Choro de bebês faziam parte da trilha sonora da vida de Kim Jongin. Gritos, risadinhas banguelas e soluços eram tão comuns em sua rotina que qualquer silêncio virava um incômodo. Trabalhava em uma escola de ensino infantil a pouco mais de três anos, era professor assistente na sala de dois anos. Lidava com crianças de idade variadas, a mais nova tendo um ano e oito meses e a mais velha três anos e quatro meses. Entrou ali após fazer uma prova seletiva que mais parecia uma admissão para cuidar do filho do presidente, o que era bom, pois Jongin levava a educação muito a sério.
A professora responsável pela sala era Zhang Yixing, uma chinesa que cresceu na Coreia do Sul e já estava na casa dos quarenta anos. Jongin nunca perguntou a idade exata da docente, pois tinha medo de soar rude, mas sabia que ela já havia saído dos trinta anos há um tempo, mesmo que fisicamente ela mais parecesse uma jovem adulta. Ela tinha três filhos e dois deles já estavam com vinte anos. O marido dela, Kim Minseok era o professor de jiu-jitsu do infantil II. Eles formavam um belo casal e acolheram Jongin como um filho assim que começou o serviço na escola.
No geral, a vida dele era boa. Apesar do ciclo social não ser lá essas coisas, Jongin tinha amigos que sabia que podia contar sem se preocupar. Morava em um apartamento no centro de Seul com seu amigo Park Chanyeol, pagava uma mixaria de aluguel já que era funcionário da prefeitura, então tinha seus descontos em moradia e certas contas. A única parte de sua vida que não ia muito para frente era a amorosa. Era gay, muito gay e não queria que isso viesse a público, pois sabia que se os pais de seus alunos soubessem iriam fazer com que fosse demitido. Então foram mais de três anos sem um namoro, apenas saídas esporádicas trimestralmente para ter contato humano. Apenas uma noite em algum hotel e pronto.
Certos sacrifícios são necessários para que se vivesse bem, no caso de Jongin, sua vida amorosa foi a escolhida para ser sacrificada. Mas sem problemas, ele não era um desesperado por namoro, mesmo que fosse carente de afeto. "Um cachorrinho grande" era como Chanyeol o chamava quando ia atrás dele para receber abraços e um cafuné. Não era mentira, Yixing também o chamava assim quando ia pedir qualquer coisa a ela. Minseok dizia que o beicinho que fazia quando estava magoado parecia com os das crianças de sua sala quando os impedia de bater nos outros coleguinhas. Era um grande manteiga derretida que chorava toda vez que via uma imagem qualquer de O Segredo de Brokeback Mountain ou Titanic. Se pudesse, carregava o mundo nas costas, mesmo que a maioria das vezes fosse ele que precisasse ser carregado. Era por isso que seus amigos eram tão leais e verdadeiros consigo, era uma pessoa incrível e cativante. Ter Kim Jongin por perto era ter tudo.
◤ body talk◥
— Você tá incrível com esse cabelo rosa — Yixing se aproximou de Jongin para olhar mais de perto o novo visual do amigo — Esse tom de rosa tá lindo, é permanente ou só para hoje?
— Permanente, pintei mesmo. Fazia tempo que queria trocar, mas estava com medo da escola achar ruim. — Sentado no chão da sala de artes, Jongin organizava as tintas guaches para as crianças que iriam chegar — A diretora disse ok, e eu só fui. Ninguém mais viu ainda. O Chanyeol vai surtar.
— Vai mesmo, porque quando ele te chamou pra pintar você fugiu e deixou ele com aquele rosa de algodão-doce.
— Naquela época eu não estava na vibe. Agora estou.
O sinal da escola tocou, o que indicava que os portões estavam sendo abertos para que os pais trouxessem seus filhos para suas salas. Jongin ficou de pé, estava ansioso pela reação de seus minis-alunos.
— Tenho certeza que essa sua vibe de agora nada mais é do que fogo no rabo — Indo para perto da porta, Yixing se certificou com um olhar para o corredor de que não havia ninguém indo para lá ainda. — Vai sair pra balada, né? Vai a caça.
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Body Talk
FanfictionCom medo de perder o emprego caso descobrissem que era homossexual, Kim Jongin tinha a regra de não namorar ninguém e sair a cada três meses para uma noite de prazer com algum cara que conhecesse na noite. Nada de compromissos, nada de sair outra ve...