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A estação mais quente do ano mal chegou e Naruto já planejava abandonar seu trabalho e partir de mudança para o Alaska.

Todos os anos, desde que se entende por gente, Naruto pensava nisso por causa do calor. Naruto entrou no elevador vazio, apertou o botão para o oitavo andar e abanou o rosto, sonhando com o ar condicionado em seu quarto.

Entrou no apartamento, jogou a mochila no tapete circular da sala e foi direto para a cozinha. Foi depois de abrir as portas da geladeira e tomar alguns goles da água gelada que ele cumprimentou seu colega de apartamento, Shikamaru. Ele estava sentado na ilha da cozinha equipada com os mais modernos equipamentos e azulejos de um tom muito claro de amarelo, perdido em seu mundo alheio.  Shikamaru bocejou por um bom tempo, disse oi e voltou a ler o que quer que fosse no celular.

Nada fora do comum, pensou. Naruto foi para o banheiro em seu quarto, tomou um banho gelado e jogou-se na cama com a barriga para baixo, os braços e pernas abertas. Ligou o ar condicionado e acabou cochilando, aconteceu tudo o que poderia dar errado na fábrica de chapas de alumínio onde trabalha durante seu turno. Um cara prendeu o dedo em uma das máquinas e perto do seu horário de saída, alguém deixou uma chapa emperrar e perderam cinco quilos de material nessa brincadeira. 

Isso tudo antes das cinco da manhã.

Naruto dormiu pensando no quanto odeia o turno da noite, contando os dias para as férias do seu colega acabarem e ele poder voltar para o turno da manhã. Shikamaru bateu na porta do quarto e conseguiu acordar Naruto, que virou na cama e tentou ignorá-lo, mas o barulho irritante não parou e ele gritou, já no limite da sua paciência.

— Que que foi, cacete? 

— Nossa, que mau humor — Resmungou assim que entrou no quarto dele — Só te avisando que vou sair e que não tem feijão cozido.

— Podia ter deixado um bilhete — Murmurou, virando na cama outra vez.

— Que falta de amor. Enfim, estamos indo — Antes de fechar a porta completamente, Shikamaru voltou-se para perguntar uma última coisa — Ah, você vai ficar para a festa de Halloween, não é?

— Ahan.

— Certeza? A Temari vai ficar putassa se você der um bolo na amiga dela.

— Eu já disse que vou, me deixa dormir!

Shikamaru fechou a porta quando Naruto jogou um dos chinelos nele. A insistência de Temari em lhe apresentar a tal amiga já estava ficando chata. Entendia que a garota criou toda uma fantasia sobre melhores amigas namorarem melhores amigos, e por estar solteiro, Naruto não se importaria em conhecer novas pessoas. Depois de dormir mais um pouco, Naruto pensou. Ele colocou o celular para despertar e voltou a dormir no ar gelado do seu quarto.

Quando o alarme tocou, Naruto estava deitado com a barriga para cima, braços e pernas abertas. Demorou um pouco para seu cérebro ligar e ele ficou olhando para o teto. Piscou e se localizou, limpou a baba que escorria no seu queixo e desligou o alarme. Sentou-se na cama, olhando para o rejunte do piso até estar desperto o bastante para levantar-se e ir para a cozinha.

Não comeu nada quando chegou, então agora estava faminto. Foi direto para a geladeira, pegou os potes com o que sobrou de arroz e frango da janta, colocou-o no microondas e virou-se, dando de cara com uma pessoa sentada na sua ilha lhe encarando.

Seu coração parou por um segundo e seu sangue gelou, tamanho o susto. Ele levou a mão no coração e encarou o intruso — Eu ainda vou morrer do coração.

— Você é jovem, não seja dramático.

— O que você faz aqui? — Naruto bufou e rolou os olhos para Gaara, o intruso em questão — E ainda por cima comendo o meu sorvete?

Inverno de sangue em VenezaOnde histórias criam vida. Descubra agora