A chuva caía tão forte lá fora, que seu som ecoava por toda a cozinha do Sunny. Sanji, sozinho, lavava louças e limpava qualquer vestígio da bagunça causada por uma certa tripulação em mais uma noite de jantar como as outras.
E como era de costume, todas as noites ele estava ali, cuidando de tudo enquanto mentalmente planejava o café da manhã do dia seguinte. Sempre sozinho. Envolto apenas pelo silêncio ensurdecedor, que dessa vez fora tomado pelo som melodioso da chuva.
A chuva... o suave som dos pingos caindo e o cheiro peculiar de terra molhada, isso sempre o trazia paz...
Mesmo quando caía forte. Era como se o mundo lá fora não existisse, apenas ele e seus pensamentos.
— Ainda acordado, Sobrancelhas?
Adeus paz...
Sanji levantou o olhar da pia, surpreso ao ver Zoro parado ali. Ele não esperava pela companhia do espadachim naquela noite. Seus olhos foram imediatamente atraídos para a figura do de cabelos verdes, que estava totalmente encharcado pela chuva.
— O que você quer, Marimo? — Perguntou Sanji, escondendo qualquer emoção em sua voz, mas sem conseguir evitar admirar o visual molhado do espadachim.
Zoro pareceu hesitar por um momento antes de responder.
— Eu só... queria pegar uma garrafa de saquê antes de voltar para a gávea. Se importa?
O loiro deu de ombros, tentando não mostrar que a presença de Zoro ali o afetava de alguma forma.
— Faça o que quiser, contanto que não destrua a minha cozinha. — respondeu, observando o outro se afastar em busca de saquê.
Enquanto Zoro buscava por sua preciosa garrafa, Sanji não conseguia deixar de notar como as gotas de chuva escorriam pelos cabelos do homem à sua frente, molhados e brilhantes. Um pequeno sorriso involuntário surgiu em seu rosto enquanto imaginava como seria a sensação daquela água em sua própria pele.
Quando Zoro voltou com a garrafa de saquê, Sanji tentou se concentrar nas tarefas da cozinha, mas seus pensamentos continuavam voltando para Zoro, tão irresistível naquela forma sexy em que estava. Ele não conseguia tirar os olhos do espadachim enquanto o mesmo se aproximava.
— Se quiser, posso te ajudar a secar essas louças. Afinal está tudo embaçado por minha causa.
Se quiser, posso te ajudar a secar esse corpo, de preferência com a minha líng...
Sanji engoliu em seco, tentando esconder sua animação.
— Acho que não seria má ideia, Marimo. Você realmente sabe como me foder, quero dizer, foder com o meu trabalho — respondeu, em tom de brincadeira.
— Claro. Foder com você é incrível. — sorriu provocativo.
Essa conversa ficou estranha...
Apesar de ter soado como algo sexual, na cabeça de Zoro, ele havia falado algo do tipo: "Claro, adoro ferrar com a sua vida".
Mas na mente pervertida de Sanji, havia saído um: "Transar com você seria incrível."E agora, na imaginação do loiro, os dois estariam se pegando contra a pia. Com o corpo pesado do espadachim sobre o seu, com a pele molhada do mesmo colada na sua.
Sanji sentiu seu sangue subir até suas bochechas e virou rosto, voltando à sua tarefa antes que o outro notasse.
Ele começou a pensar que talvez a idéia de secá-lo com a língua não fosse tão absurda assim...
— Ei, gado idiota. Pensando em alguma mulherzinha? — indagou, olhando-o com uma sobrancelha arqueada. — Consigo ouvir seu batimento cardíaco daqui.
Puta merda, se antes seu coração estava batendo forte, agora mais parecia uma britadeira ligada.
— Cala a boca e seca a louça, cabeça de alga. — respondeu, se esforçando ao máximo para não transparecer o quão desconsertado estava agora.
— Hum.
Enquanto trabalhavam juntos, Sanji sentia a eletricidade no ar. Mesmo com a água da chuva ainda escorrendo pelos cabelos de Zoro, havia algo no ar entre eles.
Ou talvez ele só estivesse imaginando que sim.Talvez aquela noite chuvosa pudesse ser o momento perfeito para deixar as mágoas de lado e explorar algo a mais, algo que ia além da amizade.
Só restava descobrir quem daria o primeiro passo...