Capítulo 4

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Entramos na casa e eu e o Fábio não paramos de trocar olhares sugestivos. De vez em quando o KJ me encarava com o olhar repreendedor pela nossa atitude ousada e eu fingia que não via.

Estávamos sentados em sofás de dois lugares, um de frente para o outro, eu ao lado do KJ e o Fábio ao lado do seu amigo da polícia, bonitinho, mas não tanto quanto o principal.

— E aí Fábio, vamos lá fora pegar o teu pagamento, né? - KJ pergunta, claramente incomodado com o fato de eu estar tendo a atenção de um homem que não seja o Victor.

— Faz o favor de acompanhar o KJ, Matheus. Vou esperar aqui dentro . - Fábio pede para o seu amigo e eu seguro o riso ao ver cara de desagrado do KJ.

KJ e Matheus saem e eu fico a sós com o policial bonitão que a Gabriela e a Letícia tanto falavam. Agora, o olhando mais de perto, eu entendia o motivo do Cobra ter tanto ciúmes dele. Fábio é um homem muito bonito. Qualquer mulher renderia-se aos seus pés. Um puto de um gostoso desses na cama deve fazer um estrago do caralho na pepeca. Jesus tenha pena da minha.

— Então, já fez a carteirinha para visitar o maridinho na prisão? - Fábio pergunta com o tom de voz debochado.

Que péssimo jeito de puxar assunto.

— Não sou dessas, meu caro. Não irei fazer nenhuma visita íntima ao Victor. - respondo simples, tentando fingir que a sua pergunta não me afetou.

— Você e a sua irmã são tão lindas, parecem inteligentes e com um futuro brilhante pela frente. Como vocês acabaram sendo mulheres de bandidos? - seu tom de voz completamente sarcástico entra nos meus ouvidos e eu o olho incrédula com a falta de empatia e de noção.

Se o Cobra ao menos sonhasse que ele estava falando desse jeito comigo, ele o quebraria na porrada.

— Você parece um policial tão honesto e honroso. Como acabou recebendo proprina dos nossos maridos bandidos? - rebato, na mesma altura e ele gargalhada exageradamente alto.

— Na polícia, ou a gente entra no esquema de corrupção ou se fode lá dentro tentando fazer a diferença. Eu escolhi a opção mais fácil tal como você e a Letícia. - Fábio levanta-se do sofá e vem na minha direção. — Vocês tiveram escolha ao se tornar mulheres de traficante ou foram obrigadas? Você gosta da vida que tem?

— Vivemos com o Cobra e o Victor por livre espontânea vontade, obrigado pela preocupação. Eu fiz uma escolha ruim, admito. Mas a minha irmã está muito feliz com o marido dela. - Fábio parece extremamente desapontado com o que falo e eu me pergunto se ele sente algo pela Letícia.

— Fico feliz por ela e sinto muito por você, Isabella.

— Obrigada, mas já estou bem com tudo isso. - minto.

— Eu nunca faria o que o Victor fez com você. Sabe, trair uma mulher tão bonita. Tem que ser um cara extremamente burro para cometer esse erro. - Fábio senta-se ao meu lado e coloca uma de suas mãos na minha coxa.

— Olha, eu acho que você está confundindo as coisas, eu e o Victor terminamos há pouco tempo, então eu não tenho interesse em me relacionar com nenhum outro homem nesse momento. Estou curtindo a vida de assexuada e estou feliz sem o sexo oposto. - tento me afastar, mas ele me puxa pela cintura e começa a subir a sua mão na minha coxa, causando arrepios involuntários na minha pele e logo em seguida, sua boca está muito próxima ao meu pescoço.

Eu preciso resistir, não posso fazer isso agora, mas é tão bom meu Deus, socorro.

— Que porra é essa, caralho? - KJ entra, inesperadamente, na sala de estar, nos flagrando e eu fico com o rosto vermelho de vergonha.

— Foi ele que deu em cima de mim, mas eu cortei a onda dele na mesma hora. - falo e me levanto rapidamente e vou até o KJ.

— Sei! Tô de olho em você, dona Isabella. - KJ me encara com os olhos semi cerrados e eu sorrio nervosa.

— Se você não quer, eu respeito. Não posso te obrigar a ter bom gosto e querer um homem que serve a lei. - Fábio fala rindo e eu arqueio minha sobrancelha e faço uma cara de puro deboche na sua direção.

— Tá, homem da lei. Toma aqui tua grana por ser cria de um dos maiores traficantes do país. - KJ entrega o malote para ele e o Fábio sorrir sem graça.

— De qualquer jeito, eu ainda sou mais honesto que você, Cobra, Victor... - Fábio insiste em falar, enquanto conferia se o seu dinheiro sujo estava certo.

É muita cara de pau, minha nossa senhora.

— Sim, Fábio. Você é tão honesto quanto o Lula. - respondo com ironia.

— Não fala mal do mano Lula ou a gente termina a nossa recém parceria aqui, Minotaura. - KJ ameaça e eu sei que ele está falando sério.

— Foi mal, esqueci que você tem um político de estimação. - brinco.

— Pronto! Corre feito e agora nós já vamos nessa. - KJ avisa e me puxa com força para fora daquela casa.

***

Quando entramos no carro, o KJ me olha com raiva e bufa.

— Tu tem que tomar cuidado com as suas decisões na hora da raiva, Isa. A Marmita perdeu o cabaço com o Victor em um momento que estava mal e bolada com o Cobra. Não faz a mesma fita. Não mete o louco igual a sua irmã. - ele pede.

Por alguns instantes, sorrio abertamente e com total sinceridade, por ter alguém, além dos meus parentes, que se preocupa comigo.

— Juro que terei mais cuidado com as minhas decisões a partir de agora. - prometo com sinceridade.

— Ótimo, eu não quero tu sendo mal comida por um bolsominion cu azul. - KJ fala e eu arregalo os olhos.

Fábio é tão bonito, mas ao mesmo tempo tão burro.

Misericórdia.

Não quero mais não.

— Ah, não. Sério mesmo? Gente, pelo amor de Deus, tem o Ciro Gomes. Como que alguém olha para outro político que não seja aquele sugar daddy gostoso? - falo, indignada.

— Sei lá. Talvez nem todo mundo seja chegado em múmias vivas que nem tu. - meu amigo responde rindo alto da própria piada sem graça.

— Que fique claro que só você está rindo, porque fazer piada com o meu futuro presidente é uma blasfêmia. Dá licença, KJ.

— Essas minas de hoje em dia tem fetiche em pau mole, papo reto. - KJ fala e dá partida no carro rumo ao morro.

Então, essa foi a minha primeira missão bandida e não foi tão emocionante quanto pensava que fosse. A melhor parte foi o Fábio me querendo, mas, infelizmente, eu não podia ficar com ele.

Além dele ter um péssimo gosto para escolher políticos, isso seria um desastre gigantesco dentro da minha família, porque o Cobra iria surtar.

Melhor seria evitar problemas.

Visita Íntima [2] [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora