🖼 " prólogo. ʾʾ "

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2 ANOS ANTES

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2 ANOS ANTES...

Existe uma lenda chinesa muito antiga que meu pai costumava contar quando eu era pequena, nela é dito que o seu rosto atual é o mesmo o de quem você mais amou na vida passada.

Uma troca feita pelo destino para que na próxima vida o outro sentisse o que você sente quando o observa. Quando o toca.

Eu pensava ter encontrado o amor. O meu rosto do passado. O pedaço da minha alma presa em outro corpo.

Doce ilusão.

O desgosto saiu de meu coração, subiu a garganta e por fim, deixou um gosto amargo em minha boca ao mesmo tempo que uma vontade inexplicável de rir me atingiu.

Era definitivo, meu rosto não pertencia a Liu Yang.

—– Mama, a senhora já conferiu tudo isso quatro vezes desde que saímos de casa, se acalme —– pedi com a voz suave.

Mas a mulher de fios castanhos a minha frente apenas ignorou meus pedidos - mais uma vez - enquanto revirava minha mala. Entendo que ela está nervosa, mas eu também estou e é bem difícil fingir normalidade diante daquilo tudo.

—– Meu doce, entenda que eu só quero que nada te falte —– respondeu finalmente fechando minha mala.

Suspirei já cansada, o barulho de zíper abrindo e fechando toda hora me estressava mais do que eu poderia por em palavras.

Sair do meu país sempre foi um sonho, porém aquela situação não era exatamente o que eu chamaria de sonho, estava mais para um pesadelo do qual não conseguia acordar. Pelo menos terei meu pai sempre ao meu lado.

É um conforto saber que se o choro vier de novo, o ombro dele estará lá para ser molhado pelo líquido salgado e seus braços irão me acalentar em um carinho tão singelo, mas tão importante a qual o demos o nome de abraço.

Olho para o pequeno relógio rosé em meu pulso com o coração latejando de dor ao constatar que chegara a tão temida hora do adeus.

Volto meus olhos para mamãe e sem que eu precise dizer uma palavra, ela me abraça forte. Os olhos queimavam e um sentimento avassalador tomou conta de mim pela milésima vez desde o início das malditas oitenta e duas horas anteriores.

Queria muito chorar. Dizer com meu corpo que eu sentiria saudades, mas todo o corpo estava fraco e frágil. Meus olhos não produziam mais lágrimas porque já as gastaram demais. Então, só me resta dizer com voz embargada.

—– Te amo mamãe, ligue todos os dias, sim? Vou sentir tanta, mas tanta a sua falta.

A saudade já me consumia antes mesmo de partir.

Depois de ver a mais velha balançar a cabeça de forma frenética em uma afirmação silenciosa, desprendi meus corpo do meu lugar favorito. O abraço da minha mãe.

Quando por fim embarquei, não olhei pra trás. Não me deixei prestar atenção no choro alto de uma mãe que deixei pra trás nesse inferno que um dia fui ingênua o suficiente em chamar de casa.

Doía muito, mas eu sabia que doeria mais se eu permanecesse aqui.

Me apegando ao único fio de esperança que me restou, eu rezei. Rezei que a vida que eu recomeçaria em Seul fosse completamente diferente da que eu vivi durante toda a minha existência em Xangai. Rezei para que mesmo não indo procurar meu rosto de outra vida, eu o encontrasse, apenas para ter certeza que o mesmo amor que partiu sua alma, horas antes, não fosse o mesmo destinado a fazer sua existência mais feliz neste mundo.

Amar não deveria machucar. Continuei rezando durante todo o voo. Rezei para todas as entidades que conhecia. Só parei de rezar, quando, enfim, cheguei a Coreia.

Senti os ombros tremendo em mais puro alívio. Um país novo, uma chance nova. Meu velho e bom pai. Um recomeço ao lado da segunda pessoa que mais amava.

O sorriso tímido que se espalhou pelo meu rosto não poderia significar outra coisa se não esperança.

—– Bem vindos à Seul! Esperamos que façam boas memórias em nossa cidade.

Muitas vozes se confundiam dentro do gigantesco aeroporto. Todas desejando coisas positivas.

De repente, Annchi se viu desejando que aquelas frases robotizadas da mulher atrás de si fossem verdadeiras.

"Boas memórias? Bem, é o que todos buscamos no fim do dia, não é?"

Com esse pensamento em mente, ela começou a caminhar até a saída do aeroporto, que, por mais irônico que fosse, era o início de sua nova vida.

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⏰ Última atualização: Oct 25, 2023 ⏰

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