Oblívio [06]

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Como uma flecha atinge seu alvo. A dor atingiu seu coração em cheio.

Não a dor da traição, pois, sentir sua loba se sacrificando por si, era o suficiente para o fazer pensar em desistir.

Hoseok calçou suas pantufas, sentido sua cabeça doer a medida de um passo para o outro. Entrou no banheiro e fez sua higiene matinal, tomando um banho demorado.

Ele troca o curativo, sentindo um ódio consumir seu corpo. Mesmo que seu casamento não valesse porra nenhuma, Jungkook deveria saber e sentir essa dor também.

Hoseok termina de se vestir, caminhando para porta, quando a alcança, sente o odor forte das rosas. Ele deu um passo para trás, seu nariz começou a arder, assim como os seus olhos.

— Merda! Essa desgraçada é uma cobra! — praguejou a sogra. Ontem quando ele havia chegado em casa, e perguntou sobre Jungkook, pode ver que ela estava feliz com tudo aquilo, fingindo uma falsa preocupação — Vadia! Merda!

Voltou para cama, buscando seu celular e mandando inúmeras mensagens para Yoongi, desabafando e sentido as lágrimas molharem seu rosto, pingando na tela do celular.

Yoongi respondeu todas as mensagens, tentando consolar o amigo.

Horas depois, Hoseok estava com os olhos mais marejados, descontou toda aquela aflição em dorama. Ele se identificava com a história e chorava junto com os protagonistas.

Ele ouve passos se aproximando  e sente o cheiro forte de morango.

Jungkook não cheira a morangos… — ele pensou

Porém, para a sua surpresa, quem abriu a porta foi o dito cujo. Exalando seu olhar de superioridade, deixando as coisas mais claras para Hoseok.

Eu já sabia, não precisa esfregar na minha cara! — exclamou em seus pensamentos

Jungkook não disse uma só palavra ao entrar. Passou por Hoseok e entrou no banheiro. Momentos depois, o barulho de água se fez presente.




[ pov Hoseok ]

Continuo sentado na cama, segurando o meu celular.  Sinto o meu coração acelerar aos poucos e vários pensamentos caem sob mim, deixando-me confuso.

Talvez eu devesse apenas ficar calado, ou devo reagir? Como devo lidar com essa situação?

Passo a observar um quadro com uma imagem antiga, não tinha notado antes. Fico estático, viajando em meus próprios pensamentos.

— O que foi? — Jungkook me tira dos meus pensamentos, fazendo os meus olhos pesarem sobre ele — Minha mãe disse que você não saiu do quarto desde ontem. Qual é? Está deprimido agora? — debochou de mim, rindo sacana.

Eu sinto as batidas do meu coração acelerarem. Sinto-me fraco…. Como se algo sugasse toda a minha energia, ao ponto de eu enxergar dois Jungkook.

— Eu tenho alergia a esse cheiro, tentei sair, mas não consegui — respondi com a voz falha — Pensou que eu estava te esperando chegar para choramingar por causa do seu amante? — me recomponho

— Então ela te deu o recado… — me analisou, fitando profundamente os meus olhos — E por que você chorou?

— Sim. E eu realmente não sei quem ficou mais feliz com a notícia. — debochei — Sua mãe é uma cobra! Ela sabe que eu não suporto esse cheiro, mas espalhou essa merda pela casa inteira!

— Eu avisei, pensou mesmo que eu te deixaria impune? — franziu o cenho — Você se acha espertalhão, mas não passa de um imbecil!

— Jungkook, em nenhum momento eu afetei a sua saúde! Mas que porra, o que você tem nesse caralho que você chama de cérebro? — me exaltei — Me prender nesse quarto por quase  17 horas sem beber nem comer nada, parece justo para você, porra!? O que há de errado com você?

Ele dá um passo para trás. E eu continuo dizendo:

— Eu não me importo se você me trair, não me importo com o que você faz. Que se foda esse ômega, que se foda vocês dois! Mas Jungkook… — Sinto os meus olhos se encherem de lágrimas, e me levanto. Me aproximo dele, olhando bem em seus olhos — Essa porra machuca! Essa droga que você fez comigo tá me matando aos poucos e porra! A culpa disso ter acontecido não é só minha. — arranco o curativo, e mostro-lhe a ferida molhada com sangue. Minha carne apodrecendo aos poucos.

— Desculpa eu.. — Ele gagueja, assustado

— Seu pedido de desculpas não me cura! Ele só me lembra que eu deveria ter fugido na noite do nosso casamento! Me trás remorsos! — as lágrimas saem — Eu não te escolhi para ser meu, é nem você a mim. Você tem sua vida, tem seu ômega, absolutamente tudo para seguir em frente.

Me afastou dele, virando de costa e enxugando as minhas lágrimas. Respirando fundo, para disfarçar essa dor que está me partindo em milhões de pedaços

Me recompondo e olho para ele.

— O meu mundo parou, e eu tenho vivido numa bolha. Mas eu não quero ver as pessoas evoluindo e eu ficando para trás. Estou cansado de viver de acordo com o que os outros querem. — meus lábios tremem — Me trate como um lixo, como um oblívio. Mas não queira sentir a minha fúria, porque eu sou capaz de te matar sem enfiar objeto algum no seu corpo!

— Você..

— A partir de hoje, eu vou morar no meu apartamento. Nem o meu pai me maltratou como essa puta! — exclamei — Eu vou embora daqui. E pretendo viver longe desse lugar!

Dou o primeiro passo e a minha visão escurece, tento me apoiar pois sinto que estou prestes a cair, mas Jungkook me agarra pela cintura. Me levando para cama, sentando-me, nela.

— Isso tudo é culpa sua! — digo com a voz embargada — Eu te odeio! — o empurro para longe, mesmo que não adiante de nada.

Ele segura os meus braços, me impedindo de afastá-lo. Suas mãos me puxaram para perto e seus braços rodearam minha cintura. Jungkook se ajoelha e me abraça forte. Tão forte que sinto o ar fugindo de mim.

— Me solta Jungkook! — grito em meio às lágrimas, me debatendo. Tentando sair de seu abraço a todo custo.

— Me desculpa, por favor… — clamou, num sussurro

Foi a última coisa que escutei, antes da minha vista escurecer totalmente e eu desmaiar.

[....]

Acordei com barulhos de sirene. Estou na ambulância, respirando com a ajuda de um inalador, e Jungkook está segurando a minha mão com tanta força que meus ossos doem.

Isso doe, alfa…  — sussurrei e tive um par de olhos direcionados a mim. Ele escutou. — Você está me machucando.. — lanço um olhar para seu braço e ele entende, afrouxando o aperto. Fazendo um carinho para aliviar a dor.

As portas se abrem e me levam para dentro, vejo vários rostos e sinto o meu corpo amolecer. Como se a minha alma estivesse saindo de mim.

Eu preciso viver…

Jungkook.. — o chamei em meio ao vendável — … se eu morrer. Eu prefiro que a chuva molhe o meu caixão. — apaguei, ouvindo vozes altas.

Minhas últimas palavras

Meu Querido Amante  - Hopekook Onde histórias criam vida. Descubra agora