- pra resolver isso precisamos conversar sobre nós dois, sobre tudo que aconteceu na verdade.- ele diz me olhando
- realmente…- digo e ele respira fundo vindo pra mais perto ficando exatamente do meu lado.
- ontem eu conversei com minha mãe, na verdade ela conversou comigo por que eu não consegui me abrir sobre os nossos assuntos.- ele falou
- eu também conversei com a Flávia ontem, mas… eu me abri, tem problema?- perguntei e ele negou.
- tá tudo bem, eu só não me abri por que não consigo mesmo.- disse olhando pra sua mão que batucava no sofá- Mas eu queria desabafar com alguém, alguém fora dessa bolha que a gente vive, eu queria poder contar tudo mesmo, você é a única que eu consigo contar mas você também faz parte dos problemas envolvidos, aí fica difícil...- ele fala parecendo perdido.
Já notei esse problema dele, ser calado e guarda tudo pra si. Ele fica todo inquieto quando tenta falar sobre esses assuntos.
- em partes eu te entendo, mas você já procurou uma terapia Filipe? Não é vergonha procurar um terapeuta pra falar dos seus problemas, tudo que ele ou ela falar vai ser pra ver sua melhoria, nada vai sair de lá entende? É bom pra você.- digo a ele que ainda tá batucando no sofá.
- eu já pensei em ir, ontem mesmo pensei… mas não sei se consigo ir sozinho. Eu vou ficar nervoso demais, vou acabar abandonando.- diz
- eu também tenho essa sensação de que se eu for contar pra alguém meus problemas, eu não vou conseguir.- digo
- isso é culpa minha, você era tão alegre e doce sem mim, desde que eu entrei na sua vida você vem tendo problemas, e não adianta negar por que eu mesmo já percebi isso, que te fiz mal demais Anna.- ele fala.
- o tempo que a gente passou distante me fez perceber que uma parcela desse "mal" foi culpa da má influência do seu pai, você já estava acostumado a fazer o que ele mandava, então pra você era só mais um mandato dele, enfim. Lógico que você tem uma parcela de culpa, mas ele também tem.- falei
- eu cortei os meus laços com ele, sai da empresa e estou evitando tudo que envolve ele.- ele disse e me olhou.- sabe o que é terapia de casal?- concordei.- você faria comigo? Eu sei que a gente não é um casal mas, acho que eu só ia me sentir confortável em falar com outra pessoa se você tivesse ao meu lado…- ele disse me olhando.
- não sei Filipe, o ideal seria você fazer isso sozinho, por você sabe?- digo a ele
- por favor, me ajuda nisso. Eu preciso disso pra minha vida, e preciso do seu apoio também Anna. você é a única pessoa que consegue mudar minha mente, eu vou fazer isso por mim e por nós, eu quero melhorar por nós também.- ele fala um pouco desesperado.
Da pra ver, é perceptível o "querer" dele pela mudança. ( espero não está enganada).
- tudo bem… eu faço com você.- respondi e vi ele me olhar diferente.- mas eu quero que isso seja mais pra você do que pra mim entendeu? Quero que você faça esse esforço por você! É você quem precisa disso, ouviu?- digo e ele concorda.
- eu quero mudar por mim também, não aguento mais aquela vida que eu vivia, não quero volta pra ela, eu quero viver em paz comigo.- ele disse e eu senti sinceridade.
- assim espero, espero que você consiga superar isso.- falo pra ele.
- eu vou conseguir!- ele disse convicto me fazendo sorri por dentro, que bom que ele continua convencido.
Olho em seus olhos e por um momento me perco até demais, caio na real e me levantando do sofá pegando o exame.
- então combinado assim?- digo e ele levanta também
- combinado, mas… você já vai?- perguntou me olhando.
- vou sim, preciso descansar.- digo pra ele
- eu vou te levar, posso?- ele disse e eu fiquei com pena de negar...
- vamos.- respondi e ele levantou pegando a chave do carro.
Saímos da casa e fomos pro carro, ele deu partida e colocou na rádio aleatória onde começou a tocar uma música suspeita para o momento.
Apenas curti o clima que, até que estava agradável.
Logo chegamos e eu desci pegando minhas coisas.
Fechei a porta do carro e escutei ele me chamar.
- Anna!- ele chamou e eu olhei.- se cuida, tá bom?- ele disse.
- você também.- respondi e ele sorriu um pouco sem mostrar os dentes.
Me virei e adentrei no prédio indo direto pro elevador.
Flávia não estava então me sentei no sofá pra pensar.
Até que foi " tranquilo" contar isso pra ele.
E também, eu matei um pouco da saudade que eu sinto dele…
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Amaratona seria maior, mas tô guardando umas ideias pra dps.
