Dá-me beijos, dá-me tantos
que, enleado nos teus encantos,
preso nos abraços teus,
eu não sinta a própria vida,
nem minha alma, ave perdida
no azul-amor dos teus céus.- Fernando Pessoa
- 📚 -
Encarei o livro de capa vermelha em minhas mãos, pela décima vez naquele dia. Ainda não o abri. Tenho medo do que vou encontrar assim que eu folhear as páginas amareladas, e ler o que Harry escreveu.
Como eu já disse, Harry é um ótimo escritor. Ele sempre se dedica ao máximo, e insere os sentimentos dele em cada personagem que ele cria. Sabendo disso, tenho medo do que vou ler, porque ele insistiu tanto para que eu o fizesse, que suspeito que tenha algum significado.
Ele sempre se comunicou comigo sobre seus sentimentos assim: escrevendo.
Era um sábado, e eu estava em casa. Não tinha álcool pra que eu me afundasse, mas tudo que eu queria era me sentir entorpecido pela bebida. Sentir a sensação de liberdade, a sensação de estar leve. Esquecer de todas essas coisas que rondam minha mente, de todos meus arrependimentos, e acima de tudo, esquecer que o amo.
Só assim eu não sinto como se estivesse sendo apunhalado a cada respiração.
Minhas mãos tremiam, e suavam como nunca. Um dos efeitos da abstinência do álcool. Assim como a alteração de humor, e dor de cabeça.
Abri o livro, encarando as informações básicas na primeira página, e a virei, encontrando uma dedicação.
Dedicado ao meu mar,
meu céu,
meu bebê,
e meu único e verdadeiro amor.- H
Mordi o lábio inferior, contendo um sorriso afetuoso que insistia em se formar, e senti meus olhos encherem de lágrimas. Ele dedicou pra mim.
Fechei novamente o livro, me sentindo sufocado.
Eu senti falta de ser chamado assim, durante os anos que ele esteve fora. Senti falta dele me chamando de bebê, e dizendo que meus olhos pareciam o céu. Senti falta dele cuidando de mim quando eu estava doente, e me acordando cedo aos domingos para que fossemos à praia ver o mar. O mar que não era tão bonito quantos meus olhos, segundo ele.
E agora, ele tinha voltado. Mas eu não teria isso de volta, e a sensação era tão ruim quanto a de quando ele foi embora.
Harry não era mais meu marido.
Limpei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, e me levantei, sentindo a dor da saudade entupir todos os meus poros. Eu queria vê-lo. Queria que ele me chamasse pelo apelido que me deu, e que me tocasse.
Peguei meu celular em cima da mesa de centro, e digitei uma mensagem para Liam, exigindo que ele me mandasse o endereço de Harry.
Parecia burrice, e talvez realmente fosse, mas eu queria tanto vê-lo.
Logo meu amigo respondeu, me repreendendo, mais ainda assim me passando o maldito endereço, que era a duas quadras da minha casa.
Caminhei até lá rapidamente, parando em frente a pequena casa de paredes azuis e tocando a campainha.
Esperei algum tempo, e quando estava pronto pra me virar e ir embora, ele abriu a porta, me olhando com as sobrancelhas arqueadas em uma expressão surpresa. Ele vestia uma camiseta preta e uma calça moletom, e estava descalço. Seus cabelos molhados denunciavam que ele tinha acabado de tomar banho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Retorna-me | Larry Stylinson
FanfictionLouis Tomlinson é um professor com problemas de alcoolismo após um divórcio inesperado. Harry Styles é um autor de romances famosos, e seu ex marido, e acaba de retornar para a cidade.