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Naruto passou o sábado inteiro mal humorado.

Ele não queria ir àquele encontro de maneira nenhuma. Tudo começou como uma brincadeira da sua parte, uma boa ação para ajudar Gaara e nada mais, porém, a possibilidade daquele encontro forçado chatear ou distanciar Gaara mesmo que um pouco o deixava irritado. Gaara lhe garantiu que não se importaria, ele agiu com maturidade durante suas conversas pessoais e online sobre isso. Ele até mesmo deu sugestões de restaurantes e sorveterias, fez piadas e lhe desejou boa sorte.

Deveria estar tudo bem, Naruto repetia para si mesmo que tudo daria certo. Ele só não queria arriscar e quebrar o encanto antes da meia noite, queria sorrir mais um tempo e se divertir com Gaara.

E aquele calor todo só deixava tudo pior.

Levantou-se sem animação pela manhã de domingo, mesmo sendo a sua folga. Sequer animou-se com a chuva, embora fosse grato pelo clima mais cinzento e fresco. O céu cinza que viu pela janela da cozinha lembrou-o do filme que assistiu com Gaara e seu mal humor voltou com tudo, e sentou-se com uma carranca ameaçadora na mesa da cozinha e não falou nada com o amigo, mesmo sendo a primeira vez que o via na semana. Shikamaru bocejou, estalou algum osso e resmungou sobre ser novo demais para sentir tanta dor nas costas. Naruto resmungou algo, assoprou o café em sua xícara, encarando as ondulações na superfície do líquido.

Uma das coisas que contribuiam para a convivência deles funcionar tão bem era o entendimento de Shikamaru sobre sua personalidade. Eram raras as vezes que Naruto ficava emburrado e fazia manha e ele sempre deixava-o curtir sua frustração por um tempo antes de o trazer de volta para a realidade, sendo assim, tomaram café da manhã em completo silêncio.

Naruto terminou de comer o bolo que pegou com Gaara no dia anterior, bocejou e sentiu lágrimas em seus olhos. Esticou os braços para trás das costas e se estalou inteiro, suspirou brevemente com o alivio em seus músculos. Foi quando estava lavando a pouca louça que a porta do apartamento foi aberta bruscamente e a tempestade Temari entrou. Sentiu-se cansado só de vê-la, mas Shikamaru pareceu recuperar suas forças quando a viu e se levantou para recebê-la.

Naruto revirou os olhos e sentiu um tapinha muito fraco em seu ombro. Acenou com a cabeça para ela e bocejou outra vez, esperando que ela lhe dissesse as regras para o encontro duplo que teriam naquela noite. As regras não vieram, só uma breve conversa entre o casal sobre o clima. Quando guardou sua caneca e se virou para sair da cozinha, Temari o chamou e ele virou-se em seu calcanhar e já resmungando.

- Sem bermuda tactel, sem mocassim e sem camiseta de banda, você me falou três vezes isso e me mandou cinco mensagens.

- Eu ia dizer outra coisa - Temari cantarolou docemente.

- O que? Que eu devo tingir o cabelo?

- Malcriado - Shikamaru soltou. Reviraram os olhos e se amaldiçoaram um ao outro na brincadeira.

- Seu santo deve ser forte - Ela disse de um jeito provocativo quando eles pararam de brigar - Hinata estará fora do estado esse fim de semana.

Naruto precisou fazer força para segurar o sorriso, ele colocou a mão direita na frente do rosto e segurou o cotovelo com a mão esquerda e soltou um simples - Sério?

- A mãe dela a convocou, vamos remarcar quando ela voltar.

Ele não esperou Temari terminar de falar e correu de volta para seu quarto, sorrindo e dando pulinhos que fizeram Temari o amaldiçoar outra vez. Correu para o celular carregando, viu a hora e começou a correr pelo quarto. Tomou um rápido banho, colocou uma camiseta da banda Korn que ficava um pouco apertada e sabia que Gaara gostava. Calçou tênis e saiu do quarto com uma sacola de papel na mão, gritou um tchau para o casal na sala e acenou um animado tchauzinho para o porteiro.

Inverno de sangue em VenezaOnde histórias criam vida. Descubra agora