Manancial

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Não consigo me lembrar quando ou como isso foi acontecer.

Talvez esse sentimento tenha estado comigo desde o momento em que te vi. De alguma forma, adormecido durante todo esse tempo, esperando que eu percebesse.

Quando eu comecei a me sentir atraído por você? Quando comecei a gostar de estar perto?

Você é tão insuportável. Tão fodidamente irritante, que toda vez que abre essa sua maldita boca sinto vontade de beijá-la e roubar o seu fôlego pra mim.

E daí que os outros pudessem ver?! Eu 'tô pouco me fodendo pra isso, seria até melhor se vissem, assim saberiam que você é meu.

Bem, só se você quiser ser meu, claro…

Fico me perguntando quando comecei a amar esse seu olhar de merda. Em que momento passei a desejar que seu sorriso fosse dirigido para mim e apenas para mim.

Porra! Quando caralhos eu passei a gostar do formato esquisito das suas sobrancelhas?!

Quando eu cometi a burrice de me apaixonar por você, sobrancelhas de arame?

Se bem que… eu não teria notado esse sentimento se não fosse por aquela mulher.

[Dias atrás]


— Manancial…

— Hum?

— Manancial, princípio, fonte abundante de algo. — dizia a morena à minha frente, enquanto folheava um livro.

— Você sempre fala sozinha, Robin?

— Ajuda a fixar as coisas na mente.

— Isso é coisa de gente louca.

— Coisa de louco é ignorar a verdade que está bem à sua frente, não acha, Sr. Espadachim?

— O quê?

Eu fiquei confuso, do que ela estava falando?

— Você tem andado distraído ultimamente. Quando vai perceber o por quê?

— Do que diabos você 'tá falando?

— Você está amando, Sr. Espadachim. E o cozinheiro é a fonte desse amor, ele é o seu manancial. Não percebeu ainda?

[…]

Foi como levar um tapa na cara, e logo, uma lâmpada acendesse na minha cabeça.

Era verdade, eu estava apaixonado pelo cozinheiro de merda. Como não tinha notado aquilo antes?
Talvez parecesse absurdo demais para eu aceitar e por isso nem cogitei.

Às vezes ainda me pergunto se o amo mesmo ou só estou me deixando levar pelo o que a agrogirl me falou.

Mas então, quando vejo aquele sorriso idiota dele, quando sinto seu toque, quando escuto sua risada, eu sei que é amor de verdade.

E agora, cá estou, confuso e perdido, sem saber quando ou como isso aconteceu. Mas uma coisa é certa: eu me apaixonei pelo cozinheiro, e não há como negar.

E agora, só me resta descobrir se ele também sente o mesmo por mim…

[Noite]

Está chovendo…
Ultimamente tenho evitado estar perto do Sanji, mas não é de propósito.
E com certeza não é por causa disso que tenho passado as noites na gávea.

— Preciso de uma bebida. — parei com as minhas flexões. Já faz um tempo que perdi a conta de qualquer forma.

Decidi ir até a cozinha do Sunny para encontrar alguma distração e acabei encontrando o Sanji, sozinho, ocupado com a louça.

Enel filho de uma puta! Vai chupar um canavial de rola e para de ferrar comigo.

— Espero que saiba que isso é pra você, corno! — sussurrei, apontando o dedo do meio pro céu.

— Ainda acordado, Sobrancelhas? — perguntei, fechando a porta logo atrás de mim.

— O que você quer, Marimo? — ele me olhou.

Hesitei por um momento antes de responder. Não dá pra pensar direito com ele por perto.

— Eu só... queria pegar uma garrafa de saquê antes de voltar para a gávea. Se importa? — minha voz saiu mais baixa que o planejado.

— Faça o que quiser, contanto que não destrua a minha cozinha. — rebateu, dando de ombros.

Me afastei para encontrar o saquê. Ou qualquer coisa, só queria sair dali logo.

— Achei. — sorri pegando aquela linda garrafa.

Voltei e o observei trabalhando. Eu tinha entrado na cozinha totalmente encharcado.
Puta merda, molhei todo o chão. Ele ficou irritado? Por que não me bateu ainda?

— Se quiser, posso te ajudar a secar essas louças. Afinal, está tudo embaçado por minha causa.

Sanji ficou momentaneamente desconsertado. Talvez ele não achasse que eu fosse do tipo que se importa.

— Acho que não seria má ideia, Marimo. Você realmente sabe como me foder, quero dizer, foder com o meu trabalho. — brincou, com um sorriso no rosto.

Merda, ele tá sorrindo pra mim! PRA MIM!

— Claro. Foder com você é incrível. — devolvi o sorriso.

Ele virou o rosto, voltando rapidamente à sua tarefa, em silêncio.

Ele está evitando me olhar? Eu disse algo errado?

Passei a mão pelos meus cabelos molhados e tentei focar na tarefa à minha frente.

Talvez eu devesse só calar a boca, mas não pude evitar de pensar que talvez fosse a hora certa para contar o que se passava na minha mente.

Meus pensamentos estavam um turbilhão enquanto olhava para Sanji de canto de olho, questionando-me se valeria a pena. Afinal ele é o maior amante de mulheres que conheço.

Mas eu preciso tentar, não posso deixar essa oportunidade escapar.

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