cuidados

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O aroma do café era uma das coisas mais reconfortantes naquela sala. A janela aberta trazia um ar frio, o que q!Cellbit estava acostumado. Mas receava por seus filhos, mesmo cobertos.

As crianças dormiam no quarto vencidas pelo sono. q!Cellbit poderia passar a madrugada toda vendo os dois capetinhas descansando como anjos.

O cavalete com os desenhos estava colocado no canto do quarto, o varão com as pinturas de seus filhos balança com o vento. E q!Cellbit não pôde deixar de sorrir quando viu o desenho do Homem Aranha.

Ele voltou para a sala com o copo de café recém passado e seu caderno de anotações. Oficialmente era contratado como secretário do capitão da polícia, entretanto sua verdadeira função era ajudar seu amigo, Forever e capitão, a investigar os casos inabituais. O que normalmente envolvia os meta-humanos inimigos do Homem Aranha, ou o próprio Homem Aranha.

A mesa de centro continha fichas criminais de bandidos poderosos, suspeitos de roubo sem nenhuma ligação aparente. O relógio da parede exibia em números verdes 2:00.

Com a caneta entre os dentes q!Cellbit aumentava o som do rádio policial que tinha caído acidentalmente em sua bolsa.

Podia ouvir a linha policia os códigos para eles se comunicarem. Estava tendo uma luta na a avenida principal. Um roubo de banco que deu errado. Eles pediram reforços, o Homem Aranha apareceu e estática.

Provavelmente um meta humano estava interferindo no sinal. O que deixava o detetive mais nervoso ainda. Resolveu desligar o rádio antes que surtasse por completo. Girava sua aliança como louco, precisava se acalmar.

Abriu seu notebook, com o plano de fundo com a foto de seu casamento, e abriu um velho conhecido. Um jogo antigo da década de 80, com a premissa simples de encaixar os blocos em linhas. Se perdeu em sua mente e nos movimentos da mão.

— Gatinho? Por que está acordado ainda?

Deixou o computador de lado e foi para a janela. O uniforme rasgado de q!Roier exibia o sangue e as feridas, fazendo o coração do detetive apertar. O selinho no marido foi iniciado por q!Roier quando entrou completamente.

— Já são 3:00, não devia estar dormindo gatinho?

— Eu taria dormindo se meu marido estivesse na cama comigo e não na rua.—sorriu antes de falar sério- Senta no sofá.

— Eu to com sono, vamos pra cama...

— Senta.

q!Roier não estava acostumado a obedecer ordens do marido. Mas foi vencido pelo cansaço e compriu a comando sem êxito.

— Tira a blusa.

— Gatinho! A essa hora? Não esperava isso de você- disse tirando o uniforme ensanguentado.

— Guapito bobo- Tocou no nariz dele e pegou a caixa de primeiros socorros.

— Não precisa disso. Esses machucados não são nada, juro que não ta doendo.

q!Cellbit olhou sério para o marido e ligou a televisão, o noticiário mostrava a luta na avenida e cenas do herói da vizinhança sendo jogado e espancado violentamente.

—Leves? Deixa eu cuidar de você, assim quando você cuidou de mim.

q!Roier suspirou e estendeu o braço. q!Cellbit sorriu e começou a limpar as feridas.

Talvez ele estivesse pegando pesado, mas não importava desde que seu guapito estivesse bem. Anos antes q!Cellbit vivia outra vida. Sem amarras, somente ele e ele. Sobrevivia dos roubos como Black Cat. Roubava dos mafiosos e se vingava quem se metesse no meio do seu caminho. E às vezes flertava com um certo aranha, algo completamente casual.

Cuidados- GuapodouOnde histórias criam vida. Descubra agora