Até A Lua Azul Surgir [ EM ANDAMENTO ]

Ponto de Partida

O jovem passou a maior parte da noite sem dormir, como dormiu pouco decide levantar mais cedo para se exercitar e revisar se está mesmo levando o necessário, antes de sair se olha de cima abaixo no espelho, seu cabelo curto e negro começando a crescer é muito comum entre garotos, retirando a faixa do olho esquerdo revela uma nova cicatriz em diagonal que por sorte não o deixou caolho, ainda assim o risco permanente na sobrancelha dá seus olhos azuis um charme diferente.

Ajeita seu novo traje personalizado, uma jaqueta de couro, aparentemente pequena pois a ganhou ano passado, há muitos bolsos de ambos os lados e até do lado de dentro. Sua camisa de baixo é verde escuro, combinando com sua calça feita de um material único e resistente, que se adapta ao corpo e temperatura de quem veste. Ele suspira, tentando imaginar que inesperados o aguarda.

Assim, quando os primeiros raios de sol daquela manhã começam a surgir, decide sair para o lugar onde sua amiga disse, onde pretende encontrar duas pessoas que farão sua segurança nessa jornada.

Depois de caminhar por minutos observando partes daquela cidade onde nasceu e cresceu, não consegue evitar de ter memórias por aqui.

   — Joga a bola pra mim! — dizia ele um dia quando seu pai o deixou andar pelo parque central no dia em que conheceu sua nova melhor amiga.
   — Eu não, venha pegar! — dizia a pequena de olhos violetas e pequenos dentes afiados, pouco tempo depois de conhecer seu novo lar.
   —  Jovem príncipe, precisamos voltar, preciso treinar ela para ser a próxima empregada doméstica do rei. — Dizia uma mulher loira muito bem arrumada em um uniforme discreto preto, devia ter seus 25 anos e na época tomava conta da casa da família real. Ela era seria porém simpática com as crianças, seus dentes eram pontiagudos como os de Akami mas Higoru não lembra o porque.

Ele põe os dedos na testa na tentativa de forçar a memória a voltar, mas em vão, não lembrava nem o nome da mulher loira que treinou a jovem.

Pegando seu novo caderno de anotações misturado com um diário checa a primeira página, suas metas atuais são: Deixar Nemiha, o coração do Reino do Norte onde nasceu e cresceu e ir para Flevasta, capital do pais, uma terra independente, onde espera encontrar sua liberdade e descobrir mais sobre si mesmo e o mundo.

Após finalizar sua leve caminhada,  finalmente chega ao fim da cidade. Rapidamente olha a sua volta, deixou casas e lojas para trás e se vê nos limites da cidade, a estrada de pedras termina encontrando a estrada de terra, a cidade dá lugar a um pasto verde que no horizonte encontra a linha das árvores.

A sua frente vê duas figuras peculiaridades se abrigando do sol da manhã em baixo de uma árvore. Um homem e uma mulher parecem estar conversando, ou melhor, discutindo...? O jeito é chegar mais perto pra descobrir e conhecer os novos guarda-costas.

Se aproximando dos dois, percebe-se que estavam falando cada vez mais alto, Higoru sente um certo nervosismo ao se aproximar deles, pelo o que ouviu ontem a noite, estes estavam facilmente entre os mais fortes e habilidosos de toda a capital.

Se aproximando devagar, olhando o homem mais alto que ele, de cabelos castanhos com topete bem cuidado. Usava roupas diferentes do comum, que pareciam que uma cortina vermelha tinha caído nele, além de algo em suas costas que nunca tinha visto antes, repara nas ombreiras estranhas por debaixo, se pergunta o quanto pesa aquilo tudo. Seus pensamentos são interrompidos quando ele escuta seus passos, os rígidos olhos vermelho-vinho dele se viram na sua direção e os garotos trocam olhares por segundos.

Sua atenção aumenta quando seus olhos acidentalmente cruzam com uma pessoa centímetros menor que ele, aquela que era uma figura conhecida na cidade, a estudante de magia mais famosa e promissora, uma verdadeira gênia. Seu chapéu preto tinha uma espécie de desenho costurado nele, era pra ser um gatinho preto. Seu manto era púrpura por fora e lilás por dentro, usava duas espécies de pochetes na cintura, quase escondidos. Seu cabelo rosa era admirável, realmente, mas aqueles olhos vermelho-escarlate que continuam olhando encarando o príncipe fazem um calafrio subir a espinha.