantou colocando as mãos na cintura. Mudanças sempre dão dor de cabeça, mas ainda teria móveis para arrastar, itens de cozinha para organizar nos armários e tudo isso ele teria de fazer sozinho. Começou então a faxina pelo corredor e abriu as caixas de papelão espalhadas sobre o colchão. Retirou seus livros, quadros e tudo mais que lembrava da vida antiga, quando era feliz dançando sobre os palcos com os dois melhores amigos. Claro, ainda não sentia a melancolia que só os dias monótonos da nova vida podiam lhe dar, mas ainda assim lembrava-se do seu eu antigo com carinho.

Enquanto isso, na casa ao lado do novo morador barulhento, seu vizinho  impaciente tentava manter a concentração em um novo compromisso inadiável com seu trabalho. Suspirava e tentava sem sucesso correr os olhos pelas letras miúdas, mas não conseguia distinguir ou até mesmo absorver o que estava lendo. Já apresentando sinais de chateação, empurrou com as duas mãos apoiadas na mesa do escritório, sua própria cadeira, abrindo espaço para se levantar.

Para Jungkook, ser alguém inteligente e eficaz ao mesmo tempo, era questão de conhecimento e esforço. Podem até  saber tudo sobre matemática, português, música, pintura e outras coisas mas, sobre comportamento e postura? Na sua profissão não basta ter apenas inteligência, dicção e saber sobre leis. Precisaria por fim saber lidar com as pessoas, fazer com que elas entendam o que queria mostrar, convencê-las que suas palavras eram  fatos e com isso, fazerem exatamente o que queria. Por aquele motivo era um advogado de sucesso. Casos perdidos? Gostava de desafiar e pedir com bom humor aos colegas de trabalho que apontassem ao menos um em sua carreira de eficácia e seu eu competitivo jamais o deixaria chegar perto do fracasso.

Park Jimin continuou arrastando caixas e mais caixas de utensílios domésticos, enfeites, livros, colchas de cama e almofadas. Tentou arrumar o máximo que podia, mas estava muito cansado para posicionar os móveis de acordo com a decoração que fazia sentido em sua cabeça. Então, embalado pela brilhante idéia de sair de casa e mesmo descalço atravessar o gramado de seu jardim, marchou na ponta dos pés até a casa ao lado. Hesitou com vergonha por alguns minutos antes de bater à porta do vizinho. Aquela casa tinha um ar estranho, tão escura e fechada, sem sequer apresentar algum sinal de vida além do jardim bem cuidado. Era uma casa bonita, de dois andares, com extensas trepadeiras se estendendo pela parede, enraizando nas janelas fechadas, descendo até a porta de madeira talhada. Fechou o punho e bateu gentilmente com os nós esbranquiçados dos dedos gordinhos, imaginando que a qualquer momento sairia dali um senhor de idade  rabugento.

-Olá! O senhor poderia me ajudar ? Sou seu novo vizinho ! - tentou falar um pouco mais alto, mas estava acanhado, e isso fazia com que sua voz morresse aos poucos no peito.

Em um primeiro momento, Jungkook ignorou o barulho em sua porta. A vizinhança onde morava não era lá essas coisas, mas era calma, e um ocorrido como este raramente acontecia, então julgou não ser importante e deixou de lado. O cansaço mental de fato já estava lhe torrando a paciência. Com três botões da camisa abertos mostrando um pouco do peitoral e as mangas arregaçadas acima do pulso, permaneceu sentado em frente a mesa cheia de papéis, tentando entender um caso que poderia ser ou não aberto e isso dependeria de uma averiguação minuciosa, mas  a concentração foi interrompida novamente graças a alguém que batia insistentemente em sua porta. Ninguém tinha feito isso antes, justamente pelo fato de ele manter tudo fechado, queria manter distância de muitas pessoas porém, algo a mais chamou sua atenção. Um cheiro diferente, peculiar, fazendo-o levantar  para saber quem estaria atrás da madeira velha da entrada.