Capítulo 2

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POV - Hugo

Cheguei no prédio onde minha tia e eu moramos, tranquei a bicicleta e subi no elevador pro 5 andar, e finalmente cheguei em casa.

– Tia! Cheguei!

– Ai Hugo! Já disse que não gosto que você me chame de tia, pareço velha.

– Deve ser porque você é – disse rindo, para irritar.

– Já pensou em se foder hoje, Hugo? – ela diz me dando língua. – Como foi a entrevista?

– Foi boa, eu acho. Duvido que vá ser chamado.

– Não pense assim, você é bom, mas lembra que não precisa trabalhar agora, eu ganho bem, pagava as contas antes de você vir pra cá, posso muito bem continuar.

– Não é justo com você, mas obrigado pelo apoio, tia.

– Pela última vez meu nome é Marcela – ela virou os olhos e saiu.

Minha tia, digo, a Marcela é incrível comigo. ela me acolheu depois que meus pais me expulsaram de casa por ser gay. Sou muito agradecido a ele. Marcela sempre foi mais afastada da família, não entendia o porquê até que vim morar aqui: Ela é pan, e não era ela a afastada da família e sim a família que se afastou dela. Mesmo assim, ela é muito bem sucedida, fez faculdade pública, é religiosa e feliz, mas nunca quis casar.

Fui pro meu quarto, joguei minha mochila no canto. Meu quarto estava uma bagunça então arrumei tudo, peguei meu notebook que fui chegar o que tinha pra fazer.

Coisa que vocês podem aprender sobre mim: eu deixo TUDO pra última hora.

Ao abrir a plataforma da faculdade, vi que tinha duas redações para entregar, além de uma tela pro dia seguinte. A primeira redação é sobre "A aplicabilidade da teoria das cores nas obras de Van Gogh", a outra é de uma matéria optativa de filosofia que eu peguei e é sobre "Sentimentos e emoções como a cristalização do ser".

Fiz elas bem rápido (cheguei às 17h, arrumei meu quarto, fiz pesquisa de repertório, fiz as redações e ainda são 20h), depois das horas enfurnado no quarto, Marcela me chamou pra comer.

Ela fez macarrão pra uns dois dias, sentamos pra comer juntos mas ela estava sem um prato.

– Não vai comer?

– Tenho um encontro, vou jantar lá – ela toma um gole do meu refri – só vou fazer companhia pra você não jantar sozinho.

– Com quem é o encontro? – digo a procura de fofoca.

– Ninguém que conheça, não que seja da sua conta – ela responde num tom um tanto quanto passivo-agressivo.

– Grossa.

– Fofoqueiro. – Nós rimos.

– Volta pra casa hoje?

– Se tudo der certo pra mim, amanhã de manhã, senão hoje. Bem, querido, ela chegou, eu tô indo.

– Beijos Ma.

Termino de comer e tenho que fazer uma pintura de tema livre, a única regra é ser com tinta acrílica. Escolhi pintar meu AllStars amarelo.

Quanto terminei tudo, incluindo a pintura e arrumar a cozinha, eram 23h. Amanhã só tenho aula às 10h então posso me dar ao luxo de vagabundear um pouco antes de dormir. Vou ao banheiro pra tomar banho e quando coloco a mão no bolso do macacão que estou usando o dia todo, vejo o bilhete escrito "Victor".

Tomo meu banho, depois me jogo na cama. Adiciono o número que estava no bilhete e salvo. Abro o WhatsApp e lá está. Entro na conversa e digito "Oie, é o Hugo!".

Violetas e QuadrosOnde histórias criam vida. Descubra agora