Prometida Ao Bilionário

Assertivo

— Como assim, Soares?

— Não há o que fazer, Rachel, você acabou de ler os papéis, não acabou?

Acho que gostaria que você me dissesse que o meu pai não fez isso, que há alternativas.

Papai vendeu todos os bens para o homem em troca de que ele pagasse suas dívidas trabalhistas e os bens que foram penhorados no decorrer dos anos. Eu nem sabia que a empresa do meu pai havia entrado em processo de falência ano passado.

Me sinto leiga e meio atormentada com as informações.

Ok, não sou a melhor pessoa do mundo quanto a negócios, eu sou muito alheia a tudo isso, contudo, sempre achei que papai me diria se poderia estar tão endividado ao ponto de ter que fechar as portas a qualquer momento por conta de execuções tributárias e trabalhistas.

Tudo desmoronou tão rápido que não sei nem o que dizer ao Soares, ele é advogado do meu pai desde que me entendo como gente, é um senhor em quem meu pai confia basicamente todas as suas causas e motivações judiciais.

— Olha, você esteve longe muito tempo, Rachel, o seu pai acabou gastando boa parte do dinheiro que tinha em mesas de jogo. ­— Soares diz. — Vendeu os imóveis, as casas em Angra e até mesmo o veleiro que possuía desde o casamento com sua mãe, você nunca soube do vício dele em jogos?

— Eu sabia, mas não achei que ele havia arruinado todo o dinheiro que tinha.

Eu sei de tudo isso, porém, ainda cheguei a acreditar que meu pai houvesse gastado somente parte do dinheiro e vendido bens para pagar suas dívidas de apostas em mesas de jogo. Desde que a minha mãe e a minha irmã faleceram, ele se afundou rapidamente nesse abismo, passava noites e noites em mesas de jogos clandestinas, apostava muito alto, algumas vezes ganhava e outras perdia.

Soube um pouco antes dele adoecer que haviam cancelado nosso convênio médico, das dívidas em nome da empresa, contudo, nunca foi uma preocupação tão grande para mim quanto cuidar da saúde dele.

Ainda conversei com Soares algumas vezes durante esses anos, mas compreender números e ações judiciais é algo do qual eu não sei tão bem quanto deveria. Sem falar que ele nunca foi assim tão transparente comigo, nem meu pai.

— Seu pai não queria que você se preocupasse com nada disso, ele sabia que era responsável pela própria ruína, por isso ele me fez assinar um termo de confidencialidade e eu não poderia te passar todas as informações sobre a empresa ou os negócios.

Eu já sabia que ele estava sem dinheiro para si, que terceirizou a administração da empresa e que nomeou um CEO mais jovem para cuidar de tudo em sua ausência, eu mesma estava pagando os dias da Francisca, ele não gostava que eu o acompanhasse nas sessões, vivia resmungando, achava que era porque tinha mágoa por eu ter ficado longe tanto tempo.

Fui orgulhosa em admitir para o meu pai que ele estava certo, relutante em dizer mais uma vez "papai, você tinha razão", é difícil para mim lidar ainda com isso, contudo, sempre achei que seria só uma fase ruim nos negócios.

Era alheia a tudo isso.

— Esse novo administrador tem cuidado da empresa e segurado as pontas, mas isso requer muito mais investimento do que se imaginar, o ramo das comunicações está em frequente mudança, Rachel. Seu pai sabia disso então decidiu vender todas as ações dele para o senhor Alcântara, ele é um inovador em soluções financeiras e consultoria, seu pai sabia que ele salvaria a Sacramento de fechar as portas definitivamente.