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"Daria tudo que sei pela metade do que ignoro"
—René Descartes◎◎◎
Ao longe ela podia enxergar a grande tenda mal iluminada, sendo cercada por uma grande pilha dos horrores da guerra. Buggy a guiou por uma das ruas destruídas, sem parar de falar. Contava sobre suas façanhas, sobre seus planos mirabolantes e os grandes tesouros que ele já havia roubado. Todas histórias falsas, mas que mantinham Buggy entretido com suas próprias palavras.Alguns dos monstros de Buggy saíram correndo pela entrada assim que notaram a chegada de ambos, uma grande algazarra tomando forma. Koa, mais afastado estava de braços cruzados, parecia rir do capitão, Alanna não entendeu de início a alegria da tripulação, mas então percebeu que eles não eram piratas por volúpia, eles eram piratas por desejarem liberdade, queriam sentir todas as tonalidades e formas do roxo.
–Então, o tubarão vai nos deixar em paz? –Perguntou Koa batendo a mão no ombro de Alanna.
–Vai. –Respondeu a garota, aumentando ainda mais os gritos e risadas da tripulação. –Mas apenas se roubamos algo.
A gritaria diminuiu por um instante, dando espaço para que Koa se pronunciasse. Alanna se afastou da multidão alguns passos, não era porque os entendi que fazia parte deles.
–Tenho a mão leve, deveria me levar.
–Koa, amigo,– Ironizou o palhaço sua voz saindo do rosa de minutos atrás, se transformando em um vermelho gosmento. –mal chegamos e você já está tomando partido para ficar ao meu lado? Ainda não contei aos senhores a novidade. –Riu o capitão estendendo o braço em direção a Alanna. –O nosso cachorrinho é agora uma de nós.– Gritou, os olhos azuis pareciam, agora, mais escuros.
A tripulação riu, com a piada, alguns até puxavam Alanna para o meio da roda, brincando, tocando, girando e testando os nomes dela entre os lábios sujos.
–Eu sugiro uma festa. –Finalizou o palhaço, erguendo ambos os braços para o alto. Então tudo voltou ao vermelho.
Todos pulavam, berravam e dançavam. Alanna se viu livre por alguns segundos, conforme os piratas se distraíam consigo mesmos, e irada, ela puxou Buggy até um canto mais afastado da folia. Se pudesse, teria quebrado o pescoço dele ali mesmo.
–Achei que não fosse mais se referir a mim desta forma. –Ela urrou, tomando cuidado para usar as palavras exatas do pirata.
–Eu disse que nunca mais iria me referir a você como "cortesã". – Corrigiu o pirata, rindo da mulher. –A segunda regra é clara, amor, nunca acredite em ninguém. –Pontuou o pirata, levantando a blusa listrada, ele carregava a arma de Alanna todo esse tempo. –Nem em seu próprio coração. –Finalizou, devolvendo a pistola.
Alanna puxou o revólver das mãos do pirata, conferindo se a arma estava carregada.
–Não deveria se apegar a ela. Nunca se sabe quando estará sozinha, querida. –Disse o palhaço fingindo preocupação. –Não que eu a abandonaria, isso seria impossível.
–Espero que você queime no inferno. –Ela rosnou, entrando na tenda, junto com o restante da tripulação que corria de um lado para o outro buscando bebidas para festejar.
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No Coração Do Mar ✧ 𝐎𝐧𝐞 𝐩𝐢𝐞𝐜𝐞
Fanfiction𝐍𝐨 𝐂𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐝𝐨 𝐌𝐚𝐫 ❘ Alanna é uma mulher sem pátria, que vive fugindo do seu passado. Um dia, ela é capturada por Buggy, um pirata cruel e ambicioso, que a trata como uma arma. O palhaço planeja usá-la como isca para roubar...