A água escura ao seu redor era de congelar.
Não era um ardor normal, não era como o frio do inverno, nem mesmo como o queimar de gelo sólido, mas algo mais frio. Mais profundo.
O frio do espaço entre as estrelas, o frio de um mundo antes da luz.
O frio do inferno — do verdadeiro inferno, percebeu ela, porque era sua mãe que estava caída no gelo acima, com uma poça de sangue se coagulando debaixo de seu corpo, tingindo o gelo de carmesim.
Verdadeiro inferno — pior do que as profundezas de nanquim que estavam a meros centímetros dos dedos dos pés dela agora.
Ela lutou, debateu-se e deu pinotes, tentando voltar à superfície, mas o gelo acima já tinha congelado novamente. Sabia que ninguém viria salvá-la; sabia que estava completamente sozinha agora.
Ele tinha feito aquilo com ela. Com sua mãe. Tinha matado a mulher e então jogara a menina dentro de um lago congelado.
A água gélida era um beijo venenoso; eram garras fantasma, puxando-a para baixo — uma morte tão permanente que cada centímetro dela rugiu em rebeldia.
Ela não morreria ali, não sem lutar.
A menina fechou os olhos, sibilando de dor. Seus pulmões queimavam e sua visão começava a embaçar. Ela debateu-se, lutando para viver mais um momento, mais um segundo...
Então veio o fogo.
Minério derretido, sendo derramado em suas veias, fervendo seu sangue.
Ela abriu a boca para gritar, mas não houve som algum. Não havia nada naquele lugar que não fosse escuridão e agonia...
Eles pagariam. Todos eles.
Começando por aquele lago congelado, que tentava a engolir por inteiro.
Começando agora.
A água começou a pulsar. Uma ondulação de cada vez, saindo de dentro dela. A parte da frente de seu casaco de inverno queimou, mesmo estando dentro d'água, e o peito dela ficou exposto para que a escuridão visse.
Visse a estrela branca de seis pontas que surgira bem no meio de seu peito.
Ela avançou pela escuridão com luz e calor. Rasgou, partiu e dilacerou. A água evaporava por onde ela passava, e a escuridão gelada em torno dela estremeceu. Ela gargalhou conforme o breu se encolhia e a luz entrava pelos buracos que surgiam no gelo acima, cada vez maiores.
Ela gargalhou com a boca cheia do poder que acabara de arrancar de dentro de suas entranhas congeladas; gargalhou dos punhados de luz quente que enfiou no coração, nas veias.
Envolta em gelo, a menina queimou pela escuridão como uma estrela recém-nascida.
Obrigada por ler🌹♥️
[Publicado em: 30 de outubro de 2023]
Palavras: 433 palavras.
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𝐷𝑎𝑟𝑘𝑑𝑎𝑤𝑛 - Boku no Hero Academia
Fanfiction༒︎ - 𝑨𝒊𝒛𝒂𝒘𝒂 𝑲𝒊𝒓𝒂𝒓𝒂 "Não importa o quanto tenha medo, deve sorrir para mostrar que está tudo bem. Neste mundo, aqueles que sorriem são os mais fortes!" - Nana Shimura Em um mundo onde 80% da população manifesta super-poderes extraordinári...