| C A S S I D Y C O O P E R |
Estou no quarto copo de café segurando com firmeza a bateria de exames do paciente que agitou os corredores do hospital especializado de Long Island em plena segunda-feira.
David Nolan.
Enquanto a sala de cirurgia é preparada, ao lado da máquina de café, faço um exercício de respiração para controlar uma crise de ansiedade.
Eu tenho tido muitas, desde que os preparativos do casamento tem se avançado. Faltam apenas três meses e eu não tive tempo nem de ir à degustação do Buffet. Tenho certeza que Ava e Gwen terão que fazer isso por mim. Assim como Maya que está cuidando das lembrancinhas.
Fecho os olhos com força me lembrando que essa crise de ansiedade não tem a ver com meu casamento.
Noto que minha mão está trêmula enquanto tiro todos os meus adornos e encaro a correntinha por mais tempo que deveria por entre meus dedos antes de guardar.
Todos os dias eu repito esse gesto, mas agora isso nunca mecheu tanto comigo.
Está intacta de lá para cá. Quando tudo aconteceu, levei para banhar a ouro. Cuido dela como se fosse a coisa mais preciosa que tenho.
Quando encaro o veleiro dourado na mão em que está meu anel de noivado, me frustro.
Eu o carreguei comigo em todos esses cinco anos e isso sequer foi um peso para mim.
Penso em tomar um comprimido de Valeriana, para tentar me acalmar, mas prometi para mim mesma que tomaria apenas para dormir e meu estômago não está em uma boa condição para que eu tome algum remédio. Neste momento, está revirado com cafeína até dizer chega e eu tento firmar os pés no chão em cima do meu salto fino de seis centímetros que em breve, serão substituídos.
O plano que eu tinha para hoje, era tomar café da manhã no refeitório com Samantha antes do primeiro paciente pós-operatório e agora, David Nolan está na sala de cirurgia e irei auxiliar na cirurgia dele e simplesmente não consigo firmar os pés no chão, estou com ânsia de vômito, tontura, mãos suando frio e se eu não me acalmar, o simples fato de ver o joelho aberto do homem que eu namorei e que por cinco anos achei estar morto, vai fazer meu coração rasgar minha garganta em uma crise de pânico.
— Doutora Cooper, estaremos prontos em vinte minutos, já chamei o anestesista e o doutor Terry. — Tommy, o instrumentador cirúrgico, aperta meu ombro. — Tudo bem? — assinto na mesma hora guardando a bandeja com meus adornos no armário ao lado.
— Só preciso de um gole de café e já estou indo — informo, mas ele não se convence e ergue meu queixo.
— Cass, seu lábio está branco e você está trêmula.
Assim que Tommy diz isso, ele me guia até um banco ali próximo, mas minha visão escurece antes de me sentar.
***
Acordo com um cateter conectado a uma veia em meu antebraço. Quando recobro minha consciência e lembro onde estava antes de tudo escurecer, gemo frustrada.
Estou em uma acomodação para médicos residentes, meus sapatos e meu jaleco estão em uma cadeira ao lado da cama em que estou deitada. Sento-me ainda sentindo meu corpo fraco e leio na bolsa de soro qual medicamento me deram.
Na mesma hora em que vejo se tratar de um ansiolítico, arranco o esparadrapo do braço e tiro o conector da veia, pressionando o dedo em cima para não sangrar.
Não gosto de tomar calmantes, isso porque eles fizeram parte de grande período da minha vida. Eu consegui, com o tempo, diminuir a quantidade e hoje faço o uso apenas da Valeriana, mas me custa muito às vezes ter que lidar com as crises da forma mais natural possível.
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No Oceano das Nossas Memórias (Abigail&Danny)
RomantikApós perder David Nolan, o amor da sua vida em um naufrágio, e enterrar um caixão vazio, Cassidy Cooper demorou anos para conseguir seguir em frente e superar o trauma de ter perdido um amor tão prematuro em uma tragédia. Cinco anos depois, a lembra...