𝐏𝐢𝐞𝐭𝐫𝐚 𝐑𝐨𝐦𝐚𝐧𝐨 𝐨𝐧.Dei três passos para trás, impulsionei o corpo para frente e ergui a perna, chutando o saco pesado com toda a minha força. O objeto mal se moveu, mas as correntes que o prendiam chiaram.
-Mais alto. Eu sei que você consegue. - gritou Marco, segurando o saco de pancadas firmemente. - Pense em um cara com dois metros de altura, Pietra, e você quer chutar o meio do rosto do idiota.
Soltei um grunhido e tentei outra vez. Acertei um ponto mais alto ao imaginar o rosto de um dos nossos inimigos e o quanto eles não teriam misericórdia se pudessem pôr as mãos em mim.
-Boa garota. - amplamente. murmurou, sorrindo
Marco era meu melhor amigo e guarda pessoal desde que eu me conhecia por gente. Dez anos mais velho, foi criado na casa da minha família e era o homem em que meu pai mais confiava.
Minha mãe morreu quando eu nasci, então acabei sendo criada por Antonieta, a mãe de Marco, minha babá e governanta da casa. Assim, com todo o convívio, acabamos nos aproximando e nos tornando grandes amigos.
Diferentemente da maioria das garotas da máfia, eu não fui criada para ser uma filha. Minha criação se voltou para ser a herdeira da nossa casa. Quando ainda era criança, aprendi a atirar e a lutar para me defender. Não brinquei com bonecas, mas com facas e armas.
E esse era um segredo só meu e da minha família.
Ninguém sabia sobre este detalhe da minha vida. Meu pai fez questão de deixar essa parte da minha infância em absoluto segredo, escondendo isso até mesmo do nosso Capo.
Encarei os olhos verdes de Marco e sorri.
-O que ele quer fazer comigo? - per- guntei, dando dois passos para trás e me preparando para o próximo golpe.
Marco era um homem alto e musculoso, assim como a maioria dos soldados da máfia. Ele era muito atraente, os cabelos castanhos eram ralos, as maçãs do rosto marcadas e o maxilar delineado. Os olhos verdes demons- travam vez ou outra certa psicopatia que me deixava assustada. A tatuagem da Camorra no pescoço vazava pela gola da camiseta preta de algodão que estava vestindo.
- Hum... - Comprimiu os lábios curtos, pensativo. - Ele quer fodê-la - avisou, encolhendo os ombros.
Arregalei os olhos e me preparei para atacar.
Marco usava a tática de imitar uma possível situação real, me fazendo revidar para me defender.
Ele era bons centímetros mais alto do que eu e bem mais forte. Minha meta era chutar o saco de pancadas com tamanha força que o obrigasse a soltar o objeto, e eu não poderia parar de tentar enquanto não conseguisse isso, mesmo que me levasse à exaustão.
Fechei os olhos e inspirei uma profunda lufada de ar. Meu coração batia com força e o suor escorria pelo meu pescoço, colando meus cabelos da nuca na pele.
Imaginei a suposta cena.
Ninguém era piedoso na máfia, não existia um cenário bonito em um possível ataque. Na melhor das hipóteses, eu seria morta;na pior, estuprada e torturada. E era isso que Marco queria que eu visse. Se fosse pega e não tivesse ninguém para me defender, como eu deveria proceder? Aceitar o meu destino ou lutar até o fim? Lutaria porque fui treinada para isso, fui ensinada a matar sem piedade, assim como a torturar, caso fosse preciso. Não fui criada como uma princesa, fui criada como um soldado.
Abri os olhos e me impulsionei para a frente, acertando o saco de pancadas em cheio com o meu pé e tornozelo. A pancada foi tão forte que Marco largou o saco, deixando-o balançar no ar. Minha perna latejava, mas o meu rosto se curvava em um sorriso de satisfação.