Sozinha

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Acordei no dia seguinte com uma mensagem bastante padrão do Alexandre.

"Bom dia, tive uma viagem de trabalho de última hora, retorno em três semanas, o que precisar peça a Soledade, ela é a funcionária que cuida da casa, Alexander Alcântara Banks."

Depois que li a mensagem me senti tão aliviada de não ter que lidar com ele que acabei sorrindo. Estava um pouco melhor do que quando fui dormir, mais relaxada, a cama e os travesseiros ajudaram bastante em todos os sentidos, me fez muito bem tirar a noite toda de sono, a conversa com a Lud me acalmou.

Então tomei um banho no meu novo box sem muita pressa e disse a mim mesma que por momento assim seria melhor. O casamento é um fardo e isso é inegável, tanto para mim quanto para ele.

Após o banho estava um bocado melhor, então, arrumei a minha cama e vesti roupas leves, um short de malha e uma blusa de malha de alcinhas. Deixei meus cabelos partidos ao meio e desci, logo na sala fui recepcionada por uma mulher na casa dos quarenta. Uniformizada com um vestido cinza, avental de cor branco neutro e sapatos pretos reluzentes, os cabelos presos num coque muito disciplinado.

Ela se apresentou como Soledade, em inglês habitual, contudo, cheio de sotaque, foi bastante simpática e gentil comigo, a mesa para o café já estava posta para mim com salada de frutas, aveia, leite, pão integral, iogurte, café, suco, dois tipos de queijo e uma prataria impecável.

Devido a tudo o que havia acontecido no dia anterior eu não consegui pensar em comer nada e nem saí do meu quarto, contudo, me vi sorrindo em ter tantas opções de comida. A verdade é que fazia muitos anos que eu não tinha uma mesa tão farta na hora do café, ela ainda se habilitou para fritar ovos e linguiça, mas recusei, aquilo foi o suficiente para minha primeira refeição.

Então pelo restante do dia, a Soledade me mostrou toda a propriedade e a vista incrível que os fundos da casa tinham para a praia, com direito a um jardim enorme com palmeiras e um balanço superconfortável no terraço.

A casa é ambientada com duas salas, uma de visitas na qual eu já havia visto ontem no qual tem um piano belíssimo de cor preta num canto, sofás grandes e espaçosos e toda a decoração mais leve e a outra sala que é a de jantar, com uma mesa enorme para doze pessoas, foi nessa mesa inclusive que tomei meu café.

A casa também tem piscina, academia e uma quadra de tênis, toda a propriedade é distribuída em alguns ambientes bastante equipados e prontos para receber muitas pessoas. Soledade também me mostrou um salão de festas que fica na lateral da propriedade, algo que eu já havia visto em algumas casas de antigas colegas de faculdade, mas que há muito tempo não via.

Na época em que meus pais tinham algumas propriedades inclusive nossa antiga casa, vivíamos em uma casa parecida com essa, mas não tinha academia e nem salão de festas, acho que por isso não me impressionei tanto, contudo, não deixei de me sentir encantada com toda a beleza do lugar, mas principalmente de ser uma casa de com vista para a praia.

Eu também gostei do fato de ter espaço, porém me fez muito refletir sobre a vida que deixei no Brasil há apenas dois dias, também me fez lembrar de todas as vezes que eu estive em outras casas tão grandes e suntuosas.

A realidade é que depois que optei por sair da casa do meu pai, algumas coisas na minha vida basicamente viraram de ponta a cabeça, também porque eu sempre achei que quando escolhesse alguém para me casar teria uma vida digna e confortável, não foi o meu caso.

Depois do meu passeio pela propriedade a Soledade me apresentou as funcionárias da cozinha que se chamam Judite uma ruiva de olhos verdes expressivos e Leda uma senhora loira e meio rechonchuda de olhos azuis, ambas uniformizadas também da mesma forma, depois ao Jardineiro, o Antônio um senhor hispânico de meia idade muito sorridente que usava uniformes masculinos da mesma cor e botinas de cor preta. Me informou que tem três funcionárias que vão em dias alternados para cuidar da limpeza do lugar e que contam com o auxílio de uma cozinheira de plantão para os dias de viagem.

Eu agradeci ao passeio e então ela me questionou sobre o que eu iria almoçar, foi algo do qual me espantou, achei que já tinham algo definido, contudo, para meu primeiro dia decidi rapidamente que não queria dar trabalho a ninguém.

Pedi uma massa com molho vermelho e almondegas, Judite me perguntou qual carne deveria usar e se eu tinha alguma tolerância, informei que poderia ser carne bovina e que não sou alérgica a nada.

Ela também me questionou se eu queria a minha massa feita na hora ou se queria uma pré-pronta, mas eu realmente me meio fora do ar quando a Leda me trouxe a lista de vinhos que eu poderia escolher, segundo ela havia uma adega particular na dispensa da cozinha.

Tudo muito fora da minha atual realidade.

Pedi a ela que escolhesse qualquer tinto definitivamente achando meio demais toda essa história de ter comida feita na hora — literalmente — e saber que há tanta disponibilidade para mim nesse sentido.

Depois voltei ao meu quarto e troquei mensagens de bom dia com a Lud, ela ainda não estava tão bem por conta do paciente de ontem, entretanto, senti que nossa conversa estava mais amistosa.

Logo me vi andando pelo meu novo quarto e levando as caixas com os meus pertences para a mesa de escritório que havia num canto e para as mesinhas de cabeceira. Coloquei um porta-retratos com uma foto dos meus pais, minha irmã e eu durante uma viagem a Bahia.

Coloquei meus itens de higiene pessoal no batente do lavatório do banheiro e meu xampu e condicionador no embutido, também coloquei meu velho notebook na mesinha de escritório juntamente com minhas leituras atuais e meu relógio de mesa.

Não havia ficado como no meu antigo quarto, porém, acreditava que aos poucos poderia dar esse toque só meu ao meu quarto. Ainda haviam as caixas com meus livros e meus diplomas e tudo mais, contudo, preferi guardar numa das portas dos armários do closet.

Parei por conta das batidas na porta do quarto, estava tão distraída que mal me dei conta de que o tempo havia passado, tão logo abri, Soledade estava com um sorriso enorme nos lábios me avisando sobre o almoço.

Pensei comigo, bem, pelo ou menos alguém simpática comigo, aquele seria meu começo no lugar que chamaria de casa por pelo ou menos doze meses contando daquele dia.



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Prometida Ao BilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora