"do it for you"

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𝐎𝐥𝐢𝐯𝐢𝐚'𝐬 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐎𝐟  𝐕𝐢𝐞𝐰

  NÃO PEDI para Daniel me buscar, pois ele iria me ver chorando e com certeza contaria ao meu pai. Pedi um Uber e logo cheguei em casa, Giulia não respondia minhas mensagens, provavelmente estava ocupada com a mudança, Luke não estava em casa e havia deixado o celular em cima da cômoda. Estava totalmente sozinha, no fim é sempre assim, sozinha.

Passei pela porta do quarto, arremessei minha bolsa em qualquer canto e me joguei na cama com os colchas brancas milimetricamente arrumadas. Sabia que a esse ponto, toda minha maquiagem já estava péssima e provavelmente estava manchando meu travesseiro.

Quem Stacy pensa que é para falar coisas desse tipo para as pessoas sem mais nem menos? Estava ciente que essa é a imagem que eu passo para os outros, tento fazer de tudo para não ser interpretada dessa forma, mas existe gente tão egoísta que prefere acreditar em milhões de coisas que os outros falam sobre uma pessoa do que acreditar na própria pessoa.

Sempre procurei a validação das pessoas nas minhas ações, tudo que faço é para agradá-las, muitas vezes não me colocando em prioridade. Minha mãe sempre me falava:

"Não importa o que fizer, se for algo incrível ou algo horrível, sempre irão dizer que não é o suficiente. Não deixe de pensar em você mesma para agradar os outros, faça por você!"

Era mais fácil seguir esse conselho quando ela ainda estava aqui, agora não mais. Nada é mais fácil.

Ouvi pequenos estalos vindos da janela ao lado da televisão, franzi o cenho ainda com lágrimas escorrendo e me levantei indo em direção ao barulho. Peguei o taco de baseball que minha mãe me deu quando tinha 6 anos, ele tinha a assinatura do time de Bedford. Fiquei escorada na parede escondida, não acredito que vou morrer assasinada no meu próprio quarto.

A janela se abriu lentamente, vi um pé no meu tapete e logo depois dois. Rapidamente sai da parede e acertei o braço do tal invasor.

Arregalei os olhos confusa e franzi o cenho quando vi Andy Goldfarb dentro do meu quarto gemendo de dor.

— O que faz aqui? - abri a janela e apoiei as mãos no batente.

— Realmente você só sabe agredir né? - ele massageava o braço dolorido, o ajudei a se levantar.

— Você invade meu quarto e espera que eu reagisse como?

— Sei lá, talvez esperava que levaria um susto, mas não que iria me bater com um - olhou para o objeto no chão - taco de baseball.

— Sabia que existe algo chamado porta? E ela fica lá em baixo.

— Entrar pela porta não teria emoção. - passou os olhos por todo o quarto. - Não sabia que morava aqui, moro a dois quarteirões daqui.

— Poise, é aqui que a "senhora sofredora metida" mora. - bufei me sentando na cama, Andy deu alguns passos ficando a minha frente, olhando em meus olhos que agora estavam um pouco vermelhos.

— Sabe que não deve se importar com o que falam de você, certo? - assenti com a cabeça.

— Falar é fácil, conseguir fazer é outra história. - olhava meu dedos palpitarem uns aos outros involuntariamente, senti a colcha afundar ao meu lado, deduzi que ele queria me ouvir. Não consigo me abrir para os outros com tanta facilidade. - Aquilo foi muito vergonhoso, pode falar.

— A Friedman foi sem noção, você estava no seu direito de explodir. - ele colocou sua mão em cima de meus dedos inquietos.

Levantei a cabeça olhando para seu rosto, seus olhos verdes, seus cachos ruivos. Eles sim eram um traço marcante e, interessantes de alguma forma.

Levou sua mão livre para uma mecha solta de cabelo em frente ao meu olho, colocando-a atrás de minha orelha. Eu o sentia se aproximar de pouco a pouco, já conseguia sentir sua respiração, estávamos a centímetros de distância. Isso iria mesmo acontecer?
Ouvimos um barulho na porta do cômodo que fez com que nos afastarmos rapidamente, tirei minha mãos de seu toque o mais rápido possível e as passei no cabelo envergonhada.

— É acho melhor eu ir, tá ficando meio tarde. - coçou a nuca nervoso e se levantou, fiz o mesmo.

— Ah, sim. Meu irmão deve estar chegando e acho que seria meio estranho ele ver um garoto no meu quarto. - ele soltou uma risada nasal e foi em direção a janela. Desceu bruscamente e levou seus olhos para cima.

— Obrigada por ter vindo aqui e desculpa pela partida de baseball inesperada. Até amanhã, mauricinho! - sorri com as mãos no batente da janela.

— Até amanhã, loirinha. - recebi um sorriso de volta e o acompanhei sair andando até sair do meu campo de visão.

Fechei a janela e me virei de costas me apoiando nos vidros, suspirei profundamente e sorri.

Naquele momento, eu percebi. Talvez, só talvez, eu possa estar gostando do mauricinho.

Sparks Fly' Andy goldfarbOnde histórias criam vida. Descubra agora