Diário de uma garota morta

Minha história com o tept

Transtorno de estresse pós traumático é o nome dado ao Transtorno que é causado devido algum tipo de trauma na vida da pessoa que pode ser vivenciado por ela ou por alguém próximo que a pessoa considera muito, dentre as causas se destacam estupro, assédio sexual, violência doméstica, acidentes, tragédias, guerras e diversos outros fatores.

Dentre os sintomas estão terror noturno que se caracterizam por pesadelos, paralisia do sono ou insônia, flashbacks sobre o trauma que vão te assombrar para todo o sempre por mãos que você tente não pensar e não se lembrar tudo oque estiver envolvido no acontecimento vai te fazer ter automaticamente uma crise, fuga de situações que te relembrem o trauma, por exemplo se aconteceu num ônibus a pessoa nunca mais vai querer andar em um ônibus ou nunca mais vai conseguir andar em um sem ter crises, reações exageradas a estímulos que podem ser: raiva muito intensa e descontrolavel, tristeza ao ponto de depressão profunda, reações muitos desproporcionais a situação, isso acontece porque o portador sofre um desequilíbrio emocional, ansiedade, ataque de pânico, afastamento social, sofrimento emocional, agitação, agressão, automatização, gritos, hipervigilância, alucinações, perda de consciência, desapego emocional, dores de cabeça e desratização.

Pouquinho né? Rs

Não estou aqui pra te contar a minha triste história de vida para que se sintam um pouco mais feliz com sua vidinha miserável, na verdade apenas quero falar de como esses sintomas se caracterizam em mim e o quão infernal é ter isso pelo resto da vida, porque não tem cura.

Primeiramente quero que entendam que vou ter isto pelo resto da vida primeiramente porque a primeira coisa que fazem na terapia é afastar o paciente da causa, caso seja uma pessoa é necessário que se afaste dela e nunca mais veja ela, oque não foi feito comigo, convivi oito anos com meu agressor passando pelas mesmas coisas todos os dias, o segundo motivo é que não tive o tratamento correto por muito tempo com um especialista, só me levaram até ter o diagnóstico e depois pararam de levar e como não tinha dinheiro na época ficou assim mesmo, hoje em dia minha relação com as pessoas é tão desconfortável que não quero e não sinto a mínima vontade de fazer tratamento. Me sinto ridícula chorando, me sinto ridícula tendo sentimentos.

Agora vou falar do afastamento social, no começo tive várias amizades, grupos, até contei como era a situação aqui em casa mas quanto mais eu falava sobre isso menos pareciam gostar de mim e me considerar, então parei de fazer isso mas também comecei a não me sentir mais conectada com ninguém e por mais que hoje ache pessoas para me ouvir nunca mais consegui me conectar, sempre vem o sentimento de estar perdendo tempos porque ninguém se importa de verdade e deveria ficar para sempre sozinha. E não se enganem, já dei várias chances para tentar me reerguer ser a pessoa que já fui antes, risonha, alegre, comunicativa, não consigo mais, agora sou outra pessoa, alguém que ainda não sei direito quem é, que não consegue fazer amigos, se comunicar sentimentalmente, que parece estar morta por dentro.

Também me tornei minha pior inimiga, estou todos os dias olhando para fora da janela, observando outono, primavera, inverno e verão passar esperando por um anjo ou quem sabe um príncipe encantado de contos de fadas que vá me salvar quando quem deveria fazer isso sou eu, ninguém tem a capacidade de se importar tanto com você do que sigo mesma mas oque acontece quando você simplesmente não liga mais? Por mais que não queira passar por tudo aquilo de novo, não teme a morte, a crueldade que pode causar por suas próprias mãos, a justiça ou a tortura, então também não vê valor na vida.

Não me sinto viva, não me sinto humana, nada parece real, tudo e todos são falsos e adquiri o super poder de não viver a realidade, tudo parece um sonho e fica tão mais leve levar a vida quando isso acontece, quando a desratização se manifesta, parece que por um momento sua ferida está aberta e te dão uma anestesia então o sangue se torna apenas mais uma cor, não dói, não incomoda, nada, é vazio.

Me comunico melhor escrevendo, o dom da fala nesse momento parece inútil pra mim, por mais que seja forçada a usar em alguns momentos. Dormir se torna difícil e assustador, odeio sonhar, todo dia uma sensação mais real e dolorosa, seus sonhos ganham vida, eles te batem, mordem e sua cabeça de repente não sabe diferenciar nada que acontece em seu redor, se é ou não real.

Sair de casa se torna a coisa mais difícil que já fez, estão te perseguindo, querem te matar, você é vista como irrelevante pra eles, como um saco de pancadas e sempre algo ruim vai acontecer caso saia de casa, além de também várias crises, ninguém se importa com você, com sua dor, é tudo culpa sua por ser tão fraca então um turbilhão de pensamento vem ao mesmo tempo, você começa a tremer, ter falta de ar, soar, perder os sentidos.

A depressão é a pior dos casos, com ela vem o abandono de todos os sonhos que já teve algum dia, a vontade de viver, sentir sabores, se alimentar, respirar, a vontade de ter forças, tudo fica lento e para, levantar é a pior coisa do mundo, não gosto muito de falar desse.

E no último estágio da raiva, é a veracidade de querer vingança, querer sentir o sangue quentinho escorrer sobre seu corpo preenchendo tudo aquilo que já foi perdido antes sobrando apenas uma casca vazia que agora tem alguma coisa dentro, qualquer coisa, mínima que puder entrar.

Os gritos se tornam constantes, você não consegue falar nada mas gritar de alguma forma te trás algum alívio mesmo que passageiro, agora está vazia e qualquer coisa que te traga a vida é bem vinda mesmo que seja torturante, mesmo que doa como fogo consumindo e assando lentamente cada centímetro de sua carne. Tudo é posto pra fora, você se sente leve até que a polícia pare em sua porta e te faça cair na real.

E escrever é se não a última coisa que tenho pra conseguir me sentir ligada a esse mundo ainda e por quanto tempo não tem como saber.

Todas as vezes que uma crise acontece sinto tudo isso novamente, de novo e mais uma vez.